" Em boca fechada bem-te-vi não faz ninho
Campos de Melo passou todos os anos de sua vereança sem dar uma palavra.
Era o
boca-de-siri da câmara municipal de Cuité.
Até que, uma tarde, ergueu o busto, como
quem ia falar.
O presidente da Mesa, mais do que depressa, disse:
— Tem a palavra o nobre vereador.
Então, em meio do grande silêncio, o grande mudo falou.
— Peço licença para fechar a janela, pois estou constipado."
— Tem a palavra o nobre vereador.
Então, em meio do grande silêncio, o grande mudo falou.
— Peço licença para fechar a janela, pois estou constipado."
José Cândido de Carvalho (1914 - 1989)
José Cândido de Carvalho jornalista, contista e romancista, faria 100 anos.
Nasceu em Campos mas viveu boa parte de sua vida e exerceu suas atividades na cidade do Rio de Janeiro.Sua obra de ficcionista é das mais originais, graças à linguagem pitoresca e aos personagens, ora picarescos, ora populares extraídos do "povinho do Brasil".Admirador de Rachel de Queiroz e José Lins do Rego, começou a escrever, em 1936, o romance Olha para o céu, Frederico!, publicado em 1939.Somente 25 anos depois de ter publicado o primeiro romance, José Cândido publica, em 1964, pela Empresa Editora de "O Cruzeiro", o romance O coronel e o lobisomem, uma das obras-primas da ficção brasileira, lançado, em filme, em 2005.José Cândido de Carvalho assumiu a Cadeira n. 31, sucedendo a Cassiano Ricardo na Academia Brasileira de Letras,onde foi recebido em 10 de setembro de 1974.
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