quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

1° de março...Aniversário do Rio de Janeiro


REMEXENDO NO BAÚ
vale  o repeteco!



"Eu poderia falar hoje por aqui ...

...do Rio de várias maneiras. 
Mas resolvi falar através de versos que dele falam...

do Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara, 
de Copacabana, princesinha do mar... pelas manhãs tu és a vida a cantar;
do samba centenário, natural daqui do rio de janeiro e que todo prosa diz 
sou eu quem levo a alegria para milhões de corações brasileiros

Poderia lembrar 
 das belezas da orla carioca, 
do Leme até o Pontal, que não há nada igual 
nas palavras do síndico Tim Maia. 

Saudar com ... 
Aquele abraço!, 
bordão do comediante Lilico, em voga no final dos anos 60 
e tão bem recriado nos versos da canção do Gil.

Poderia falar 
do meu Rio da mulher beleza 
 e lembrar da carioca ...
olha o jeitinho dela andar ou 
 da moça do corpo dourado, do sol de Ipanema
falar como Os cariocas, que 
no Iate Clube é que começa a vida 
e por isso , nós e o mar, 
 nessa onda que cresceu, morreu aos seus pés...
e a vontade que não tenha fim, este sol desse Rio 40 graus,
da cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos,.

Poderia dizer 
de um bom lugar para encontrar...
prá passear à beira-mar: Copacabana. 
E dali, de um chopp gelado em Copacabana...
Andar pela praia até o Leblon;

que domingo, 
eu vou pro Maracanã e torcer pro time que sou fã. (MENGO!)

É sempre bom falar desse Rio que é mar, eterno se fazer amar...

Ei, quero-quero, Oi, tico-tico, Anum, pardal, chapim... dos seus jardins

Ah... 
veleiros que passeiam pelo mar, as pipas que vão bailando pelo ar... 
e no cenário de tão lindo matiz, o carioca segue... pela Praça Onze tão querida ... 
deste meu Rio boa praça , 
simbolizando nesta Praça , tantas praças que ele tem.

Oh! 
Vento do seu mar no meu rosto...
E o sol a brilhar, brilhar...Calçada cheia de gente...

Poderia cantar
Vamos, carioca, sai do teu sono devagar ,
lembrar que tempo feliz, ai que saudade, Ipanema era só felicidade...
a que ponto a cidade turvaria, neste Rio de amor que se perdeu. ( triste!)

Meu
Rio que mora no mar 
Sorrio pro meu Rio 
Que tem no seu mar ...

Rio de Janeiro,
como gosto de você!

És o altar dos nossos corações ...
que Deus te cubra de felicidade"




domingo, 24 de fevereiro de 2019

Carnaval chegando e o filme se repete...

REMEXENDO NO BAÚ...vale o repeteco.

Ontem como hoje!

Fazendo xixi na rua

É este o primeiro registro iconográfico de um mau hábito :
fazer xixi na rua, onde bem lhe aprouver.

Aquarela de Jean Baptiste Debret

Com efeito, não são poucos os viajantes que se referem à sujeira das ruas do Centro do Rio no início do século XIX. As casas não tinham banheiros. No máximo, uma “casinha” no quintal, cuja fossa era limpa à noite por um escravo, o qual recolhia o conteúdo em tonéis de barro e depois conduzia esse “cabungo” na cabeça até a praia ou terreno baldio mais próximo, onde era feito o despejo. Como, freqüentemente, esse tonel vazava e tingia o infeliz de malcheirosas manchas, o povo apelidava esses pobres escravos de “tigres”. 

A urina, por sua vez, era despejada das janelas das casas em urinóis, em plena rua. Uma lei de 1776 obrigava apenas ao arremessante a bradar antes a advertência: “água vai!”. 

Quanto ao povo, este se desobrigava em qualquer lugar. Não existiam pudores ou restrições. Afinal de contas, eram poucas as mulheres que saíam às ruas e, quando saíam, era aos domingos, e sempre acompanhadas de seus maridos ou pais. Nas ruas do Rio, no dia-a-dia de 1800, somente homens e escravos perambulavam. Para piorar a situação, o mau exemplo vinha de cima. Vinha do próprio Rei! 

D. João VI comia muito, muito e mal. Diabético e doente, nem por isso se continha à mesa, devorando, por vezes, de quatro a seis frangos por refeição. Quando o Rei partia do Palácio de São Cristóvão em direção ao Centro, em sua carruagem não poderiam faltar um urinol, penico e os respectivos criados responsáveis pela sua higiene. No trajeto, a carruagem parava ao menos duas vezes. Quando era a vez do Rei “obrar”, a carruagem estancava, um criado montava o “trono” portátil e a guarda cercava Sua Majestade, impedindo os curiosos de ali passar. D. João sofria de flatulência, soltando gazes em todas as ocasiões, solenes ou não. Coitado do criado que esboçasse um riso ou gracejo. Seria cortado do serviço no Paço! 

Vieira Fazenda, historiador carioca, relata o caso duma procissão de Corpus Christi em que o Rei arriscou um flato e este veio “acompanhado”; o que obrigou D. João a correr para uma casa na Rua Direita (atual Primeiro de Março), atrás de um “trono”. D. Pedro I herdou esse problema. A diarréia histórica mais famosa que conhecemos é a que acometeu o Príncipe, às margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo , a 7 de setembro de 1822. Os historiadores citam que a viagem se retardara muito porque D. Pedro tinha de “...se apear do cavalo de meia em meia hora para obrar”. Estava nessa situação quando o correio Paulo Bregaro lhe entregou as cartas do Conselho de Estado, que pediam nossa Independência. D. Pedro se conteve como pôde, reuniu a guarda, informou-os da situação e deu o famoso brado que nos libertou de Portugal. 

Em 1824, D. Pedro I assistia a uma parada dos soldados mercenários alemães na Fortaleza da Praia Vermelha, quando pediu desculpa aos oficiais, se agachou perto dum muro e “obrou” na frente dos embasbacados militares. Um desses militares alemães escreveu um diário onde relata que, quando ainda jovem, o Príncipe D. Pedro costumava urinar do alto da varanda do Palácio de São Cristóvão nos soldados que passavam embaixo. Nas cartas que enviou à sua amante, Marquesa de Santos, D. Pedro cita por várias vezes seus problemas gástricos. Numa missiva do Imperador datada de 13 de dezembro de 1827, existente no acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele conta que “...Cheguei à casa, tomei a tisana (remédio) e obrei até agora cinco vezes e muito.” Noutra carta, esta sem data, mas igualmente da coleção do IHGB, ele conta que “...Eu não passei muito bem... ...depois obrei e agora estou perfeitamente bom...” Nem todas as cartas de D. Pedro eram assim. Numa delas, datável de julho de 1826, ele até escreveu no envelope um poema à sua amada: 

“Este lindo passarinho canta,” 
“brinca, pica e fura,” 
“mas quando torna a repicar,” 
“é mais doce a pica dura.” 

A Marquesa era até informada dos problemas coprológicos das filhas do Imperador. Na carta datada de 23 de setembro de 1827, da coleção Caio de Mello Franco, D. Pedro relatava que a filha de ambos, Duquesa de Goiás, “...tomou um purgante de óleo de mamona, com que obrou três vezes e deitou uma lombriga.” 

Afinal, no meio dessa literatura “tão romântica”, D. Pedro pediu perdão à sua Marquesa pelos assuntos tão particulares assim relatados, justificando-se, na carta de 13 de dezembro de 1827, de que nele “A fruta é fina, posto que a casca seja grossa”. 



Fonte: Milton Teixeira, historiador



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

1919...Copacabana há 100 anos


A imagem pode conter: atividades ao ar livre

A recém inaugurada Avenida Atlântica


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A ressaca de 1919

Thumbnail

Avenida Atlântica reconstruída e com nova iluminação pública

onde percebemos os quintais, os fundos das casas, de frente para o mar

domingo, 17 de fevereiro de 2019

O Carnaval de 1919... há 100 anos!



Manuel Bandeira publica em 1919 o seu segundo livro de poemas intitulado Carnaval. Nessa obra já faz uso do verso livre. Por isso, os modernistas viram em Manuel Bandeira um precursor do movimento Modernista.


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Nessa obra percebermos que o poeta vai mais e mais se engajando com os ideais modernistas. Em Carnaval temos ainda o início da libertação das formas fixas e a opção pela liberdade formal, que se tornaria uma das marcas registradas de sua poesia.
Em 1919, aconteceu o Carnaval da Gripe. 

No ano anterior, uma epidemia de gripe abalou a cidade, mas isso não impediu que a enfermidade fosse tema predominante nas músicas, bailes e desfiles das Sociedades Carnavalescas. Em uma cidade de um milhão de habitantes, morreram, segundo estimativas, 15 mil. Mais de 600 mil teriam ficado doentes. Os médicos aconselhavam limão, canela e canja de galinha.

No fim de fevereiro, os cidadãos dessa cidade caíram na farra, comemorando o fato de que tinham sobrevivido ao flagelo. Os cronistas qualificam o Carnaval de 1919 como um dos mais animados. Ao que parece, houve um exorcismo carnavalesco. As revistas de época, O Malho, Careta e outras, documentam em dezenas de fotografias a folia que animou a cidade. Inúmeras músicas de carnaval com letras que “brincavam” com a doença, notas sobre a criação de blocos carnavalescos suburbanos e convites para bailes.

No carnaval de 1919, Júlio Silva desfilou pela primeira vez o Bloco do Eu Sozinho e, se transformava no Lorde João Curuti do Pelo Hempé. Em 1919 ele começou a desfilar com sua tabuleta solitária. Envergava uma fantasia de fraque, com chapéu de tirolês e calça listrada. Com seu pavilhão levantado, brincava alheio à multidão, cantando para si mesmo, em desacordo com o samba dos outros. Diversificou a fantasia e desfilou pelos sessenta anos seguintes.


 Imagem relacionada


Músicas de Carnaval da época ...

Assim é que é! 
Viva a folia! 
Viva Momo
 – Viva a Troça! 
Não há tristeza que 
possa Suportar tanta alegria. 
Quem não morreu da Espanhola, 
Quem dela pode escapar 
Não dá mais tratos à bola 
Toca a rir, 
Toca a brincar... 

Música de carnaval cantada nos Democráticos, 
promovendo um baile no dia 11 de janeiro de 1919. 

Outras músicas e blocos faziam referências ao chamado Chá da Meia-Noite e à Santa Casa da Misericórdia. Existia o boato de que a Santa Casa distribuía um chá aos doentes, e que nesse chá havia um veneno. 




CURIOSIDADE:

Durante o carnaval, Pixinguinha não trabalhava, pois saía com seu bloco chamado GRUPO DO CAXANGÁ.  No carnaval de 1919, ao passarem pelo cine Palais, fizeram uma parada para homenagear o senhor Isaac ,dono do cinema no qual Pixinguinha trabalhava. Ouvindo o pessoal, o proprietário do cinema entusiasmou-se e sugeriu a organização de um conjunto menor para tocar na sala de espera. O conjunto depois de dúvidas sobre qual seria seu nome, o próprio senhor Isaac resolveu a questão:

" - Vocês não são oito? Então põe " Os Oito Batutas!"

Assim se deu a estreia do conjunto em abril de 1919, capitaneado por Pixinguinha e Donga.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

As enchentes cariocas


A história do Rio de Janeiro 
se confunde com a história das suas enchentes.

Essas verdadeiras catástrofes urbanas foram  também, desde princípios do povoamento urbano, registradas em escritos de viajantes, desenhos e pinturas, bem como por obras literárias.

Celebro – ó tromba d’água! 
Ó portadora Da ira celestial 
– Celebro a grande fúria rugidora 
Com que alagaste o leito da Central! 

Fantasio, pseudônimo de Olavo Bilac 
(Gazeta de Notícias, 5 de março de 1896) 


Na época da fundação da cidade de São Sebastião, em 1575, o padre José de Anchieta, ao escrever uma carta para outro religioso jesuíta, descreve a fúria e ESCRITOS VI 248 a grande intensidade com que a água das chuvas destruía a cidade:

“[...] choveu tanto que se encheu e rebentaram as fontes [...]”.

Outros registros de memória sobre as grandes inundações datam de 1711, coincidindo com a chegada dos franceses ao Rio de Janeiro. A invasão foi liderada por Duguay-Trouin, e os franceses, na noite de 21, após terem rendido a ilha das Cobras, deram início ao famoso bombardeio da cidade sob intenso temporal que alagou o Rio de Janeiro. De certa forma, a chuva e o alagamento da cidade facilitaram a vitória dos franceses.

 José Vieira Fazenda, por exemplo, faz referência às chuvas...

" Forçada a barra do Rio de Janeiro e apoderando-se da ilha das Cobras, iniciou o célebre marítimo o bombardeio da cidade. “Noite espantosa, noite terrível (diz testemunha ocular)! O seu silêncio repentinamente se perturba pelas descargas de toda a artilharia. Ao mesmo tempo se cobre o céu com horrorosa tempestade..."

Também existem notícias de que uma grande chuva, precedida por ventos fortíssimos, atingiu o Rio de Janeiro no ano de 1756, a partir das 13 horas do dia 4 de abril.  Um registro de Balthazar da Silva Lisboa narra que o terror se apoderou dos habitantes. De acordo com o cronista, as águas subiram de tal maneira que inundaram a rua do Ouvidor (Miguel Couto) e entraram pelas portas das casas. Formou-se um rio que ia da região entre o Valongo (praça Mauá) até a igreja do Rosário (Rosário, esquina da avenida Rio Branco).

 "...choveu tão grossa e copiosa chuva, precedida de veementes concussões do ar, e espantosos furacões, 
por três dias sem interrupção..."

No século XIX aconteceram várias enchentes no Rio de Janeiro. A principal delas foi a de 10 a 17 de fevereiro de 1811, conhecida como “Águas do Monte”. D. João VI, tendo chegado de Portugal poucos anos antes, exigiu um inquérito sobre a enchente  e, mais que a vontade de Deus, as causas encontradas eram “a falta de conservação das valas e drenos pelos entulhos e lixos e demais imundícies lançados nelas”.

Machado de Assis descreve poeticamente as chuvas de 1811 em uma crônica d’A Semana, em 2 de fevereiro de 1896: 

"Pior que tudo, porém, se a tradição não mente, foram as águas do monte, assim chamadas por terem feito desabar parte do morro do Castelo. Sabes que essas águas caíram em 1811 e duraram sete dias deste mês de fevereiro. Parece que o nosso século, nascido com água, não quer morrer sem ela. Não menos parece que o morro do Castelo, cansado de esperar que o arrasem, segundo velhos planos, está resoluto a prosseguir e acabar a obra de 1811. Naquele ano chegaram a andar canoas pelas ruas; assim se comprou e vendeu, assim se fizeram visitas e salvamentos. Também é possível, como ainda viviam náiades, que assim as fossem buscar as fontes. Talvez até se pescassem amores."

Outras enchentes históricas ocorreram no Rio de Janeiro do século XIX em 1833, 1862 e 1864. Esta última, por ser originária de uma chuva de granizo que destelhou toda a cidade, ficou conhecida como “Chuva de Pedra”.

UMA CURIOSIDADE: os médicos daquela época pensavam que os grandes temporais melhoravam a qualidade do ar. 

Os registros de memória das chuvas se tornam mais frequentes ao longo dos séculos XIX e XX.
A urbanização do Rio de Janeiro levou ao aumento, e não à diminuição, das enchentes históricas ao longo do século XX. Isto aconteceu pelo planejamento urbano que canalizou rios, construiu em áreas alagadas e aterrou extensas áreas da baía de Guanabara.

Em 1906, as chuvas de verão inundaram o Rio de Janeiro – mais uma vez. A inundação naquele ano tinha, contudo, um sabor mais amargo. A capital da República vivia as reformas urbanas de Pereira Passos. Jornais e revistas publicavam cartas indignadas de moradores que viam as tentativas de transformação do Rio em uma cidade ordenada e civilizada irem literalmente por água abaixo.  Nas páginas das revistas ilustradas, chargistas ironizavam a impotência do Estado e pediam “bondes submarinos” ou “aéreos”, únicos meios de locomoção possíveis nos dias de enchente. Ao longo da Primeira República, praticamente todo ano, o Rio de Janeiro sofreu com enchentes.

Com o advento da fotografia, ela passa a registrar.

. na revista A Careta, n 148, sobre a enchente de 1911.





. revista  A Careta n 1029,  1928