Curiosidades Cariocas, Histórias do Rio de Janeiro,Rio Antigo, Turismo no Rio de Janeiro.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
FELIZ RIO
DEZEMBRO, NOEL ROSA, O POETA DA VILA, 100 ANOS
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Complexo do Alemão, o início de uma história
O Complexo do Alemão abrange os bairros da Penha, Olaria, Ramos, Bonsucesso e Inhaúma e possui 12 comunidades.
São elas: Morro da Baiana, Morro do Alemão, Alvorada, Matinha, Morro dos Mineiros, Nova Brasília, Pedra do Sapo, Palmeiras, Fazendinha, Grota, Vila Cruzeiro e Morro do Adeus
Desde o século XVII servia como divisor entre as importantes freguesias rurais de lnhaúma e Irajá, que mais tarde se converteram em freguesias urbanas e finalmente em bairros da cidade do Rio de Janeiro. Restam nela poucas áreas verdes e alguns pontos de nascentes de rios que são usados como fonte de água pela população. Uma pena que logo após a nascente, os rios já se tornem valões de esgoto. A Pedra da Penha e a Pedra Bicuda ainda resistem. A primeira por abrigar a Igreja da Penha, e a segunda por obra e graça da sociedade civil organizada.
Também, boa parte da serra foi destruída devido às pedreiras, muito comuns na segunda metade do século XX, hoje proibidas na região, considerada Área de Proteção Ambiental, embora subsistam algumas ilegamente.
A história do nome ALEMÃO remonta à década de 20 - do século XX - , no período após a 1ª Guerra Mundial, quando um imigrante de origem polonesa, Leonard Kaczmarkiewicz, chegou ao Rio de Janeiro e adquiriu terras na Serra da Misericórdia, que correspondia à região rural da Zona da Leopoldina. Até o final da década de 40, essa área tinha esta vocação rural.
Uma nobreza esquecida
Em meio a casebres na Favela da Fazendinha, em Inhaúma, no Complexo do Alemão, um casarão antigo se destaca. Segundo o historiador Milton Teixeira ele foi construído no início do século XX.
Típico chalé suburbano, provavelmente parte de uma chácara, hoje desmembrada, nela, morou a viscondessa de Embaré - Josefina Carvalhais Ferreira - viúva de Antônio Ferreira da Silva, o visconde de Embaré.
A casa é o último resquício do passado no Alemão, onde Josefina morreu na primeira década do século XX, com cerca de 80 anos. Mas ainda em vida, a viscondessa doou os bens da família, em Santos (onde o marido havia nascido) e no Rio, para caridade.
No casarão, no Alemão, funciona a Associação Mantenedora Casa Nossa Senhora de Piedade e permanece a maior parte do tempo fechado e por vezes abriga eventos comunitários, como festas juninas. No seu jardim maltratado, há uma imagem da santa que dá nome à associação.
Os moradores mais antigos sempre aprenderam que Carlota Joaquina, mulher de dom João, morou na casa. A informação até hoje não encontrou confirmação histórica. Quem sabe?
A ignorância sobre a história do local - mais uma vez culpa da falta de respeito e preservação da memória - faz com que os moradores da comunidade digam que o imóvel é mal-assombrado. Eles o chamam de asilo, porque já foi usado como abrigo para idosos.
A Vila Cruzeiro
A sua ocupação se deu, no final do século XIX, com escravos fugidos, que tinham a proteção do Padre Ricardo, que era republicano e abolicionista.
Ele os abrigava em sua casa, e depois passaram a ocupar o morro. Sendo assim, o lugar ficou conhecido como Quilombo da Penha.
A Penha, ainda com características rurais
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Esse fim de semana tem Feira da Providência...
... e é a de número 50, nesse ano de 2010.
O footing na orla da Lagoa, os importados tão inacessíveis e cobiçados que provocavam empurrões. Ah! o chocolate belga ... quanta fila... Tempos românticos, de quando se fechava a Lagoa por 3 dias. Nos dias atuais, nem pensar.
Saudades...
como sonhou D. Helder Câmara.
A última Feira da Providência, que se despediu da Zona Sul, foi em 1977.
Quem ia por lá todos os anos, sabe que era muito bom!
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
E por falar em casas...
sábado, 20 de novembro de 2010
As últimas casas do Leblon
A casa pertencia ao jornalista Ricardo Boechat ( na foto toda pichada) e o prédio, a ser construído, terá 25 metros de altura - o máximo permitido para a rua pelo Plano de Estruturação Urbana (PEU) do Leblon. Os apartamentos terão entre 195 e 321 metros quadrados e pelo menos duas vagas de garagem cada um.
FONTE: OGlobo Online
(*) Um adendo:não saiu por menos de R$ 5 milhões, pelos preços de mercado
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Comida carioca
Os pratos típicos cariocas, influência da colonização portuguesa estão sumindo dos nossos restaurantes. Infelizmente. O fast food, cardápios europeus e orientais são facilmente encontrados no Rio. No entanto, o gosto das nossas tradições lusas, das receitas dos nossos antepassados estão sumidos.
Nada contra kebabs, temakis, yaki, wok (sobas) , hots, shakes, burguers, e outras diversas opções. Mas perde-se a tradição dos sabores de 445 anos de história. Sabores nos dias de hoje muito escassos, principalmente pela morte de estabelecimentos centenários, como um Penafiel - e sua deliciosa gastronomia portuguesa - que não se sustentaram aos modismos.
Mas pra quem provou e ainda come... vai aí um ensopadinho de chuchu com camarão?
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Anos 70
Muito do traçado carioca foi alterado, como a duplicação da Avenida Atlântica, um novo acesso à Barra, o Túnel sob o Joá - veja no post - ; a ponte Rio-Niterói, o início das obras de construção do metrô, o aparecimento das passarelas, a invasão dos fuscas, o aparecimento dos shoppings, a ousadia nas praias com o surgimento da tanga.
Mas muitas idéias não sairam do sonho. Veja só a imagem abaixo.
sábado, 13 de novembro de 2010
Rio em 360º
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Tunel do Joá
Essa foto de 1970 mostra a construção do Tunel do Joá, e o elevado de acesso.
Essa opção de chegada à Barra da Tijuca e zona Oeste tão utilizada nos dias atuais foi grande novidade há 40 anos.
sábado, 6 de novembro de 2010
Samba Carioca
Esse gesto, à época, foi amplamente contestado pelo grupo que considerava a música uma reunião de vários estribilhos ouvidos, assim uma criação de caráter coletivo, nascida em reuniões de música, na casa de Tia Ciata.
O Brasil inteiro cantou esse meio maxixe, que estourou no carnaval de 1917 , que muita gente conhece e que virou um clássico da MPB.
Pelo telefone
tem uma roleta
Para se jogá...
que mais tarde apareceu uma outra versão para a letra,
(não tão saborosa quanto a primeira, que narra um episódio acontecido)
O chefe da folia
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
O abraço do Cristo
O lançamento de uma campanha resultou em um belo espetáculo, quando oito projetores envolveram a estátua do Cristo Redentor com imagens da cidade do Rio de Janeiro e de animações em 3D, culminando com um "grande abraço".
Música de Villa Lobos, Bachianas Brasileiras no. 7.
A campanha Carinho de Verdade teve a direção do cineasta Fernando Salis.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Raquel de Queiroz, atualíssima
- “Não sei se vocês têm meditado como devem no funcionamento do complexo maquinismo político que se chama govêrno democrático, ou govêrno do povo. Em política a gente se desabitua de tomar as palavras no seu sentido imediato. No entanto, talvez não exista, mais do que esta, expressão nenhuma nas línguas vivas que deva ser tomada no seu sentido mais literal: govêrno do povo. Porque, numa democracia, o ato de votar representa o ato de FAZER O GOVÊRNO.
Pelo voto não se serve a um amigo, não se combate um inimigo, não se presta ato de obediência a um chefe, não se satisfaz uma simpatia. Pelo voto a gente escolhe, de maneira definitiva e irrecorrível, o indivíduo ou grupo de indivíduos que nos vão governar pro determinado prazo de tempo.
Escolhem-se pelo voto aquêles que vão modificar as leis velhas e fazer leis novas - e quão profundamente nos interessa essa manufatura de leis! A lei nos pode dar e nos pode tirar tudo, até o ar que se respira e a luz que nos alumia, até os sete palmos de terra da derradeira moradia.
Escolhemos igualmente pelo voto aquêles que nos vão cobrar impostos e, pior ainda, aquêles que irão estipular a quantidade dêsses impostos. Vejam como é grave a escolha dêsses “cobradores”. Uma vez lá em cima podem nos arrastar à penúria, nos chupar a última gôta de sangue do corpo, nos arrancar o último vintém do bôlso.
E, por falar em dinheiro, pelo voto escolhem-se não só aquêles que vão receber, guardar e gerir a fazenda pública, mas também se escolhem aquêles que vão “fabricar” o dinheiro. Esta é uma das missões mais delicadas que os votantes confiam aos seus escolhidos. Pois se a função emissora cai em mãos desonestas, é o mesmo que ficar o país entregue a uma quadrilha de falsários. Êles desandam a emitir sem conta nem limite, o dinheiro se multiplica tanto que vira papel sujo, e o que ontem valia mil, hoje não vale mais zero.
Não preciso explicar muito êste capítulo, já que nós ainda nadamos em plena inflação e sabemos à custa da nossa fome o que é ter moedeiros falsos no poder. (E pensar que isto foi escrito ainda em 1947!)
Escolhem-se nas eleições aquêles que têm direito de demitir e nomear funcionários, e presidir a existência de todo o organismo burocrático.
E, circunstância mais grave e digna de todo o interêsse: dá-se aos representantes do povo que exercem o poder executivo o comando de tôdas as fôrças armadas: o exército, a marinha, a aviação, as polícias.
E assim, amigos, quando vocês forem levianamente levar um voto para o Sr. Fulaninho que lhes fêz um favor, ou para o Sr. Sicrano que tem tanta vontade de ser governador, coitadinho, ou para Beltrano que é tão amável, parou o automóvel, lhes deu uma carona e depois solicitou o seu sufrágio - lembrem-se de que não vão proporcionar a êsses sujeitos um simples emprêgo bem remunerado. Vâo lhes entregar um poder enorme e temeroso, vão fazê-los reis; vão lhes dar soldados para êles comandarem - e soldados são homens cuja principal virtude é a cega obediência às ordens dos chefes que lhe dá o povo. Votando, fazemos dos votados nossos representantes legítimos, passando-lhes procuração para agirem em nosso lugar, como se nós próprios fôssem. Entregamos a êsses homens tanques, metralhadoras, canhões, granadas, aviões, submarinos, navios de guerra - e a flor da nossa mocidade, a êles prêsa por um juramento de fidelidade. E tudo isso pode se virar contra nós e nos destruir, como o mostro Frankenstein se virou contra o seu amo e criador.
Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem escolhendo uma noiva. Porque, afinal, a mulher quando é ruim, dá-se uma surra, devolve-se ao pai, pede-se desquite. E o govêrno, quando é ruim, êle é que nos dá a surra, êle é que nos põe na rua, tira o último pedaço de pão da bôca dos nossos filhos e nos faz aprodecer na cadeia. E quando a gente não se conforma, nos intitula de revoltoso e dá cabo de nós a ferro e fogo.
E agora um conselho final, que pode parecer um mau conselho, mas no fundo é muito honesto. Meu amigo e leitor, se você estiver comprometido a votar com alguém, se sofrer pressão de algum poderoso para sufragar êste ou aquêle candidato, não se preocupe. Não se prenda infantilmente a uma promessa arrancada à sua pobreza, à sua dependência ou à sua timidez. Lembre-se de que o voto é secreto.
Se o obrigam a prometer, prometa. Se tem mêdo de dizer não, diga sim. O crime não é seu, mas de quem tenta violar a sua livre escolha. Se, do lado de fora da seção eleitoral, você depende e tem mêdo, não se esqueça de que DENTRO DA CABINE INDEVASSÁVEL VOCÊ É UM HOMEM LIVRE. Falte com a palavra dada à fôrça, e escute apenas a sua consciência. Palavras o vento leva, mas a consciência não muda nunca, acompanha a gente até o inferno”.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Nossa Senhora Aparecida
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
A ENCRENCA é carioca
Também usavam a expressão para espantar a polícia, que dava incertas nos bordéis.
Daí que se conclui que a ENCRENCA é... carioca.
Xilogravura - Lasar Segall
Di Cavalcanti foi outro frequentador que com suas geniais curvas e tintas registrou a Zona do Mangue: Mangue, de 1929, grafite e aquarela sobre papel.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Primeiro Grande Prêmio de Automobilismo no Rio...
Devido a seu sucesso nas provas, Teffé, na época com 28 anos de idade, convenceu o prefeito do então Distrito Federal, Pedro Ernesto, a realizar uma prova que tivesse caráter internacional. A ideia foi aceita, sendo então criada a Quinzena do Automobilismo, que consistia na realização de três provas: o Quilômetro Lançado, a Subida da Montanha e o I Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, no dia 8 de outubro de 1933.
O I Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira corrida automobilística brasileira de nível internacional, e a primeira a fazer parte do calendário da Association Internationale des Automobile Clubs Reconnus, precursora da Federação Internacional do Automóvel (FIA).
Em junho de 1961, Dana de Teffé desapareceu. Ela foi vista com vida pela última vez aos 48 anos, no dia 29 de junho de 1961, quando embarcou no carro de seu advogado e namorado, Leopoldo Heitor, em Copacabana.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
A linda restinga da Marambaia...
Recebi esta foto de Ricardo Zerrenner, inserida em um bonito pps sobre a Baía de Sepetiba. A restinga da Marambaia é um belo local preservado do Rio.
Aliás, a Marambaia foi fonte de inspiração e título da composição de Henricão ( Henrique Filipe da Costa) e Rubens Campos - uma das primeiras composições da dupla - gravada por Carmen Costa em 1942 .
Elis Regina no histórico show Saudade do Brasil, no Rio de Janeiro, no Canecão, em 1980, incluiu essa canção. Veja aqui.
lá na Marambaia
Tem uma trepadeira
Quando chega o verão
E minha morena
Quando chega a tarde
E lá na mata
Às seis horas da tarde
E a lua nasce
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
No Balanço de João Roberto Kelly
Vale conferir!
Pra dar água na boca, dois trechos.
sábado, 2 de outubro de 2010
Ainda em tempo de eleições
sábado, 25 de setembro de 2010
Saudades do cinema PAX
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Dia da Árvore
Hibiscus tileacius, seu nome científico, está presente em toda a cidade e, muito, ao longo da orla carioca, quando a queda de sua flores enfeitam e criam um belo tapete amarelo nos mosaicos das calçadas.
Flor localizada na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão - Foto UFRJ/ Reprodução
domingo, 19 de setembro de 2010
Elton Medeiros
Vale a pena ver e rever. Clique e curta!
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Saudades da Atlântida...sempre!
Abertura dos filmes da Atlântida, no cinema
Aos poucos a linha dos filmes da produtora foi se modificando e ficando mais leves, trazendo o humor inocente e a influência dos musicais da Broadway.
Dois pontos foram importantes na trajetória da Atlântida: o filme Tristezas Não Pagam Dívidas, de 1944, quando Oscarito e Grande Otelo atuaram juntos pela primeira vez e a estréia de Watson Macedo, em 1945, que se transformou num dos grandes diretores da companhia.
Cena do espelho em Os Dois Ladrões
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Flamengo com e sem aterro
domingo, 12 de setembro de 2010
DELICADEZA, SEMPRE!!!
"Sei que as pessoas estão pulando na jugular uma das outras.
Sei que viver está cada vez mais dificultoso.
Mas talvez por isso mesmo ou, talvez, devido a esse maio azulzinho, a esse outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema da delicadeza começou a se infiltrar, digamos, delicadamente nesta crônica, varando os tiroteios, os seqüestros, as palavras ásperas e os gestos grosseiros que ocorrem nas esquinas da televisão e do cinema com a vida.
Talvez devesse lançar um manifesto pela delicadeza. Drummond dizia: "Sejamos pornográficos, docemente pornográficos". Parece que aceitaram exageradamente seu convite, e a coisa acabou em "grosseiramente pornográficos". Por isso, é necessário reverter poeticamente a situação e com Vinícius de Morais ou Rubem Braga dizer em tom de elegia ipanemense:
Meus amigos, meus irmãos, sejamos delicados, urgentemente delicados.
Com a delicadeza de São Francisco, se pudermos.
Com a delicadeza rija de Gandhi, se quisermos.
Já a delicadeza guerrilheira de Guevara era, convenhamos, discutível. Mas mesmo ele, que andou fuzilando pessoas por aí, também andou dizendo: "Endurecer, sem jamais perder a ternura".
Essa é a contradição do ser humano. Vejam o nosso sedutor e exemplar Vinícius, que há 20 anos nos deixou, delicadamente.
Era um profissional da delicadeza. Naquela sua pungente "Elegia ao primeiro amigo" nos dizia:
Mato com delicadeza.
Faço chorar delicadamente.
E me deleito.
Inventei o carinho dos pés; minha alma
Áspera de menino de ilha pousa com delicadeza sobre um corpo de adúltera.
Na verdade, sou um homem de muitas mulheres, e com todas delicado e atento.
Se me entediam, abandono-as delicadamente, despreendendo-me delas com uma doçura de água.
Se as quero, sou delicadíssimo; tudo em mim
Desprende esse fluido que as envolve de maneira irremissível
Sou um meigo energúmeno. Até hoje só bati numa mulher
Mas com singular delicadeza. Não sou bom
Nem mau: sou delicado. Preciso ser delicado
Porque dentro de mim mora um ser feroz e fratricida
Como um lobo.
Esta aí: porque somos ferozes precisamos ser delicados. Os que não puderem ser puramente delicados, que o sejam ferozmente delicados.
Houve um tempo em que se era delicado. E Rimbaud, que aos 17 anos já tinha feito sua obra poética, é quem disse um dia: "Por delicadeza, eu perdi minha vida."
Intrigante isso.
Há pessoas que perdem lugar na fila, por delicadeza. Outras, até o emprego. Há as que perdem o amor por amorosa delicadeza. Sim, há casos de pessoas que até perderam a vida, por pura delicadeza. Não é certamente o caso de Rimbaud, que se meteu em crimes e contrabandos na África. O que ele perdeu foi a poesia. E isso é igualmente grave.
Confesso que buscando programas de televisão para escapar da opressão cotidiana, volta e meia acabo dando em filmes ingleses do século passado. Mais que as verdes paisagens, que o elegante guarda-roupa, fico ali é escutando palavras educadíssimas e gestos elegantemente nobres. Não é que entre as personagens não haja as pérfidas, as perversas. Mas os ingleses têm uma maneira tão suave, tão fina de serem cruéis, que parece um privilégio sofrer nas mãos deles.
Tudo é questão de estilo.
Aquele detestável Bukovski, sendo abominável, no entanto, num poema delicado dizia que gostava dos gatos, porque os gatos tinham estilo. É isso. É necessário, com certa presteza, recuperar o estilo felino da delicadeza.
A delicadeza não é só uma categoria ética. Alguém deveria lançar um manifesto apregoando que a delicadeza é uma categoria estética.
Ah, quem nos dera a delicadeza pueril de algumas árias de Mozart. A delicadeza luminosa dos quadros dos pintores flamengos, de um Vermeer, por exemplo. A delicadeza repousante das garrafas nas naturezas mortas de Morandi. Na verdade, carecemos da delicadeza dos adágios.
Vivemos numa época em que nos filmes americanos os amantes se amam violentamente, e em vez de sussurrarem "I love you" arremetem um virótico "Fuck you".
Sei que alguém vai dizer que com delicadeza não se tira um MST - com sua foice e fúria - dos prédios ocupados. Mas quem poderá negar que o poder tem sido igualmente indelicado com os pobres deste país há 500 anos?
Penso nos grandes delicados da história. Deveriam começar a fazer filmes, encenar peças sobre os memoráveis delicados. Vejam o Marechal Rondon. Militar e, no entanto, como se fora um místico oriental, cunhou aquela expressão que pautou seu contato com os índios brasileiros:
"Morrer se preciso for, matar nunca".
A historiadora Denise Bernuzzi de Sant'Anna anda fazendo entre nós o elogio da lentidão, denunciando a ferocidade da cultura da velocidade. É bom pensar nisso. Pela pressa de viver as pessoas estão esquecendo de viver. Estão todos apressadíssimos indo a lugar nenhum.
Curioso.
A delicadeza tem a ver com a lentidão. A violência tem a ver com a velocidade. E outro dia topei com um livro, A descoberta da lentidão, no qual Sten Nadolny faz a biografia do navegador John Franklin, que vivia pesquisando o Pólo Norte. Era lento em aprender as coisas na escola, mas quando aprendia algo o fazia com mais profundidade que os demais.
Sei que vão dizer: "A burocracia, o trânsito, os salários, a polícia, as injustiças, a corrupção e o governo não nos deixam ser delicados."
- E eu não sei?
Mas de novo vos digo: sejamos delicados.
E, se necessário for, cruelmente delicados. "
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER(*)
Imaginemos - quod Deos avertat - que somos surpreendidos um dia por uma irrupção inimiga.
Que faremos?
Do nada tudo até eliminá-la do solo sagrado. Por que pois a passividade ante as tremendas conseqüências da ignorância? Ou o Brasil a encara como uma calamidade nacional e lhe acode com o socorro imediato ou estará irremediavelmente batido na concorrência com as nações cultas. (...)"
Essas palavras são do Dr. Miguel Couto, primeiro ministro da Saúde do Brasil. Poliglota e ícone da medicina, que além de sanitarista tinha uma visão espiritual incomum.
O monumento a Miguel Couto foi idealizado e executado pelo escultor Heitor Usal. Mede quase sete metros desde a base, tendo a estátua de bronze, três metros e meio de altura. A base foi trabalhada em granito, trazido de Petrópolis.
domingo, 5 de setembro de 2010
Uma rua carioca de muitas histórias
Na realidade, o cano era uma vala, que durante a segunda metade do século XVIII, recebeu um revestimento de pedra e cal. A partir de 1790, foi coberta pelo Conde de Resende.
Uma curiosidade: esse governante mandou prender em 1794 um conhecido morador do local, o poeta Manuel da Silva Alvarenga, pois era considerado suspeito na caça às bruxas após a Inconfidência.
O Conde de Resende, D. José Luís de Castro, foi Vice-Rei entre 1790 e 1801. O acontecimento de maior notoriedade de seu governo foi a devassa e processo dos envolvidos na Inconfidência Mineira e consequente execução de Tiradentes.
A Rua do Cano era limitada pelo muro de uma capela construída entre o Convento do Carmo e a Capela Imperial - vendida, em 1635, pelos frades, a D. Maria Barreto, e posteriormente transferida à Irmandade do Senhor dos Passos - e em 1857 demolida para que a rua pudesse alcançar o Largo do Paço (hoje, Praça XV). Interessante é que, em seu lugar, ficou um passadiço com janelas, por dentro da qual passava a familia real para ir à Capela, sem necessitar pisar o chão do Largo, livres do assédio do povo, como o do Palácio para o Convento, desde os tempos da residência da Rainha D. Maria, a Louca.
Esse passadiço foi demolido no início da república.
A Rua Sete de Setembro, também, por um tempo, denominada ainda como Rua de Trás de São Francisco de Paula, pois a Igreja da Ordem Terceira do santo deste nome, fica de fundos para esta rua.
Em 1877 foi feita uma renumeração dos imóveis da cidade. A esse tempo a rua já era mista, comercial e residencial, com 100 prédios térreos e 94 sobrados.
Alargamento nos tempos de Pereira Passos - foto Augusto Malta
Cartão postal mostra a rua em 1908