sábado, 31 de janeiro de 2015

50 anos da Banda de Ipanema

CarnavaL2015
SXC


HOJE TEM
BANDA DE IPANEMA!
50 anos!

Para marcar a data, uma camiseta especial foi confeccionada com o cenário da banda na estampa: a praia de Ipanema.

Banda de Ipanema faz camisa especial para comemorar 50 anos

 Além do cinquentenário, outras comemorações vão acontecer durante o desfile:
os 450 anos do Rio de Janeiro e os centenários de
Grande Otelo,
Aurora Miranda,
Orlando Silva,
Humberto Teixeira
e
Raul de Barros

A frase-lema esse ano reflete todas essas homenagens:

"Rio, logo existo".

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pequenos paraísos secretos do Rio



Imagine uma praia praticamente secreta, com uma espécie de piscina natural, a menos de 50km do Centro do Rio? Ou uma cachoeira emoldurada pela Mata Atlântica, em meio a movimentação intensa da grande Tijuca?

 No Rio, existem alguns pequenos paraísos secretos e pouco explorados pelos moradores da cidade, que podem ser uma boa opção de passeio para esse começo de ano. Conheça alguns deles:

Praia do Secreto - Recreio dos Bandeirantes

Praia do Secreto, no Recreio 
Quem passa pela Estrada do Pontal pode não imaginar que, a poucos metros dali, existe um pequeno pedaço de paraíso. Localizada entre a Praia da Macumba e a Prainha, no Recreio, Secreto é uma pequena piscina natural de difícil acesso que, como o nome sugere, é pouco conhecida até mesmo para os moradores da região. Para chegar até ela, é preciso andar pelas pedras a partir da Praia da Macumba ou subir pela estrada que liga Macumba e Prainha, e descer pela trilha de terra e pedra, que é bastante íngreme. O esforço recompensa, mas é preciso ficar atento às marés: as muito altas ou muito baixas fazem com que a piscina desapareça.

Parque Estadual do Grajaú - Grajaú


A cachoeira Mãe D’Água fica no Grajaú, dentro do Parque Estadual do Grajaú Fotos Hudson Pontes / Agência o Globo.
O Parque Estadual do Grajaú está localizado no bairro de mesmo nome e estende-se sobre a encosta nordeste da Serra dos Três Rios até os limites do Parque Nacional da Tijuca, seu vizinho mais famoso. É um ótimo passeio para quem gosta de aventura e escalada, e tem como marco a Pedra do Andaraí, com altitude de 444 metros. Dentro do parque também está localizada a cachoeira da Mãe D’Água, cujo acesso é feito através de uma caminhada de 20 minutos partindo do final da Rua Marianópolis.

Praia do Perigoso - Guaratiba




De perigosa, a praia só tem o nome. O paraíso da foto acima fica localizado em Guaratiba, na zona oeste do Rio, e é tranquilo e quase deserto, frequentado principalmente por surfistas. Quem se animar a conhecer a praia deve ir de carro ou ônibus até Barra de Guaratiba, e descer na estação Ilha de Guaratiba do BRT. De lá, é preciso subir a trilha pela Rua Parlon Siqueira, na Praia do Canto. São cerca de 1,5Km de caminhada na floresta, que demora mais ou menos 40 minutos. É importante levar tudo aquilo que quiser consumir, pois no local não há a circulação de ambulantes.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015


TOMARA QUE CHOVA,
sucesso de Emilinha Borba
lançada em 1950 para o carnaval de 1951,
pode se tornar... hit no próximo Carnaval.

65 anos depois (!),  a dupla Paquito e Romeu Gentil  está atualíssima  na crítica social enfocando a falta d'água, que era crônica e assolava o Rio de Janeiro em 1951 ( que ainda era Distrito Federal!!!) e, agora, bate à porta, novamente, pela incompetência e desleixo.

A letra, aliás, tem um verso que mais atual, impossível:
DE PROMESSA EU ANDO CHEIO.
Que tal?

TOMARA QUE CHOVA  foi lançada no filme Aviso aos Navegantes, um grande êxito nacional, onde Emilinha Borba aparece vestida com uma capa de chuva transparente, cantando a música e trazendo nas mãos um guarda-chuva aberto, acompanhada por um coral, cujos componentes também trazem guarda-chuvas, girando-os ao modo do frevo, numa alusão chanchadeira à clássica cena do filme Cantando na Chuva, protagonizado por Gene Kelly.
A música com Emilinha abocanhou o primeiro lugar no concurso da prefeitura do Distrito Federal, que então existia. 

Clique na imagem abaixo, veja e cante junto pra ficar up to date!





Tomara que chova
Três dias sem parar
Tomara que chova
Três dias sem parar
A minha grande mágoa
É lá em casa
Não ter água
Eu preciso me lavar
De promessa eu ando cheio
Quando eu conto a minha vida
Ninguém quer acreditar
Trabalho não me cansa
O que cansa é pensar
Que lá em casa não tem água
Nem pra cozinhar
Tomara que chova
Três dias sem parar
Tomara que chova
Três dias sem parar
A minha grande mágoa
É lá em casa
Não ter água
Eu preciso me lavar
De promessa eu ando cheio
Quando eu conto a minha vida
Ninguém quer acreditar
Trabalho não me cansa
O que cansa é pensar
Que lá em casa não tem água
Nem pra cozinhar

Em tempo:
Que tal substituir TRÊS dias por... CEM dias?

Estamos precisados!


domingo, 25 de janeiro de 2015

O Pé de Acácia


A amiga do blog Dinéa Silva não nos enviou
um texto, mas imagens, da sua linda acácia, lá da Ilha do Governador,
que são... pura poesia.
Daí, colocar o poema do Professor Hermógenes
que emoldura as imagens com perfeição!




"O Pé de Acácia
                   
Professor Hermógenes
Se eu fosse aquele pé de acácia,
ali na encosta,
exibindo o amarelo agressivo de minhas flores
contra o fundo verde da mata,
sentir-me-ia cheio de prazer
por oferecer abrigo aos ninhos e néctar às abelhas diligentes.
Gozaria, por certo, com o roçar macio do vento,
a tirar sons em meus ramos.
Nem me incomodaria mesmo de acolher algum parasito....
Se eu fosse aquele pé de acácia,
teria gosto de dar sombra ao casal de namorados
mas, sem dúvida, sofreria as dores impostas pelo machado
e ficaria triste com os moleques a matar meus passarinhos...
Mas eu responderia com a nobre impassibilidade de uma árvore.
Se eu fosse aquele pé de acácia,
imóvel, confiante, sereno,
majestosamente sereno,
saberia aceitar o que viesse,
sem lamentar,
sem reclamar,
sem me abater...
Mesmo que o temporal destruísse meus ninhos,
mesmo que as borboletas deixassem de vir ao amanhecer
e minhas folhas murchassem,
mesmo que o estio prolongado e forte viesse queimar-me
e as abelhas, sem encontar sustento, se fossem...
Embora passível de gozar e sofrer,
continuaria uma acácia majestosamente serena
e conservaria sempre a nobreza ereta de uma árvore.
Se eu fosse aquele pé de acácia
saberia aceitar como as coisas são;
não me rebelaria com o inevitável.
Saberia que,
até no mal cheiroso esterco,
energia inefável se manifesta...
e seria minha nutrição.
Acataria os golpes da poda,
a necessária dor para crescer.
Aceitaria os golpes do lenhador
que viesse fazer de mim algo útil.
Renunciaria a ser a pincelada amarela a embelezar a paisagem,
e me deixaria transformar em acha de lenha,
e meu mistério se libertaria em forma de luz e calor
ou viria a servir de esteio a um casebre
e meu mistério se faria abrigo.
Quando chegarei a ter a majestade
daquele pé de acácia
dando vida, beleza, abrigo, amenidade e lição?"

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Guanabara com G

20 de janeiro.
Hoje é dia de São Sebastião. Nosso padroeiro. 

Ao longo da última semana o RIO... que mora no mar vem publicando histórias cariocas que nos contam episódios ouvidos, vividos de vários amigos do blog.

Encerramos essa série com  um poema, de Gil Ferreira, que cala fundo a quem viveu  os tempos da Guanabara saudosa, querida, diferente, garbosa, orgulhosa e orgulho, mas que nos tiraram tão gratuita quanto desnecessariamente.

Como bem já disseram Aldir Blanc e Moacyr Luz ... Brasil, tira as flechas do peito do meu Padroeiro!
 

Leiam e se deliciem!
" Animei-me com a criação da Guanabara... talvez por ter ela “começado certo” – preferências políticas à parte, será difícil apontarmos outra administração comparável à de Carlos Lacerda. 

Mas 15 anos depois - o “début” de nosso Estado – nova tristeza, com a malfadada fusão com o antigo Estado do Rio de Janeiro. 

E por favor, nada contra os fluminenses, que também perderam, quando sua Niterói teve rebaixado o “status” de capital. 

 Queria apenas, como bom carioca, manter aquele lema do “cada um na sua”. 

 E deprimido com a gauchesca decisão de Geisel – o mesmo que mandou demolir o Monroe – veio-me a inspiração, em 1975, de redigir um arremedo de poema – “Guanabara com G” (afinal, meu nome é Gil)– que me pareceu oportuno tentar divulgar 40 anos depois, aproveitando a oportunidade oferecida pelo 450º aniversário da Cidade Maravilhosa (01/03/2015). 

Aí vai ele, pois, para os cariocas, de nascimento ou “adotados”, muitos dos quais sonhando ainda com uma pouquíssimo provável “desfusão”...

"Guanabara com G

Guanabara...Garotas gostosas, guitarras, gelo, gin...
Guanabara...Ginga, gíria, gafieira...Güenta, gaforinha !
Guanabara ganha gente: Gesse, Gal, Gilberto, Garoto, Gil..
Guanabara guia gêge: galinha, garrafa, guimba !
Guanabara gramado...geral...galera, Garrincha, gritos !
Guanabara...Garota gamada...gavião...galhada !
Guanabara gasta: Guandu, goteira, galochas, gasolina, gás !
Guanabara ? Governo garante...
Guanabara garrida, garbosa, gabola, grande, gigante ! Gazela graciosa...gaio gorjeante!
Guanabara gueto...Gentios...GATO ! GALO ! GUAAAAAARRRRDAAAA !!!
Guanabara...Grajaú, Gruta, Gaeta, Galeão, Gasômetro !
Guanabara gaiata, galhofeira...Ginete galopante ! Galãs...gaita...gafe !
Guanabara galáxia ! Gótica ! Gregoriana ! Gongórica ! Guilherme ! Gonçalves ! Gregório ! Gomes !
Guanabara guarani ! Guanabara gozação...gargalhada...
Guanabara Gambôa...Gavetas guardando grampos...
Garis...Galpões...Gangorras...Gamelas...Graxa...Gude...
Guanabara gananciosa...Ganga, gandaia, ganzê, ganzá !
Guanabara galeria...Garçon, garfo, garapa, gorjeta...
Guanabara ? Gargalhada ! Garoa – garganta, gargarejo...
Guanabara garra !
Guanabara...Garanhão golpista...Gaguejou, golpeou, garrucha gatilhou...
Guanabara gastrônoma gulosa: goiabada, graviola, geléia, gelatina,gemada, geladeira...
gastrite, gastrocolite, gastroconjuntivite !
Guanabara gata...gatuna...gaturama...
Guanabara gélida ! Glacial ! Gemente !
Guanabara, geratriz genérica !
Guanabara geniosa ! Gênesis ! Gérmen ! Gineceu !Genitora generosa ! Governanta grisalha ! Gueixa glamourosa !
Guanabara...Glória...Grei...Genuflexão...Galhetas...Graal...
Guanabara genuína ! Gostosa ! Goela gigantesca: gergelim, gengibre, glacê, gororob...
Guanabara guri...gibi, garatuja, garrancho...
Guanabara, girândola gesticulante: ginásio, ginástica, giz, gramática, geografia, geodésia, geometria !
Guanabara girassol, gladíolo, goivo, gardênia, glouxínia !
Guanabara gravura !
Guanabara global: gaúchos, galegos, goianos, gregos, germânicos... Gente !
Guanabara ? Glo – bo – ô ! Guanabara goza...glosa...graceja...
groselha, gargalo, gole, golfada, gosma...
Guanabara granjeia grana, gratificação...
Gurias gratuitas...Graves gerentes...Grinaldas...Gorda gravidez...
Guanabara greladora...Grilada...Guanabara gô-gô !
Guanabara ? Grumari...Guaratiba...Gávea...Gringos grogues...Grotesco gradiente...
Guanabara, Guará ! Guaraná ! Ginger ! Geneal !
Guanabara gare...Garagens...Guarda-freios, Guarda-trilhos, Guardamoria...
Guanabara gorda...Guizos, guinchos guturais...
Guanabara gambiarra: Glauce, Golias, Glauber, Guerra, Gracindo, Gláucio, Guto,
Gigi !
Guanabara Garrincha !
Guanabara, guapa guardiã guerreira ! Guaritas guarnecidas, general !
Guanabara grandiosa ! Guanabara genial ! Guanabara, grato !
Guanabara...GOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLL !!!!!!!!!!!!!!!!!!!   "

Gil Ferreira é autor de  oito livros, dentre  eles o PAIXÕES CARIOCAS, uma coletânea de trinta contos e crônicas, ambientados no Rio de Janeiro, entre as décadas de 1950 e 2000, por meio dos quais o autor revela sua paixão pela cidade em que nasceu e as paixões que nela já viveu, reviveu e ainda pretende viver.
 Livro disponível na AMAZONCLUBE DOS AUTORES, AGBOOK

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A Moça que andava sozinha em Botafogo

O Rio... que mora no mar
apresenta outra saborosa
crônica carioca.
Do amigo do blog,  Paulo Sallorenzo .


" Era década de 1950.
Poucos carros, ruas mal iluminadas e quase desertas, depois da meia noite.
A moça andava sozinha. Sempre.

Bem feita de corpo, elegante porém modesta. Caminhava tranquila, sem rumo, olhando para baixo. E não adiantavam cantadas, assobios ou chamadas. Ela seguia em frente. Sem rumo.Procurava os lugares mais escuros. Atravessava as ruas correndo.
Evitava a aproximação de pessoas.

As vezes parava, encostava a cabeça no muro. Parecia chorar.
Ficava parada até alguém chegar e perguntar se precisava de algo, se estava sentindo alguma coisa.
Daí saia correndo, sem emitir som algum.
Mas numa noite, dessas de luar intenso, um grupo de rapazes resolveu abordar a garota, quando ela passasse pela Rua Sorocaba, perto da Gen. Polidoro. Alí havia terrenos baldios, casas, nada de prédios, só o Mercado  das Flores na esquina e tudo muito mal iluminado. A não ser pela lua grandona.
Os rapazes moravam na Rua São João Batista. Era a turminha das madrugadas. Eles viam a garota passar sem dar a menor bola para eles. E quem sabe se depois de conversar um pouco, rolaria uma curra nos fundos de algum terreno vazio alí mesmo na Sorocaba?
Encontraram a garota na esquina da Rua Mena Barreto, ela caminhava no sentido da Rua Gen. Polidoro. Seguiram de perto, calmamente. Perguntaram se ela queria um cigarro.
Eram quatro rapazes. Dois foram mais a frente e cercaram a garota. Ela parou. Ficou imóvel. Um deles a puxou pelo braço e pode ver seu rosto. Rosto? Não. Ela não tinha rosto. Era descarnado. Olhos saltando como se fossem cair.
Os rapazes correram. Ela saiu caminhando mansamente em direção do muro do Cemitério. E o atravessou.
Essa estória corria solta, quando eu era criança.
Se aconteceu, não importa. Ficou na lembrança.
Virou historia."



Paulo Sallorenzo é fotógrafo, editor da Revista Ilustrada  e do site  Fotografar é preciso






domingo, 18 de janeiro de 2015

Mais uma crônica carioca...



Continuamos a publicar histórias cariocas de leitores do blog.

Aristóteles Alves Correa, amigo do blog, nos seus 86 anos tem sempre muitas - e ótimas! -  histórias curiosas para contar.
Essa é uma delas. Vale saborear!

" Foi assim
     Aristóteles Alves Correa
A antiga sede do Flamengo (o clube) se localizava na Praia do Flamengo, 66  e ao lado, no número 64, o Edifício Eden.  
Nos terrenos do fundo, existiam  umas 4 ou 5 casas de vila. Eu tinha 9 ou 10 anos de idade e morava em uma dessas casas.  Não sei como, travei amizade com o "seu"  Maciel, porteiro-chefe do Flamengo.  
Em consequência disso, enquanto morei ao lado, frequentei o clube sem nunca ser sócio.
Assistia,  em todas as quinta-feiras à noite, aos filmes da UFA ( produtora alemã).  Um deles me marcou, de nome "La Habanera",  me parece que tratava de uma epidemia na cidade.  Eu não perdia as lutas-livre,  torneios de esgrima etc.  Lembro-me da nadadora Piedade Coutinho e do jogador uruguaio Gonzalez.  Uma vez eu passava pela frente do Flamengo e perto de mim estava o goleiro Yustrich. Um garoto, mais ou menos da minha idade, chamou ele de frangueiro. E não é que o Yustrich saiu correndo atrás dele, tentando pegá-lo ?  
Voltando ao assunto.  Existia no clube um grupo denominado "Guarda-Rubro-negra" . Eles entoavam um hino próprio cujo pequeno trecho ainda me lembro: 
" Somos da Guarda Rubro-negra,
 cheios de esperança mil
 pertencemos ao Flamengo o clube mais querido do Brasil.
Uma vez Flamengo sempre, Flamengo até morrer."

 
Outra canção que não me lembro a que grupo pertencia:

"Piranha, Flamengo;
Flamengo sou de coração.
Quem fala mal do clube campeão
ou é de inveja, ou é de mágoa;
Flamengo sou de coração."
 
Interessante,  que mesmo decorridos mais de 70 anos, ainda me lembro dessas passagens.  
Foi assim que começou o meu amor pelo Mengão
Boas recordações."

 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Crônica carioca de todos os tempos...

Mais um texto de um amigo do blog.
 

O RIO...que mora no mar apresenta
uma saborosa crônica carioca de Gil Ferreira!



Segundo o autor, uma  "história “vivida” (?) nos anos 50 por um trio tijucano...
algo verossímil.. algo ficcional..."

***


"Retorno à Mulher – Gato

De GIL FERREIRA para Joaquim Ferreira dos Santos, em resposta à sua Crônica sobre a Mulher-Gato, publicada na página 6 do Segundo Caderno de O Globo, Segunda-feira de Carnaval, em 23/02/2009.
Meu caro Joaquim:
Ora (diria Bilac), ler suas crônicas segunda-feirinas, ainda mais no Carnaval! Pois fi-lo porque qui-lo, ainda que certo de ter perdido o senso, eis que, no tríduo momesco, os editores movem sua página Gente Boa, qual a Logo, do tradicional Segundo Caderno para o efêmero encarte desses dias de loucura – mas não a crônica hebdomadária: esta, achei-a na última página, onde sempre esteve. Surpresa – fala-nos da Mulher-Gato.

Influência, talvez, da proximidade do Oscar, que lhe evocou Batman? Não, não se referia o artigo à afamada inimiga (ou parceira?) do Homem-Morcego, eternizada por Michelle Pfeiffer, mas a uma anônima foliã do coreto do Largo do Bicão, supostamente nos anos 50.

Pois creia-me, Joaquim – eu a conheci. Sei sua identidade, que tenho preservado em sigilo por quase cinco décadas, mas, uma vez trazida a público sua memória em texto certamente lido à farta por Seca e Meca, parece-me imperioso revelá-la. Aos costumes, pois.

Corriam, de fato, os gloriosos anos 50, ao som de Elvis, Anka, Sedaka, Brenda Lee et caterva. Nós, moleques classe média – vamos nomear os bois: eu, Mato-Grosso e o Joca, em homenagem ao Adoniran, de calça Far-West e Keds, compúnhamos a turma de certa rua do entorno da Saeñz Peña. Dentre outras travessuras...
Matinês nos muitos cinemas dali, sundaes banana split no Palheta, paqueras de empregadinhas nos domingos depois da Missa das seis, queijo com banana no Bob’s e falsificações de carteirinhas de estudante para assistirmos a filmes proibidos a menores de 18 anos, ou para jogarmos sinuca no Éden. De fazer corar um frade de pedra, não?

Pois volta e meia passava por nós o Geraldinho. Mais velho, não baixava em nossa corriola. Conhecido como Teresópolis – alto, bonito e fresco. Sem dúvida, atlético, apolíneo. Andava com a turma dos halterofilistas e lutadores de jiu-jitsu da academia do Gracie, que faziam ponto no trecho da Conde de Bonfim que define a Praça, entre a esquina de General Roca – o velho posto Shell “com I.C.A.”, nunca soube o que era isso – e a Almirante Cóchrane, com a Granado e seu relógio de quatro faces.

No meio, a Major Ávila – de um lado o Carioca, do outro o América. Entremeando esses pontos, o Metro, a Confeitaria Tijuca, as Lojas Americanas, o “poeira” Tijuquinha, a Padaria Fidalga, a Perfumaria Carneiro... Pois ali imperavam os rapazes musculosos que nos punham para correr, se nos assanhássemos muito em seus domínios. Se manda, garoto !

Mas o Geraldinho... Sim, pederasta passivo, cochichava-se. Histórias corriam a seu respeito: parido por uma puta muito bem aprumada, de apenas quinze anos, que a nenhum de nós fora dado conhecer, mas que, dizia-se, era sustentada por um Deputado, cheio da grana, suposto pai do efebo, que dava boa vida ao filho bastardo e à concubina. Geraldinho freqüentava a Lapa e a Cinelândia, era bailarino num daqueles teatros de revista, usava um tênis especial onde amarrava a lâmina de uma navalha Solingen. Em brigas de rua, levantava a perna nas alturas e atingia o rosto do adversário com a lâmina – daí a frase “vou entrar de sola”. Tanto que a rapaziada da Saeñz Peña, que vivia dando cascudos em bichas que passassem por ali, não se metia com ele, pelo contrário, era um dos iniciados na gangue. Dizia-se que era protegido de Madame Satã e seu amante, um Fuzileiro Naval. 

Mas vez por outra dava uma meia-trava ao passar por nossa turma, quando jogávamos porrinha ou batíamos papo, à noite. Pedia fogo, acendia um Parliament importado – aquele cujo filtro tinha um furo onde se colocava a ponta da língua -, comprado no Palheta. Não puxava muito assunto, era monossilábico, usava umas gírias que não entendíamos, fazia-se misterioso, dava uma de malandro, vivido, esperto, bem informado, cara que sabia das coisas, muito superior a nós, pobres mortais. Um exibido, enfim.

Belo dia, perto do Carnaval, entrou no papo conosco. Meio ligadão, tinha tomado Pervitin ou Dexamil, ou dado uma prise de lança-perfume ou cheirinho da loló. Olhão vermelho de quem puxou fumo brabo, nós com medo de que ele escalasse um ali para traçá-lo, mas não, o cara tinha namorado certo. Queria só contar vantagem, dizer o que ia aprontar no Carnaval. Foi quando nos contou da Mulher-Gato, suposta parceira sua sei lá em que peça do Walter Pinto lá na Tiradentes. A mulher tinha o diabo no couro, linda de morrer, contorcionista, jogava capoeira, saía vestida de gata pulando pelos telhados, rádio-patrulha nenhuma conseguia alcançá-la, fazia e acontecia. E nós, como ele dizia rindo, estávamos mais por fora que umbigo de vedete. 

Aquilo mexeu com nossos brios, resolvemos tirar a limpo. Mulher-gato coisa nenhuma, tudo cascata de Geraldinho, sacou adoidado, ‘bora' conferir.

E se bem o dissemos, melhor fizemos. Sábado, meio-dia, lá vamos, eu, Mato-Grosso e o Joca, de bonde até a Galeria Cruzeiro. No primeiro camelô, compramos logo os lança-perfumes Colombina, de vidro, os sacos de filó com confete e pacotes de serpentinas, aqueles dos vinte rolos, embrulhados em papel fino de terceira categoria. Rodada de chopes no Bar da Brahma, para aquecer – bebendo escondidos, nos fundos, e molhando a mão do garçom, ninguém ali chegara aos dezoito - , e tome de andar pela Rio Branco atrás dos Blocos. Bola Preta saindo lá da Treze de Maio, e de repente...olha a Mulher-gato lá, amigão ! Pois não é que a distinta requebrava na rabeira do cordão ? Mas logo saiu correndo – felinamente – e nós atrás.

Que sufoco, seguir aquela peça, corria mais que o Zatopeck !

E assim foi a tarde inteira, ao longo da Avenida: do Bola para o Bafo da Onça, deste para os Caciques de Ramos. Aí entraram os frevos, e ela atrás, mesmo sem sombrinha: Lenhadores, Vassourinhas, Carvoeiros, Caiadores...e nós perseguindo !!!!!!!!!!

De repente, uma paradinha na Casa Simpatia, pediu uma Faixa Azul casco escuro, e enquanto bebia, cantarolava a Boca de Siri, do Wilson Batista e do Germano Coelho:

Eu saí de sarongue / Mas que calor, mas que calor, mas que calor / Cantei no bonde de São Januário, Alá...Alá-la-ô, Alá-ala-ô / Até dancei de índio / Auê-au-ê, Auê-au-ê, Auê-au-ê / Quem encontrar o meu moreno por aí / Faça-me o obséquio, boca de siri..

E desapareceu pela Rua do Ouvidor !
Mas voltamos à Rio Branco no domingo à noite, decididos a descobrir quem era a figura. Parados em frente ao nº 277 – o velho São Borja, do PTB de Getúlio, do Paisano com a melhor pizza da cidade, da Rádio Copacabana dos espíritas, do Senadinho lá nos últimos andares e do Dancing Avenida no subsolo – mas tudo fechado.
E lá vêm as Escolas – sambando ainda, nada de marchar como hoje. Quem abre é a Portela com sua águia... Mas quem fecha a azul e branco é a Mulher-gato! Caramba, ela não sossega!
E ficamos até o fim, vendo o Salgueiro, o Império, a Mangueira, a Unidos da Tijuca... Em todas, sem exceção, a bichana dá um jeito de se infiltrar, até sumir, já dia claro, encarapitada num carro alegórico quebrado da escola cerra-fila... E nós olhando...
Segunda, dia dos Ranchos, paramos agora na esquina da Rio Branco com a Presidente Wilson, em frente ao nº 377, o Brasília, com sua agência da B.O.A.C., bem junto do Obelisco. Lá vêm Ameno Resedá, Flor do Abacate, Rosa de Ouro, Dois de Ouro, Rosa Branca, Kananga do Japão. Mas a gata sumiu. Só agora, dez lustros depois, descubro que, na Segunda-feira, ela estava no coreto do Largo do Bicão...
Terça, é hoje só, amanhã não tem mais, mais uma vez corremos à Avenida, são as Sociedades. Os clarins soam fortes, tocando a Marcha Triunfal da Aída, de Verdi – são os Democráticos entrando em cena. E atrás do último carro...ei-la que ressurge na plenitude de sua exuberância física: a Mulher-gato, para nosso deleite ! E não se conforma em apenas abrir o desfile, aparece de novo nos Tenentes do Diabo, nos Fenianos, nos Pierrôs da Caverna...e sai correndo em direção ao Cine Odeon, toma um chope na Americana. Nós atrás, ela completa a melodia de sábado:
Quase que morri de insolação / Jogaram pó-de-mico / Mas não fiquei jururu / Continuei me exibindo / Me desmilingüindo no passo do canguru / O trem atrasou quando eu fui pra Meriti / Faz boca de siri ...
E logo foge pela Rua do Passeio, passa em frente à Mesbla sem olhar as vitrines, sai no Largo da Lapa, cruza os Arcos, envereda pela Mem de Sá. Não dá para segui-la, deve acabar no Capela, comendo uma cabritada, ou no Bar Brasil, cantando Liechtenstein Polka com os alemães, que celebram seu Dienstag Fett – a terça- feira gorda, o Mardi-gras!
Quarta-feira. Desânimo geral.
Sim, a Mulher-gato existe, como disse o Geraldinho. Mas quem será ? E aí nos lembramos do Chave-de-Ouro, no Engenho de Dentro ! Corre, turma ! Um lotação até a Central, daí embarcamos no parador. Lauro Muller/Praça da Bandeira, São Cristovão, Quinta, Maracanã, Mangueira, São Francisco Xavier, Rocha, Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Silva Freire, Méier, Todos os Santos...e enfim o Engenho de Dentro. Salta, moçada! Correndo pela Rua Goiás, cruzando a linha, fugindo pela Amaro Cavalcanti, a 24ª DP já começou a soltar os meganhas atrás do bloco das Cinzas. 
E chegamos esbaforidos à Praça Sargento Eudóxio, já no Encantado, paramos para respirar... E o que vemos debaixo de um fícus frondoso? A Mulher-gato dormindo !!!!!!!! De certo queria sair no Chave-de-Ouro, veio para cá, apagou.
Chegamos perto, apreciando aquele belo exemplar da raça, ressonando tranqüila, os seios firmes subindo e descendo dentro da fantasia preta de cetim, a ponta do rabo da gata segura na mão esquerda...um pé calçado, outro não, a sandália solta ao lado... E a máscara. Ah, a máscara ! De gata, mesmo, com bigodes de piaçava, lantejoulas e paetês...Ousado, ameaço tirá-la. Os amigos seguram minha mão, hesitam – “Calma aí...” – mas é tarde. Puxo a peça, e só tenho tempo de ouvir o Joca gritando: “Geraldinho !!!”
Aí o pau canta. Um tapa no pé do ouvido me joga longe, Mato-Grosso leva uma rasteira e cai de quatro, Joca toma um pontapé na bunda. Aturdidos com tanta porrada, saímos correndo até o Engenho de Dentro de novo – sorte, o direto está parado, vai voltar para a Central, compramos os bilhetes e nos jogamos lá dentro, ainda a tempo de ouvirmos a gritaria do pessoal do Chave-de-Ouro e as sirenes dos rapas atrás deles.
Passado o susto, confabulamos, em meio ao sacolejo do trem ligeiro. Mato-Grosso, o único quatro-olhos da turma, não viu nada direito, está zonzo. Joca, na hora em que o pau comeu, tinha acabado de tirar água do joelho atrás de outra árvore, viu o Geraldinho, deu o alerta, pegou as sobras.
E assim ficamos sabendo que a Mulher-gato era a Marli Felicidade, mulher da vida manjadíssima em nossa rua, discreta o ano inteiro, mas soltando a franga durante o reinado de Momo !!! Quem diria !!! A Marli !!!!

Pois é, Joaquim. Você jurava que a Mulher-gato era o próprio Geraldinho, né?
Xongas. Ele apenas estava lá para recolhê-la. Era a mãe dele.

Boa quaresma para você.

Gil "

Gil Ferreira, carioca, nascido no Méier em 06/09/1946, virginiano, tijucano desde 1954, Flamenguista irrecuperável, Salgueirense, casado (com uma sul-matogrossense), pai de uma advogada (também sul-matogrossense), músico amador desde 1956 (acordeon, piano, violão, órgão, canto), oficial de Marinha reformado (Escola Naval, 1967), Analista de Sistemas (Datamec, 1975), Administrador (Estácio, 1996), hoje Gerente de RH numa empresa privada, com oito livros publicados na Internet.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Tradicional Confraria do Garoto faz " descarrego" em frente à sede da Petrobrás, no Centro do Rio




Muita gente não sabe dimensionar a série de escândalos que assola a Petrobras.
A Confraria do Garoto tem sua medida. 

 Hoje, primeiro dia 13 do ano, eles fizeram uma sessão de descarrego na sede da estatal, na Avenida Chile, usando vassouras de arruda. A última — e única — vez que o folclórico grupo com 40 anos de tradição usou de tal artimanha foi em 1991, quando lavaram a emblemática Casa da Dinda, em Brasília.

A coisa é brava, tivemos que usar vassoura de arruda e lavanda importada, a nacional não dava conta — explica Nelson Couto, o “Xerife”, líder da confraria. 
Quando usamos a vassoura de arruda na entrada da Dinda o resultado foi bom. O Nandinho (como Xerife nomeia o ex-presidente Fernando Collor) nem pôde correr naquele dia.

Xerife conta que a manifestação não era partidária: o grande objetivo é lavar a empresa, tirar a estatal desta má fase com pétalas de rosa, água de cheiro e muita arruda, marca registrada do grupo. Ele espera que a limpeza melhore o astral da empresa, faça a cotação do petróleo subir, a ação da empresa se valorizar e leve embora os corruptos. Segundo ele, o petróleo é nosso e a Petrobras também.


Mas a investida na Petrobras não foi das melhores. A estatal fechou as grades de sua sede e o grupo não conseguiu lavar as escandarias. Xerife conta que, na véspera, durante uma manifestação do Sindipetro, as grades estavam abertas. Sem acesso à cobiçada escada, a solução foi varrer a entrada da estatal e distribuir galhos de arruda aos funcionários que entravam na companhia. A população acompanhava e aplaudia: “Não adianta só varrer não, tem que lavar e pra lavar bem lavado tem que ser com lava-jato”, disse um entregador que passava pela Avenida Chile, escancarando o trocadilho com a operação da Polícia Federal que apura os desmandos na empresa.

Fomos barrados na Petrobras ( QUE VERGONHA PETROBRÁS!), não lavamos as escadarias, mas não tem problema: as pessoas estão levando a arruda lá pra dentro, estão levando o cheiro da lavanda em seus sapatos, isso vai funcionar que nem remédio contra barata, um leva e depois as outras vão embora, esperamos que consigamos “descorruptar” tudo. Muitos funcionários da empresa pegaram a arruda, mas quem não pega fica de cara amarrada, devem ser os que fazem as coisas erradas — disse Xerife, com seu bom humor habitual.
 Dá-lhe amigo Nelson Couto!
Como sempre a Confraria do Garoto no mais fino humor carioca!
Reprodução O GLOBO Online/Fotos: Domingos Peixoto / Agência O Globo


'Casa das Águas', no Rio

Em comemoração aos 450 anos do Rio, um edifício centenário na região da Cruz Vermelha, no Centro do Rio, está sendo restaurado para abrigar o futuro Centro Cultural Casa das Águas.

Detalhe da fechada da Casa das Águas após restauração (Foto: Káthia Mello / G1)

O imóvel, onde já funcionou a sede da antiga Inspeção Geral de Obras Públicas da Capital, entre outros órgãos públicos da União, será o primeiro espaço dedicado a falar, exclusivamente, sobre a água no Brasil.

Água será a grande estrela do espaço. Será possível acompanhar seu ciclo, seus estados e seus usos no Brasil e no mundo, através do tempo. Elementos cenográficos vão representar a história de como a água chega a nossas casas, como ela está distribuída em nosso planeta e quais são os problemas enfrentados pelo homem para que consiga preservar este bem.

O prédio, construído no final do século 19, na Rua Mata Cavalo, hoje Riachuelo, foi adquirido em 1901 pelo Governo da República, por meio do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas para servir de sede à Inspeção Geral de Obras Públicas da Capital Federal. Anos depois, em 1930, o órgão e o imóvel passaram a pertencer ao Ministério da Educação e Saúde Pública.

Mais tarde, plantas de 1966 a 1968 mostram que o edifício foi cadastrado como Companhia Estadual de águas da Guanabara (Cedag), atual Cedae.

Já em 1992, o prédio passou a integrar o Corredor Cultural da Lapa, com o decreto municipal que determinou o tombamento ou preservação das edificações da região da Cruz Vermelha e adjacências.

Três anos depois, o Arquivo Público do Estado foi transferido do prédio do Tribunal de Contas (TCE) para a Rua do Riachuelo. Porém, devido à falta de manutenção no local, o acervo foi retirado. Finalmente, em 2011, começou a restauração.

No site do centro cultural, o público poderá ter informações sobre visitas guiadas e programas educativos.

domingo, 11 de janeiro de 2015

A partir de hoje, nessa semana do nosso Padroeiro,
vou compartilhar também
com vocês algumas histórias da nossa cidade 
pelo olhar de amigos do blog, amigos da cidade do Rio, 
que nos dão, nos dias de hoje, relatos cariocas de fatos e sentimentos 
ligados à cidade do Rio 
e nos fazem ver, conhecer, compreender e saborear o ontem 
e do porque essa cidade é
a Cidade Maravilhosa.

"BOSSA NOVA, finalmente, apagará velinhas
no DIA DE SEU ANIVERSÁRIO  


Carlos Alberto Afonso, em 6 de janeiro de 2015

www.facebook.com/carlosalbertoafonsotoca
 


Um dos rascunhos que nossa geração precisava passar a limpo diz respeito, exatamente, a sua última formulação cultural (até o momento), que se deu no âmbito da linguagem musical e atende pelo convencionado nome de BOSSA NOVA. Aliás, eu jamais vi, seu idealizador utilizar-se da expressão BOSSA NOVA.

"Eu sou Músico de Samba !" tem sido minha experiência máxima como revelação de JOÃO GILBERTO, talvez, até, por medida corretiva da habitual denominação deste comportamento musical formulado com o objetivo de ser alternativa execucional do SAMBA.

Quem sabe os cuidados sempre cirúrgicos embutidos na discrição de JOÃO GILBERTO prevenissem a sempre indesejada intervenção do mercado ? Mas o fato é que, como adverte TOM JOBIM - o TOM NOSSO DE CADA DIA - entre charmosas gaguejadas em depoimento (não me lembro se ao Roda Viva com Maria Luiza Kfouri) " Quem inventou esse esse negócio de de BOSSA NOVA foi o JOÃO GILBERTO "

 Uma canção parecida prédestinada aos pioneirismos da BOSSA NOVA : Chega de Saudade.
Poderia até ser qualquer outra, visto que BOSSA NOVA não é uma propriedade das canções, mas o comportamento musical em suas execuções, como nos ensinou (fazendo, sem discurso) seu Arquiteto nº 1, gravando ARY BARROSO e NOEL ROSA, além de canções estrangeiras previamente escorregadas para o samba ou samba canção, lembrando-nos que, para a BOSSA NOVA não importa 'onde' ou 'quando' nasceu a canção, pois, se, por um lado, é a canção quem materializa a música, BOSSA NOVA é sua forma de execução ( como o são o Choro e o Jazz).
Dolores Duran não pode atender ao convite para gravar o LP Canção do Amor Demais, reunindo parcerias de Tom e Vinicius e... lá está a Divina Elisete (Sérgio Cabral em sua biografia nos ensina esta grafia), cantando, entre outras, "Chega de Saudade", Samba Choro de canto convencional, voz acentuada e distante do padrão estético do samba bossa nova. Entretanto, um primeiro vagido da Bossa pintou naquela gravação e se repetiu em (sem trocadilho) OUTRA VEZ, no mesmo álbum.

É que o VIOLÃO desses dois registros era o mesmo e atendia pelo nome de JOÃO GILBERTO, que, ao invés da batida contínua convencional no acompanhamento do samba clássico, introduzia uma novidade : A PAUSA. E eis a contribuição de JOÃO no disco de Elisete : o primeiro vagido anunciando trabalhos de parto, que só viria a se consolidar alguns meses mais tarde, quando, aí, sim, o próprio JOÃO GILBERTO cantava, tocava e materializava o quadro estético durante anos por ele formulado, contando com a co-arquitetura de TOM JOBIM.

Este documento tem gravadora, tem número e tem data. 

E este DOCUMENTO FONOGRÁFICO marca factualmente o nascimento da BOSSA NOVA em exercício pleno de rebento formado. Dali para diante, engenheiros geniais como Carlos Lyra, João Donato, Roberto Menescal, Durval Ferreira, Oscar Castro Neves além de outros músicos - sempre músicos, forma de execução que é - construiriam a BOSSA NOVA segundo Projeto e os planos arquitetônicos de seu idealizador e seu co-formulador : JOÃO GILBERTO e TOM JOBIM.

Pois tenho o prazer de informar aos amigos que, no último dia 22 de dezembro, às 20h30, antes de comprar as castanhas, solicitei à Câmara de Vereadores de nossa amantíssima Cidade, o reconhecimento de 10 de julho como o histórico aniversário da BOSSA NOVA.

 A iniciativa só abrange a instância local e estimo que, a partir desta histórica e universal verdade, outros legislativos possam fazer o mesmo com vistas ao instrumento educacional da MONUMENTALIZAÇÃO, pois se as ESTÁTUAS SÃO AS DATAS NO ESPAÇO, AS DATAS SÃO AS ESTÁTUAS NO TEMPO.

Em 1993, para engajar o poder público nos âmbitos da Educação e da Cultura, conseguimos que o então Prefeito Cesar Maia insituísse o Ano Vinicius de Moraes na Cidade do Rio de Janeiro ; mais tarde, conseguimos que o novamente Prefeito do Rio Cesar Maia, com os mesmos objetivos institucionais, reconhecesse, por Decreto, 2008 ANO DA BOSSA NOVA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (era o cinquentenário da Linguagem) e, ainda em 2007, conseguimos do mesmo Prefeito o reconhecimento justo - apesar do natural sentimento local - da BOSSA NOVA PATRIMÔNIO CULTURAL CARIOCA.

Em 22 de dezembro último, batemos na porta do agora Vereador Cesar Maia, que, já conhecedor de nossa trajetória e de nossos cuidados, acolheu, imediatamente, nosso pleito e deu início ao seu exame.

Eis aí, portanto, um presente de porte histórico para o Rio 450, que, apesar de tão importante quanto o Rio 449 ou que o Rio 451, crescerá em importância mais lá adiante, na hora em que a história peneirar os acontecimentos e, muito naturalmente, selecionar as substâncias.

Aos 57 anos de idade, a BOSSA NOVA apagará velinhas, pela primeira vez, no próprio dia em que nasceu.

Viva o Rio de Janeiro, 
Viva a Bossa Nova, 
Viva Tom Jobim, 
Viva João Gilberto, 
todos os demais músicos 
e, também, compositores e letristas, 
que compuseram algumas das canções 
mais frequentemente executadas 
pela forma BOSSA NOVA 
 de executar o SAMBA."

Carlos Alberto Afonso é idealizador da Livraria de Música
Toca do Vinicius
fundada em 27 de setembro de 1993 -  e dos projetos culturais Museuzinho Bossa Nova Ipanema RIO e da Calçada da Fama de Ipanema, com sede na rua Vinicius de Moraes, 129 C, no bairro carioca de Ipanema.



FOTOS: 

Acervo Museuzinho BossaNova-Ipanema Rio - Reprodução
  78 rpm Chega de Saudade / BimBom ,de 10 de julho de 1958

Carlos Alberto Afonso com o
Master de Canção do Amor Demais, doação Ruy Castro

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Centenário de Alceu Penna

Alceu Penna foi um gênio, seu trabalho se estende por décadas e até hoje, mobiliza uma variedade de admiradores e artistas do ramo da moda, design gráfico e demais áreas.

Nesse ano de 2015 comemora-se seu centenário. Alceu Penna nasceu em janeiro de 1915.
O RIO QUE MORA NO MAR já fez um post nos seus 95 anos, em 2010. Mas queremos novamente comemorar o traço criativo que habitou as terras cariocas e as descreveu tão bem, através de suas garotas.

"As garotas do Alceu", do extinto "O Cruzeiro", representou o universo do Rio de Janeiro entre as décadas de 1930 e 1960.

Como estamos aqui no blog passeando pelo universo dos 400 anos do Rio de Janeiro, uma participação da criação de  Alceu Penna para o evento:
Em 1965, fez o figurino para o show-desfile musical "Rio 400 anos", promoção da Cia Brasileira Rhodiaceta, revistas Manchete, Jóia e Fatos e Fotos, direção e produção Ronaldo Boscoli e Mielli, que teve a execução dos figurinos de José Nunes.
Também Alceu muito desenhou e criou para o Carnaval  carioca, trajes e fantasias das mais simples às mais sofisticadas.
 

Nos anos 60, eu e amigas formamos um grupo de sarongues
copiados de um desenho do Alceu, no O CRUZEIRO.
Entrávamos no clube, para o baile, nos sentindo as próprias... garotas do Alceu.


* Se você tem um texto inspirado e que tenha uma rua, um bairro, gente carioca como cenário, manda pra cá, rioquemoranomar1@gmail.com .
Aí ele aparece por aqui na seção Crônicas Cariocas de Todos os Tempos e vamos contando a história desse RIO... que mora no mar ?


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Participe do RIO QUE MORA NO MAR!

Você que passeia por aqui, pelo blog, compartilhe conosco sua história carioca.

Nasceu? Mora? Ou veio passear pelo RIO?Então, inspirado na crônica de Augusto Frederico Schmidt, SOU DO RIO, o blog quer contar histórias da cidade do Rio de Janeiro.

Pegue o teclado e digite pro blog de onde você é,  uma história de seu bairro, de sua rua carioca, de um passeio, de uma curiosidade.

Ah!... Vale foto de lugar e uma bela legenda!

Mande para  rioquemoranomar1@gmail.com .
Aguardo!


sábado, 3 de janeiro de 2015

Mais uma crônica carioca de todos os tempos...

... agora, continuando o passeio por 1965,
o ano dos 400 anos do Rio de Janeiro. 


BELA CRÔNICA!



sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A marca do IV Centenário do Rio

Começamos o ano dos 450 anos
da Cidade do Rio de Janeiro
relembrando os 400 anos.

A marca do IV Centenário do Rio de Janeiro, em 1965,
foi trabalho escolhido entre 500 outros e espalhado pela cidade.




O Governador Carlos Lacerda recebe de Aloísio Magalhães o projeto

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Anúncios cariocas

O preço do táxi já, em 1925, era um absurdo.




Jornal "A Manhã",  de 7 de abril de 1925.