quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Estreou no Rio em 1931...


... há 80 anos,   o filme Coisas Nossas, primeiro musical longa-metragem brasileiro, e também o primeiro sucesso do cinema falado brasileiro, dirigido pelo norte-americano Wallace Downey. O técnico de som do filme foi Moacyr Fenelon, que alguns anos mais tarde fundou a Atlântida, responsável pelo sucesso da comédia musical, que ficou conhecida como chanchada.


cartaz do filme




O filme apostou na popularidade de Paraguassu, Batista Júnior, Jararaca e Ratinho, e outros astros e estrelas do rádio na época. Noel  Rosa se inspirou neste filme para compor a canção “São coisas nossas”.





Abaixo a letra.


Queria ser pandeiro
Pra sentir o dia inteiro
A tua mão na minha pele a batucar
Saudade do violão e da palhoça
Coisa nossa, coisa nossa
O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!
Malandro que não bebe,
Que não come,
Que não abandona o samba
Pois o samba mata a fome,
Morena bem bonita lá da roça,
Coisa nossa, coisa nossa
O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!
Baleiro, jornaleiro
Motorneiro, condutor e passageiro,
Prestamista e o vigarista
E o bonde que parece uma carroça,
Coisa nossa, muito nossa
O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!
Menina que namora
Na esquina e no portão
Rapaz casado com dez filhos, sem tostão,
Se o pai descobre o truque dá uma coça
Coisa nossa, muito nossa
O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!






domingo, 27 de novembro de 2011

O Rio de Cary Grant e Ingrid Bergman em1946



Cenas do Rio de Janeiro, em 1946, na obra de Alfred Hitchcock.
O filme é NOTORIOUS, com Cary Grant e Ingrid Bergman, e lá  estão Copacabana, Glória, Cinelândia, etc.

Neste filme aconteceu um famoso beijo da história do Cinema, tendo a praia de Copacabana, como pano de fundo.






sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O NATAL chega ao Rio neste sábado

Com a tradicional inauguração da Árvore da Lagoa, o clima de Natal vem chegando.






Esse ano vai ser diferente, a festa de inauguração muda de lugar. Vai para o Estádio de Remo.

Pra quem não puder estar ao vivo, clica no endereço abaixo, às 20 horas, e veja no seu computador em 360°.

Vai valer a pena!

http://www.arvorenatalbradescoseguros.com.br/


E  pra quem perdeu a festa, , nesse mesmo site, vale ver as fotos da inauguração!




domingo, 20 de novembro de 2011

MARIO LAGO, 100 anos

Nascido no bairro da Lapa, no Centro do Rio,à  Rua do Resende, nº 150, Mario Lago completaria 100 anos no próximo dia 26 de novembro.

Da Lapa disse certa vez

"A Lapa foi o chão de todos os meus passos. Na busca de caminhos e no encontro de atalhos que descaminham, na primeira ânsia e no último nojo, no último desencanto e na primeira afirmação. "

Ator, compositor, radialista, escritor, poeta, autor teatral, militante sindical e político, Mário Lago foi muitos. E muitas deverão ser as homenagens a esse carioca que dizia que a sua cidade é que era importante, não ele. Era viciado no Rio.

"O Rio é vício realmente, você é dependente dele.. É a beleza... As montanhas do Rio têm contorno de mulher, uma mulher deitada. O Rio de Janeiro é um orgasmo."

E a ela, à cidade do Rio de Janeiro, fez  Meu Rio, Meu Vício sua única parceria com Braguinha, música que, aliás, nunca foi gravada e será lançada somente esse ano.


É meu estado de alma permanente,
Meu vício, meu amor mais verdadeiro.
Por onde quer que eu ande
Sempre está presente
Rio de Janeiro.

Andei por outras terras, outros mares,
Vi o céu de outros lugares por aí.
Mas nada como o Rio de Janeiro,
É meu santo padroeiro...

Meu feitiço fico aqui. 




Quando completou 80 anos, em 1991, concedeu a entrevista abaixo.





Em 1948, Mário Lago escreveu seu primeiro livro " O povo escreve suas histórias na parede".

O projeto Mario Lago 100 anos disponibiliza esse livro. Clique no título e curta!





sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Show histórico de Bossa Nova na Escola Naval



Em novembro de 1959, no dia 13, aconteceu um dos shows históricos da Bossa Nova: o Show da Escola Naval, que foi gravado ao vivo.

 Produzido por Ronaldo Boscoli na Escola Naval do Rio de Janeiro, teve as presenças de Alaide Costa, Carlos Lyra, Chico Feitosa, Irmãos Castro Neves (Oscar, Mário & OIC), Lúcio Alves, Luiz Eça, Roberto Menescal e Sylvinha Telles.

A Escola Naval, uma instalação militar no Rio de Janeiro,  local  de 600 lugares sem costume de realizar shows, teve uma audiência  de quase 1000 pessoas, misturando militares e fãs. O que foi um super sucesso.

Abaixo, Carlos Lyra cantando Maria Ninguém , no Show da Escola Naval.






Na realidade esse show teve o maior problema. Ele seria realizado na PUC, mas pela participação de Norma Bengell (musa erótica dos jovens da época, devido a umas fotos nas capas de Lps da Odeon) o padre responsável não aceitou.


A gravação - rara -  durou aproximadamente 65 minutos. As faixas incluem:

01 - Nao Faz Assim - Luiz Eca & Irmãos Castro Neves
02 - Dialogo - Ronaldo Boscoli
03 - Minha Saudade - Luiz Eca & Irmãos Castro Neves
04 - Dialogo - Ronaldo Boscoli
05 - A Felicidade - Luiz Eca & Irmãos Castro Neves
06 - Dialogo - Ronaldo Boscoli & Lucio Alves
07 - Agora e Cinza - Lucio Alves
08 - Dialogo - Ronaldo Boscoli & Lucio Alves
09 - Por Causa de Voce - Lucio Alves
10 - Dialogo - Ronaldo Boscoli
11 - Dizem Por Ai - Lucio Alves
12 - Dialogo - Ronaldo Boscoli & Sylvinha Telles
13 - Discussao - Sylvinha Telles
14 - Dialogo - Sylvinha Telles
15 - Comecou Assim - Sylvinha Telles
16 - Sente - Sylvinha Telles
17 - Dialogo - Ronaldo Boscoli & Sylvinha Telles
18 - Oba-La-La - Sylvinha Telles
19 - Dialogo - Ronaldo Boscoli, Sylvinha Telles & Carlos Lyra
20 - Barquinho de Papel - Carlos Lyra
21 - Dialogo - Ronaldo Boscoli
22 - Maria Ninguem - Carlos Lyra
23 - Dialogo - Ronaldo Boscoli
24 - Lobo Bobo Carlos Lyra



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A coragem de rejeitar



É numa casa simples, de dois quartos, no subúrbio, que mora um dos PMs do grupo que recusou a propina de R$ 1 milhão oferecida em troca da liberdade do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha. Dinheiro que o cabo André Souza, de 39 anos, do Batalhão de Choque, só conseguiria juntar se trabalhasse 44 anos seguidos, sem gastar um centavo do salário — estimado em cerca de R$ 1.900 mensais. E que daria para comprar a casa própria que ele tanto sonha. 



Mas a proposta ‘indecente’ não corrompeu o juramento que o policial fez ao vestir pela primeira vez a farda, há 9 anos. “Me deu muita raiva. Estavam nos comparando aos policiais que foram presos horas antes, dando cobertura na fuga de traficantes. Mas ofereceram dinheiro aos caras errados, não é isso que vai pagar a nossa dignidade”, desabafou o cabo, que não tem carro e vai trabalhar de carona ou trem. 
Da mesma corporação em que os ‘arregos’ são um problema a ser enfrentado, Souza difere por um pensamento em que a lógica é simples: “Penso no que é correto. A gente é tão mal visto pela sociedade por culpa de uns poucos, que não vou compactuar com isso”. 
Órfão de mãe desde os 6 anos, Souza falava ainda criança que seria PM. Sonho que começou a se tornar realidade na portaria de prédio da Zona Sul, onde o então porteiro dividia as horas de trabalho com os estudos para o concurso. Ele tem um filho de 15 anos. 
Acostumado com o pouco ‘glamour’ da profissão, Souza só entendeu a dimensão de prender o traficante mais importante do Rio ao chegar no quartel, na manhã desta sexta-feira. Recebido aos gritos de ‘parabéns’ e pela euforia da equipe, o militar diz que a maior recompensa é o reconhecimento da família e dos amigos. “Minha mulher ligou e disse que tem orgulho de mim, que sou o herói dela. Isso vale muito mais que R$ 1 milhão”.
O cabo André Souza esta semana também tentou salvar a vida do cinegrafista Gelson Domingos, assassinado em Antares, carregando-o nos braços.
 (ODia online)




Vale refletir. 

Muitos analistas, cabeças pensantes da hora – e fora da hora também - costumam justificar a pobreza, a falta de coisas em casa, as condições de vida, para o o ingresso no tráfico. Pelas fotos acima ,da residência do soldado, vê-se que nada disso empurra alguém para o crime.

Aliás, quantos, mesmo tendo condições e não falta, mas sobra de coisas em casa, teriam a coragem de rejeitar um milhão de reais? Vários casos nos dias de hoje nos provam, infelizmente, que muitos.

Muito bom conhecer o cabo André Souza. 

Bom, igualmente, ver que o cabo veste a camisa do meu Flamengo!


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Em tempos de 15 de novembro...

Após a Proclamação da República no Brasil, descobriu-se mais, de um carioca muito especial, que foi D. Pedro II.



Quatro dias após o 15 de novembro, a legislação brasileira recebia o seguinte decreto:


"Considerando que o senhor D. Pedro II pensionava, de seu bolso, a necessitados e enfermos, viúvas e órfãos, para muitos dos quais esse subsídio se tornava o único meio de subsistência e educação;
Considerando que seria crueldade envolver na queda da monarquia o infortúnio de tantos desvalidos;
Considerando a inconveniência de amargurar com esses sofrimentos imerecidos a fundação da República;
Resolve o Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil:
 
Artigo 1° - Os necessitados, enfermos, viúvas e órfãos, pensionados pelo Imperador deposto continuarão a perceber o mesmo subsídio, enquanto durar a respeito de cada um a indigência, a moléstia, a viuvez ou a menoridade em que hoje se acharem. 
Artigo 2° - Para cumprimento dessa disposição se organizará, segundo a escrituração da ex-mordomia da casa imperial, uma lista discriminada quanto à situação de cada indivíduo ou à quota que lhe couber. 
Artigo 3° - Revogam-se as disposições em contrário. 
Sala das sessões do Governo Provisório, em 19 de novembro de 1889  - Manuel Deodoro da Fonseca - Aristides da Silveira Lobo - Rui Barbosa - Manuel Ferraz de Campos Sales - Quintino Bocaiúva - Benjamim Constant Botelho de Magalhães - Eduardo Wandenkolk".
( publicada na "Revista da Semana", do Rio de Janeiro, número especial, de 28 de novembro de 1925)

Pois é... D. Pedro II pensionava, de seu bolso, a necessitados e enfermos, viúvas e órfãos, para muitos dos quais esse subsídio se tornava o único meio de subsistência e educação.
Uma pergunta que fica é se o decreto foi cumprido e por quanto tempo.
Nenhum documento esclarece o fato.
Aliás, D. Pedro II  morreu pobre. Nobre de berço e alma,  recusou a ajuda que o governo da república lhe ofereceu, mesmo não tendo nem sequer conta na Suíça, mas desejou boa sorte ao governo do país que, apesar de tudo, ele denominava “meu país". 
Antes de morrer, disse

“Que Deus faça feliz o meu Brasil".
Em tempos de falsos heróis, aproveitadores travestidos de verde e amarelo, nacionalistas de discurso, D Pedro II um grande brasileiro esquecido e mal estudado nos bancos escolares.  O político mais progressista que tivemos em 511 anos de história.

UM GRANDE BRASILEIRO! 
UM GRANDE CARIOCA!



sábado, 5 de novembro de 2011

Cruz e Souza no Rio de Janeiro



Nesse mês, dos 150 anos de seu nascimento -  24 de novembro de 1861 - vale recordar o grande poeta.

Em dezembro de 1890 Cruz e Souza chega ao Rio de Janeiro, a cidade que escolheu para viver.

Numa primeira fase de sua permanência definitiva no Rio de Janeiro, Cruz e Sousa viveu, apenas, dos escassos proventos obtidos como empregado na imprensa.

Foram três anos, de dezembro de 1890 a dezembro de 1893,solteiro e residente no centro urbano.

Primeiro, arranjou emprego na publicação Cidade do Rio, o que veio a ser a subsistência do poeta no seu primeiro ano estabelecido na Capital da República. Também por um ano vive no mesmo quarto com Araújo Figueiredo, num sobrado à rua do Lavradio, n . 17. Mas a crise deste jornal resulta em atraso de pagamentos e posterior demissão. A Revista Ilustrada de abril de 1892 lamenta a retirada do negro de Cidade do Rio, 


"delicado poeta e finíssimo prosador... Extremado cuidador da forma, de uma sutileza extraordinária, muito elevado nas concepções, escrevendo para poucos o sentir, mas para todos admirá-lo, traçando sem esforço a frase que lhe sai sempre firme, nova e imaginativa".


Da Cidade do Rio passou Cruz e Sousa para o Novidades, que era todavia de pequena circulação e parcos recursos. Mais tarde ainda foi repórter da Folha Popular e noticiarista da Gazeta de Notícias. Viveu pobre e com dificuldade sempre conseguiu dar algum aprumo em seus trajes, nesta primeira época de residência no Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro Cruz e Sousa se integrou rapidamente no grupo dos Novos (ou da Escola Nova) que pouco depois seriam conhecidos por Simbolistas. De certo modo é um dos fundadores.
Na mesma proporção se distanciou dos conservadores, daqueles que fundaram a Academia Brasileira de Letras.

De uma carta de setembro de 1892 se sabe que já era noivo. O poeta conhecera a moça casualmente no então pobre bairro de Catumbi, onde fora visitar um amigo e a vira em frente ao portão do cemitério que ali havia. Fora escrava  de um juiz, humanitário e abolicionista, que dera à moça excelente educação,.

Gavita Rosa Gonçalves, como se chamava a noiva, foi uma lenta estabilização da vida do poeta no Rio de Janeiro.

Depois de consagrado com a publicação de dois livros marcantes do Simbolismo Brasileiro, casa-se com Gavita em 9 de novembro de 1893 e já em dezembro se estabelece como praticante na Estrada de Ferro Central do Brasil. Um ano depois, em dezembro de 1894, é promovido a arquivista, com provento de 250$000.

Residindo inicialmente no Centro afastou-se depois para o bairro do  Encantado. Na rua Teixeira Pinto, número 66, em que morou -  atualmente Rua Cruz e Sousa -  tinha  "...a casa... dois pequenos quartos, uma sala de visitas, um gabinete ao lado esquerdo, uma varanda com janela para um quintal e, ainda, uma cozinha, dentro da qual, pelas paredes lisas, as panelas tinham dependuradas, lampejamentos de sol de estio". 

O ano de 1896 foi o início de desgraçados acontecimentos em sua vida.

Gavita enlouquecera em março, ainda que passageiramente, por seis meses.A  pobreza, quatro filhos e a anemia profunda, que os afetaria. Os 4 filhos do casal morrem em vida do poeta, ou seja, até março de 1898, sendo que o último aos 17 anos, como aluno interno do Colégio D. Pedro II. Em 1901 falece Gavita, também de doença pulmonar.

A saúde pessoal de João da Cruz e Sousa pareceu normal até 1895, quando a tuberculose apareceu em dezembro de 1897. Amargamente, mas sem se queixar a ninguém, continuou seus trabalhos, como se fossem um epitáfio. A discrição, que poupava aos amigos de lhe ouvir os lamentos, se reflete todavia no que escreve. Em dezembro de 1897  o poeta adoeceu definitivamente, revelando-se uma tuberculose galopante.

Cruz e Sousa tentou um outro clima e foi a Minas Gerais, para recuperar a saúde, mas foi exatamente o clima de lá, que piorou seu estado.

Cruz e Souza chegou à gloria póstuma, quando sua obra só foi largamente reconhecida e publicada após sua morte.

Seu último soneto é lindo, pela lucidez e paz.

Sorriso Interior
O ser que é ser e que jamais vacila
Nas guerras imortais entra sem susto,
Leva consigo esse brasão augusto
Do grande amor, da nobre fé tranqüila.

Os abismos carnais da triste argila
Ele os vence sem ânsias e sem custo...
Fica sereno, num sorriso justo,
Enquanto tudo em derredor oscila.

Ondas interiores de grandeza
Dão-lhe essa glória em frente à Natureza,
Esse esplendor, todo esse largo eflúvio.

O ser que é ser tranforma tudo em flores...
E para ironizar as próprias dores
Canta por entre as águas do Dilúvio! 
O programa  De Lá pra Cá, da TV Brasil, fez um retrato muito interessante do poeta Cruz e Souza, que vale a pena (re)ver.