sábado, 28 de abril de 2012


Seguindo nesse fim de semana
de recordar antigas lojas cariocas,
eis a AGACÊ.

 Elegante loja de moda feminina,
 ficava  em outra esquina de Copacabana:
  Avenida N.S. de Copacabana com Rua Bolívar.

Foto: Arquivo Nacional / reprodução


Detalhe na foto,  que ao lado  da AGACÊ existia o Teatro Jardel, fundado por Geysa Bôscoli - 
sobrinho de Chiquinha Gonzaga, irmão de Jardel Jércolis e Héber de Bôscoli, pai do ator Jardel Filho e tio do músico arranjador Ronaldo Bôscoli - 
e que funcionou no local
até 1959, desde a fundação em 1948.

O  Teatro Jardel foi o primeiro teatro de bolso.
Nele aconteciam espetáculos de revistas musicais, comédias e teatro infantil.
No horário de 14h às 16h, sempre aos domingos, 
 se transformava em Teatrinho Jardel e apresentava peças infantis ,
onde os atores principais eram Norma Blum, Roberto de Cleto, Fabio Sabag, Zilka Salaberry,todos do famoso Teatrinho Trol, da TV Tupi. 


Em 1959, o Teatro Jardel transferiu-se para
 o posto seis - Av. Atlântica 3680 - , onde teve curta existência.


CURIOSIDADE: 
"O teatro era muito pequeno, os artistas não dispunham de acomodações adequadas, transitavam pela marquise entre os apertados camarins e o palco.

Desse modo uma segunda platéia assistia ao desfile de todo o elenco sobre a improvisada passarela, sobre a qual todas as noites transitavam as mais atraentes mulheres do teatro de revista da época.

Era um espetáculo alternativo, que atraía principalmente a rapaziada sem poder de compra para o ingresso." (elbufon.com.br)





sexta-feira, 27 de abril de 2012

Antigas lojas cariocas


Duas esquinas de Copacabana 
e duas lojas que fizeram história na cidade.

A loja DUCAL 
na esquina, à esquerda, 
da Avenida Nossa Senhora de Copacabana e Rua Constant Ramos
 e a sapataria POLAR 
na esquina, à direita, das mesmas ruas.




Uma curiosidade: a primeira loja da Ducal foi na Praça Tiradentes, no Centro do Rio de Janeiro, na época que aqui ainda era Capital Federal. À época foram  investidos ... vinte e dois milhões de cruzeiros ...para abertura do negócio.






domingo, 22 de abril de 2012

26 de abril, 118 anos de Ipanema


Calçadão de Ipanema -foto: Paulo Sallorenzo

 Era apenas uma vila, a Villa Ipanema. Mas sempre foi cheia de charme.
Desde o tempo em que as pessoas colocavam cadeirinhas na porta para conversar, a praia era vazia e todo mundo se conhecia. Ou o da famosa sorveteria Moraes, do  Zepellin, das pacatas casas  e do comércio, que se resumia a uma quitanda, um armazém, um armarinho e um sapateiro. 


Ipanema dos moradores  que se tornaram personagens e criadores de uma história inovadora como Tom Jobim, Vinícius de Mores, Helô Pinheiro, Leila Diniz, Petit, o Menino do Rio, Milôr Fernandes e Cia, que criaram o Pasquim, - o jornal sarcástico, de textos bem-humorados e sem cerimônias.


Ipanema de Albino Pinheiro, Jaguar, Ferdy Carneiro, Roniquito de Chevalier e Hugo Bidet e sua alegre Banda de Ipanema; a  do Asdrúbal Trouxe o Trombone, grupo de teatro que nasceu entre a pedra do Arpoador e o Píer de Ipanema.

Em homenagem aos 118 anos de Ipanema,  um passeio por paisagens que não existem mais.



A foto ao lado, da década de 1920, mostra a última das dunas ocupadas na região de Copacabana  na divisa com Ipanema. 
É a enorme área branca limitada pelas ruas Gomes Carneiro, Bulhões de Carvalho e Rainha Elisabeth.

A Praça General Osório aparece dividida em quatro quadrados arborizados junto à margem superior do quadro, visível, também, a Rua Teixeira de Melo. Do outro lado da Praça, a Rua Jangadeiros, que se inicia na Rua Gomes Carneiro.
Um pedacinho da Rua Caning aparece, junto à Rainha Elisabeth, tendo em seus fundos o extenso areal. Seguem-se a Bulhões de Carvalho, que forma um ângulo com a Conselheiro Lafaiete; a Raul Pompéia e, finalmente, a Av Copacabana, já no limite inferior da foto.
Em Ipanema, vê-se, a extensa vegetação nas areias e, claramente, a Av. Viera Souto e suas paralelas, a Prudente de Morais e a Visconde de Pirajá.


Uma excelente sequência de imagens de Augusto Malta da avenida Vieira Souto








O antigo mobiliário urbano de Ipanema


Bar Jangadeiro, antigo ponto boêmio do bairro



Primeira loja de discos de Ipanema


A loja de rádios e discos WAGNER & CIA.
ficava ali no 259 da Visconde de Pirajá e,
fundada em 1949, ficou ali até por volta de 1965.
Hoje no local está o HSBC, ao lado da histórica FUTURISTA,
esquina da velha Montenegro, atual rua Vinicius de Moraes.
( Foto: Blog da Toca )



O Surfe no Arpoador, no antigo Posto 7,
próximo à Pedra do Arpoador, no final dos anos 50.
O detalhe dos pranchões!





Era apenas uma vila... a Villa Ipanema.



QUER LER MAIS HISTÓRIAS SOBRE IPANEMA, CLIQUE AQUI



sábado, 21 de abril de 2012

Apenas no Jardim Botânico...

Uma interessante descoberta aconteceu no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Vale a pena registrar a notícia.

"Houve um tempo em que a guarajuba tinha uma presença significativa na Mata Atlântica. Sua madeira alimentava a construção civil e naval e era usada em engenhos, na fabricação da tubulação de água. Sua popularidade, porém, não lhe rendeu louros no mundo acadêmico, onde ninguém a estudou; nem garantiu a continuidade de seu plantio — sua última coleta foi há 70 anos. A espécie, que atende no mundo científico por Terminalia acuminata e tem as cores da bandeira nacional, foi vista pela última vez em 1942 e dada como extinta em 1998 pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Em dezembro, no entanto, três exemplares foram achados por pesquisadores do Jardim Botânico nos canteiros da própria instituição. 

Foto: Custódio Coimbra
reprodução OGloboOnline

A redescoberta da  Terminalia  acuminata veio quase por acaso, em meio aos esforços do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) para atualizar a Lista de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. Sabe-se quase nada sobre esta árvore. Seu tempo de vida, a idade que alcança e a quantidade de vezes que já floresceu e frutificou, por exemplo, são um mistério para os botânicos. Daí o sentimento de urgência que cerca a coleta de sementes produzidas pela planta. 
— Há uma semana minha equipe vem aqui diariamente para fazer este trabalho — conta Ricardo Reis, curador de Coleções Vivas do Jardim Botânico. — Descobrimos que a T. acuminata estava dando frutos por volta do fim do ano passado. Certamente ela já floresceu e frutificou outras vezes, mas, como o grau de raridade da árvore só foi diagnosticado no fim do ano passado, não estávamos acompanhando. 
Reis já conseguiu mais de 400 sementes, mas não sabe quantas das mudas levadas à sua curadoria vingarão. Outras espécies do gênero Terminalia teriam um índice de germinação muito baixo, de apenas 20%, segundo estudos. Mas não necessariamente o mesmo valeria para esta espécie. 
O tronco reto da árvore se ramifica só a uma altura considerável do chão, após a metade dos 25 metros que a espécie pode alcançar. A imponência da Terminalia   acuminata contrasta com as sementes, verdes e amarelas e facilmente confundíveis com folhas perdidas na terra do canteiro. 
O levantamento biográfico relacionado à espécie não contribuiu muito com os pesquisadores. Há dois trabalhos que a citam — de 1867 e 1876 —, ambos escritos em francês, por um cientista de nacionalidade desconhecida.
As descrições de onde era encontrada também são vagas. Em 1928, alguns exemplares foram colhidos na Estrada da Tijuca. O CNCFlora pretende descobrir o que corresponde hoje a este endereço — pode ser, portanto, que a árvore sobreviva anônima na Floresta da Tijuca. Ela também foi vista em Paty do Alferes, no Vale do Paraíba, uma região onde a Mata Atlântica foi intensamente desmatada. 
— Ficamos muito felizes em constatar em nosso levantamento que, apesar de a planta estar extinta na natureza, ainda contava com três indivíduos aqui — revela Danielli Kutschenko, bióloga do CNCFlora. — Sua redescoberta é quase como se a árvore suspirasse por socorro. 
Para Danielli, a  Terminalia   acuminata pode se tornar um símbolo do Jardim Botânico. E junta-se ao hall de plantas abatidas por séculos no país, como a araucária, o pau-brasil e o palmito jussara. 
— Quando uma espécie é dada como extinta, você desiste de seus esforços, de um plano de conservação que seria feito para ela — explica Tainan Messina, também bióloga do CNCFlora. — Por isso é preciso fazer uma busca bem exaustiva antes de dizer que uma espécie não existe mais na natureza. 
Danielli e Tainan não descartam a possibilidade de que outras espécies, também foragidas de áreas verdes, reapareçam com o amadurecimento Lista de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. A nova edição do trabalho será publicada em meados deste ano, próximo à Rio+20. 
Enquanto o CNCFlora busca plantas desaparecidas, Reis já estuda onde plantar os futuros exemplares da  Terminalia  acuminata. Segundo o curador, alguns certamente terão como destino o próprio Jardim Botânico. Outros poderão ser cedidos para parques semelhantes em outras cidades, que ainda serão escolhidos. Talvez municípios fluminenses, visto que a espécie é exclusiva do estado. 
— Os botânicos que passaram por aqui nesses 200 anos poderiam não ter noção de que uma espécie estivesse ameaçada ou que isso poderia ocorrer, mas eles tinham um olhar técnico — destaca Reis. — Eles iam a campo colhendo amostras e, assim, transformaram de fato o Jardim Botânico em um santuário, num local muito importante para a conservação da flora."
( fonte OGlobo Online)




sexta-feira, 20 de abril de 2012



O romantismo do Rei
















quinta-feira, 19 de abril de 2012


As belas canções de fé, hoje,
no dia do seu aniversário.


Parabéns ao  Rei Roberto Carlos!











Mais amanhã...



quarta-feira, 18 de abril de 2012



Roberto Carlos nos festivais

Continuando nossa homenagem e nossos parabéns...






Continua amanhã...



terça-feira, 17 de abril de 2012

Parabéns ao REI ROBERTO CARLOS!



Ao longo dessa semana, o RIO QUE MORA NO MAR  homenageia
 ROBERTO CARLOS, pelo seu aniversário dia 19,
 passeando pelo seu repertório.

PARABÉNS AO REI!

Começamos pelos tempos da Jovem Guarda.









Mais Roberto Carlos amanhã...




domingo, 15 de abril de 2012

O dia 15 de abril...

... é ligado a várias personalidades e acontecimentos muito conhecidos.




Em 1452... nasce Leonardo da Vinci...


Em 1912, o Titanic, o maior e mais luxuoso transatlântico do mundo, com 10 andares, naufraga 


após se chocar contra um iceberg...


Em 1865, morre Abraham Lincoln


Em 1912, o Titanic, o maior e mais luxuoso transatlântico do mundo, com 10 andares, naufraga 


após se chocar contra um iceberg...


Em 1980, morre Jean-Paul Sartre...


Em 1990 , morre Greta Garbo...




Por aqui, em terras cariocas, nasceu, no dia 15 de abril, o bairro do Leme.


Ponta do Leme, 1910

Leme, 1915

Leme, 1919


Leme, 1919


Torre do antigo Posto 1, no Leme, anos 40

quarta-feira, 11 de abril de 2012

DONA IVONE LARA


Dia 13 de abril é o aniversário de Dona Ivone Lara.

A ESSA GRANDE DAMA CARIOCA,  NOSSA HOMENAGEM !















Certa vez dela disseram, lindamente,


 "Ela é a síntese do samba. 
Tem o ritmo dos tambores do jongo 
e a riqueza melódica e harmônica do choro. 
Em seu canto intuitivo está um pouco da África
 e do negro americano".





terça-feira, 10 de abril de 2012

Viva nosso hino!



Nessa semana, dia 13, se comemora o Dia do Hino Nacional Brasileiro, cuja história já contei por aqui.

Vale um repeteco do tema para ouvirmos interessantes interpretações sobre o mesmo tema.


Na guitarra solo, no show de Lobão





No piano, a seis mãos.
Pianistas: Eduardo Braun / Kleiton Lehnen / Mateus Bitencourt



A seis pianos.
Pianistas: Antonio Adolfo, Wagner Tiso, Arthur Moreira Lima,
 João Carlos de Assis Brasil, Nelson Ayres e Amilton Godoy.






Na interpretação do grande Altamiro Carrilho





Pelo violão preciso de Yamandu Costa



e last, but not least,  pela encantador  canto dos pássaros brasileiros





domingo, 8 de abril de 2012

Chocolateando...na Páscoa

 O lado comercial da Páscoa nos leva ao chocolate.

Que tal  passear por sabores de chocolates através dos tempos?

















quarta-feira, 4 de abril de 2012

o Sábado de Aleluia em outros tempos

Encerrando nosso passeio pela Semana Santa de outros tempos...


Pintura de Debret

"A Quaresma foi encerrada com o Sábado de Aleluia, que é também chamado de Dia de Judas, por causa do saliente papel que ele tem nessa data e da vingança que o povo faz contra ele. Essas comemorações são geralmente comparadas às realizadas na Inglaterra no Guy Fawkes Day, mas na realidade não há a menor semelhança entre as duas festas. Originalmente, a daqui foi concebida como uma cerimônia solene, semelhante às outras procissões religiosas, mas agora transformou-se em folguedo, servindo de veículo para todo tipo de sátira. Sem dúvida, constitui uma curiosa e interessante mostra dos costumes e modo de pensar dos brasileiros. 
Ao sairmos de casa por volta da dez horas, vimos que as ruas principais da cidade exibiam vários bonecos, alguns dependurados nas árvores, outros suspensos na ponta de um pau, todos em tamanho natural, caprichosamente vestidos e em grande estilo, ora isolados, ora em grupos, todos ligados uns aos outros e todos com cartazes em verso dizendo o que eles representavam. As principais figuras eram Judas e o Diabo, havendo uma grande variedade de dragões e de serpentes, todos recheados de bombas e ligados uns aos outros para explodirem em série. Na confluência de quatro ruas via-se um gigantesco Satã cercado de diabinhos, todos voltados para o infortunado Judas, sobre o qual deveriam avançar a um determinado sinal, arrebatando-o dali entre labaredas de fogo. 
Além da figura de Judas, que tinha várias formas e era rodeada por diferentes emissários do inferno, havia muitas outras, que não tinham nenhuma relação com o seu castigo e representavam sátiras a pessoas ou situações. Algumas não tinham a menor ligação com ele; uma delas era dirigida contra as mulheres. Consistia num gato imenso, de ar muito pudico, com os seguintes versos pregados em sua base, que foram lidos alegremente por alguns cavalheiros postados a uma janela para algumas damas debruçadas na janela oposta: 
"Serei gato ou serei gata
Serei o que vós quiséreis
Porém sou na arranhadura
Bem semelhante às mulheres." 
Outra era dirigida contra os homens. Era a figura de um soldado romano segurando uma lanterna, com o qual parecia procurar alguém. Embaixo, liam-se os seguintes versos: 
"Sou Marcos, vou de lanterna
Sem luz para assim ver bem
Se tu só serás o Judas
Ou se é Judas mais alguém." 
Havia algumas sátiras que não eram de caráter geral e sim dirigidas a uma pessoa em particular. Uma das figuras se achava caprichosamente vestida, aparentando ser um desembargador ou advogado. Tinha um ar grave e uma aparência bastante plausível, de terno preto, chapéu de dois bicos e óculos; trazia na mão um livro, que parecia ler atentamente. A figura se achava colocada bem defronte da casa de um conhecido desembargador, cuja honestidade deixava muito a desejar, e era uma cópia exata dele. Embaixo viam-se os seguintes versos, lidos com deleite pelo povo: 
"Este Festo grave e sério
Não enculca probidade;
Pois talvez que agora pense
N’alguma perversidade." 
Diante da porta de um comerciante inglês havia dois bonecos, extremamente semelhantes a ele a sua mulher. Tratava-se de duas pessoas sérias, e suas roupas foram caprichosamente reproduzidas, principalmente a touca da senhora, que era uma cópia perfeita da que ela usava; ela apareceu à janela, e não se podia negar que a semelhança era extraordinária. O casal tinha despertado a ira dos brasileiros – pelo que me disseram – porque havia protestado contra aquelas manifestações, que classificaram de idolatria papista, e particularmente porque se recusara a dar qualquer contribuição para as festas. Que eu saiba, foram os únicos ingleses naquela rua que agiram assim. Os dizeres junto às figuras, embora muito engraçados, eram intraduzíveis, e a maneira como elas foram apresentadas era de um humor muito rude para ser descrito. 
Estabelecemos nosso posto de observação numa janela da rua Direita, de onde tínhamos uma vista excelente de toda rua, que passarei a descrever especialmente para você, para lhe dar uma idéia do que ocorria em toda a sua extensão. A ampla rua era quase toda ela orlada por fileiras de palmeiras, formando uma aprazível avenida. Os troncos das palmeiras estavam ligados uns aos outros por cordas recobertas de flores, funcionando como um cordão de isolamento, por trás do qual o povo ficava postado. 
Das sacadas também partiam cordões enfeitados de flores, que iam até as sacadas do lado e se cruzavam no meio, dos quais pendiam potes pintados, de diferentes feitios e tamanhos e com algo dentro deles, o que aguçava a curiosidade do povo. Entre um pote e outro via-se uma grande variedade de bonecos de tipos variados, todos com dizeres e vestidos em grande estilo. Tudo isso, completado pelo desfile de silenciosos mascarados, compunha um espetáculo extremamente divertido. Entre os bonecos, Judas era o que se achava colocado em lugar mais elevado e visível. Estava pendurado num galho de uma alta árvore, vestido com um manto branco, e mais acima, perdido no meio da ramagem e pronto a saltar sobre eles, estava Satã. 
A cerimônia religiosa do dia começou nas igrejas, e quando chegou à parte em que a Aleluia começa a ser cantada é dado o aviso na rua por meio de foguetes. Esse é o sinal para começar a festa. Imediatamente os sinos se põem a tocar, a banda rompe num dobrado e explode o foguetório. 
Primeiro, Satã desce rapidamente do alto da árvore, agarra o corpo de Judas, e logo os dois são envoltos em chamas, com fogos de artifício de curioso efeito correndo por seus braços e pernas; por fim, de acordo com o que diziam os versos afixados embaixo, a barriga de Judas explode, espalhando o seu conteúdo por toda parte; a multidão recolhe tudo como troféu, enquanto os dois bonecos vão sendo consumidos pelo fogo. A seguir, as figuras do casal inglês são incendiadas, fazendo macaquices uma para a outra, de uma forma que não sei descrever, e andando à roda de uma maneira muito curiosa. E assim, sucessivamente, todos os bonecos pegaram fogo, enquanto faziam evoluções de acordo com a sua condição, até serem todos reduzidos a cinzas. 
O centro da rua foi então evacuado, surgindo em seguida numerosos cavaleiros armados de lanças, com seus escudeiros. Depois de desfilarem pela arena para baixo e para cima, eles foram postar-se atrás de uma barreira situada no final da rua. A um sinal, a barreira caiu e um dos cavaleiros avançou velozmente, de lança em riste, contra um dos potes suspensos e o partiu ao meio. De dentro dele caiu um leitãozinho, e a multidão avançou sobre ele; o primeiro que o agarrasse seria o dono. 
O segundo cavaleiro atacou outro pote, de onde despencou um macaco; e o povo correu para pegá-lo, mas o macaquinho era ágil demais e escapou, subindo por um dos cordões e vindo parar em nossa janela. Dessa maneira, todos os potes foram quebrados sucessivamente, tendo saído deles um grande lagarto, um gato e uma variedade de coisas. Contudo, um pote permaneceu intacto. Todos os olhos estavam voltados para ele, mas nenhum dos cavaleiros parecia disposto a atacá-lo. Finalmente, um mais destemido do que os outros avançou contra ele e... pernas para que te quero. De dentro do pote saiu uma nuvem de marimbondos que envolveu todos nós e atacou com fúria todos os que se achavam ao seu alcance. A rua inteira era agora um mar de lenços brancos ondulantes, todo mundo defendendo o próprio rosto de um punhado desses ferozes atacantes. 
Durante todo o desenrolar do espetáculo a polícia esteve presente, com o Intendente a cavalo, em uniforme de gala, andando para lá e para cá. Contudo, não houve aparentemente necessidade de sua interferência. A multidão mostrava-se muito alegre, mas bem comportada. Ninguém parecia interessado em ofender ninguém na disputa das coisas, a não ser quando, vez por outra, um pobre negro se extraviava e ia parar no meio da rua; todo mundo caía então sobre ele impiedosamente, aos tapas e pontapés, como se ele fosse uma coisa inteiramente indigna de piedade e consideração. Por volta de uma hora da tarde o espetáculo terminou. A multidão, como de hábito, deu início ao trabalho de destruir o que havia restado; as árvores foram destroçadas, o que restou dos bonecos foi tomado como troféu e nas ruas, de ponta a ponta, ficaram espalhados dos destroços da festa. 
Esse espetáculo, que é de fato muito divertido e engenhosamente realizado, exerce uma singular e sempre crescente atração sobre os brasileiros, já que, exceção feita das procissões e da ópera, que é muito exclusivista, o povo não dispõe de entretenimentos públicos. Há nos festejos uma vulgaridade de comédia antiga, e o papel representado por alguns dos bonecos lembrava a cena do arlequim holandês e o moinho de vento, que as damas do Rio de Janeiro, à semelhança das de Roterdã, viam com grande interesse e prazer. As ruas rivalizam umas com as outras, na variedade e riqueza da decoração. Quando me retirei, ainda não havia sido decidido qual levaria a palma, se a rua Direita ou a da Quitanda. O dinheiro das despesas, obtido através de uma subscrição popular, totalizou doze contos de réis, dos quais a rua Direita despendeu quatro. Calculando-se os mil-réis a um dólar – como sempre fazem os brasileiros – teríamos quase mil libras de gastos numa rua. 
Às quatro da manhã, no Domingo de Páscoa, a cidade foi despertada pelo espoucar dos foguetes nos céus e os tiros de canhão das fortalezas, que procuravam anunciar pelo brilho do fogo e o troar da artilharia a boa notícia da ressurreição de Nosso Senhor; imediatamente após, o Espírito Santo, que Ele prometera enviar, era exibido em diferentes partes da cidade. A caminho da igreja, às onze horas, vi algumas pessoas içando-o ao topo de um mastro todo enfeitado de guirlandas e fitas. Tratava-se de uma barreira vermelha, enfumada como uma vela e ondulando ao vento. No centro, de onde partiam vários raios, via-se a pomba descendo dos céus. Emblemas semelhantes foram içados no campo da Aclamação e em outros logradouros públicos. Em sua representação dos eventos da Sagrada Escritura, o povo não parece preocupar-se muito com a seqüência certa dos acontecimentos; segundo pude observar, os fatos se antecipavam, muitas vezes, e se confundiam com os outros."


terça-feira, 3 de abril de 2012

A Sexta-Feira Santa em outros tempos...


Continuando o texto do post anterior...




"A Sexta-Feira da Paixão foi recebida com um solene silêncio. Nem tiros de canhão, nem bimbalhar de sinos, nem espoucar de foguetes. O único som que ouvimos foi o surdo e fúnebre troar, de minuto a minuto, do canhão do navio-almirante francês ancorado na baía em honra do dia. À uma hora fui assistir a uma cerimônia paroquial, em que o corpo do nosso Salvador foi carregado pelos fiéis ao redor da igreja, acompanhado por música solene. À noite, porém, é que houve a cerimônia mais imponente da igreja católica. Foi realizada na igreja da Ordem Terceira, perto do palácio, para onde me dirigi às sete horas. 

A igreja estava quase às escuras e cheia de gente. Uma imensa cortina roxa encobria o coro. Dentro em pouco um dos padres subiu ao púlpito e começou com muita eloqüência um sermão sobre a crucificação. Depois de explicar a causa da morte de Cristo, originada por nossos pecados, e a maneira dolorosa e ignominiosa com que foi levada a efeito, ele falou de repente: "vejam o Salvador que vocês assassinaram!", e imediatamente a cortina se abriu, como no início de uma tragédia, deixando ver todas as pessoas que iam representar o drama religioso. 
Cortinas pretas ornavam o coro, que estava brilhantemente iluminado por reluzentes candelabros de prata. Em baixo se achava colocado um suntuoso mausoléu, onde jazia a imagem de Cristo. De cada lado estavam postadas figuras com longas barbas, representando os discípulos, todas vestidas ricamente, ainda que de forma grotesca. À frente se achava um bando de soldados romanos, com capacetes e peitorais dourados e um estandarte com as letras S P Q R bordados no seu centro, e logo adiante o centurião, um homem enorme e de aspecto rude, com uma imensa barba negra e um ar tão feroz que algumas das mulheres escondiam o rosto ao vê-lo. 
Formou-se então a procissão, que saiu para a rua. Na frente, iam dois homens levando enormes castiçais com grossas velas de cera; em seguida, um homem carregando uma cruz de madeira negra, sobre a qual estava estendido um pano branco formando a letra M; essa letra, conforme observei, aparecia em todas as coisas e representava o nome de Maria. Seguiam-se as fileiras habituais dos portadores de tochas, formando um amplo e extenso corredor, por onde passavam as crianças vestidas de anjo, com asas feitas de penas de ganso, a barra das vestes armada com arame, as faces pintadas de rouge, os cabelos empoados, e sobre a cabeça um enorme toucado de seda colorida, o que dava a elas a aparência irisada de um arco-íris. 
Todas elas levavam nas mãos algum objeto como emblema – uma, os pregos, outra o martelo,  uma terceira a esponja, a quarta a lança, a quinta a escada, e a última – uma criança mais velha do que as outras – trazendo o galo.
Você talvez ignore que os brasileiros possuem um descendente do próprio galo que cantou quando Pedro negou o seu mestre. Ele me foi mostrado várias vezes. Certa manhã fui surpreendido por um som extraordinário vindo de um quintal não muito distante da nossa casa, que identifiquei como sendo o canto de um galo. Tratava-se de uma ave singularíssima; era muito alto, quase só pernas e coxas encimadas por um corpo diminuto, e quando espichava o pescoço para cantar ficava tão comprido quanto um grou. Mas era o seu canto que particularmente o distinguia dos outros, pois ele prolongava a sua nota final num lamento roufenho e lúgubre, que tinha algo de admoestatório. 
Um dos nossos criados brasileiros informou-me que se  tratava da mesma raça do galo que cantou para Pedro e que aquela nota longa e melancólica representava uma advertência e uma censura a mais a ele, pelo que havia feito. 
A procissão foi encerrada com o caixão, precedido de inúmeros figurantes com as cabeças cobertas com capuzes brancos e negros e acompanhados de apóstolos, soldados e um centurião; em seguida vinha um grupo de anjos e, por último, a própria Virgem, a qual, por um anacronismo, apresenta a mesma e jovem aparência que tem na procissão das festas da Natividade, não se dando eles conta de que trinta e dois anos decorreram entre uma data e outra, o que deveria trazer alguma modificação ao rosto de uma mulher. Completava a procissão uma banda executando um hino fúnebre, seguida do regimento com armas em funeral e os oficiais com braçadeiras negras. 
Dessa imponente procissão participavam 800 pessoas, mais da metade levando velas de cera, as quais percorreram as ruas durante duas horas. Enquanto o desfile prosseguia, uma nuvem escura se formou sobre suas cabeças, com vívidos relâmpagos e retumbantes trovões, o que deu ao espetáculo um ar realmente grandioso. Seguiu-se uma chuva torrencial, o que não impediu que a procissão continuasse sua marcha vagarosa, todos de cabeça descoberta, como se o céu estivesse límpido e sereno."

Continua amanhã. 





segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Quinta-Feira Santa em outros tempos

As tradições e costumes na Semana Santa, foram mudando através do tempo.

Vale acompanhar o Rio de Janeiro em outros tempos, e ver o que, por aqui acontecia, no relato de  Robert Walsh (1828/1829 ).




"...A Quinta de Endoenças, ou Quinta-Feira Santa, distingue-se por uma cerimônia realizada com grande humildade e absoluta regularidade pelo falecido rei e mantida pelo atual imperador com a mesma devoção com que ele participava das outras, seguindo o exemplo dado pelo pai. 
Essa cerimônia consiste na lavagem dos pés de mendigos. No dia anterior, alguns pobres, escolhidos com esse propósito, eram vestidos decentemente e levados a diversas igrejas, onde grandes bacias de prata se achavam colocadas nos degraus do altar, em preparação para a cerimônia. Quando os pobres chegavam, eram colocados em bancos com assentos em três níveis diferentes. Eles se sentavam no mais alto, descansavam os pés no do meio e o imperador se ajoelhava no mais baixo e fingia executar esse ato de humildade. Dom João tinha trazido consigo de Portugal uma magnífica baixela de prata antiga, que era sempre exibida nessa ocasião. 

A Quinta-Feira Santa se distingue também por uma outra cerimônia notável, ou seja, a consagração e exposição da hóstia. A luz do dia é excluída de todas as igrejas, cujo interior passa a ser iluminado por velas de cera. A hóstia é então exposta no altar-mor de todas elas, em meio ao clarão das chamas. Dois homens ficam postados ao lado do altar, como guardiões, vestindo mantos de seda vermelha ou roxa. Em algumas igrejas vi a imagem do Senhor Morto num nicho, com a mão exposta. O povo beijava a mão e ao mesmo tempo depositava dinheiro numa salva de prata colocada ao lado. Nesse é proibido soltar foguetes e tocar os sinos. Em seu lugar é usada uma tábua de madeira negra, com duas aldravas presas nas extremidades. A pessoa segurava a tábua por uma alça fixa numa das pontas e a fazia girar de um lado para o outro; as aldravas batiam de encontro à tábua e produziam um som contínuo e irritante, que se fazia ouvir durante todo o dia e toda a noite. Quando indaguei a razão de se utilizar esse instrumento, fui informado de que sua função era a de substituir os sinos, cujo som, mais alto, poderia perturbar o repouso do nosso Salvador. 
Na noite desse dia é realizada uma passeata geral pela cidade, da qual participa todo o povo. Trajando suas roupas domingueiras, eles enchem as ruas até o amanhecer. Como há sempre luar nessa época e o tempo é ameno, todos participam dessa diversão. A ocasião oferece ainda o atrativo das "amêndoas", ou presentes, distribuídos entre os amigos e assim chamados porque eram originariamente compostos de amêndoas propriamente ditas; com o passar do tempo, porém, o nome se generalizou e passou a indicar um presente de qualquer tipo. Os negros sempre perguntam por sua "amêndoa" em qualquer ocasião, quando esperam alguma gorjeta. 
Em nossa terra a Quinta-Feira Santa é chamada de Maundy Thursday, havendo distribuição de presentes para os pobres. Alguns afirmam que a palavra maundy deriva de mande, a cesta na qual o presente é enviado; outros acreditam que vem de mandatum – o dia em que é posto em prática o grande mandamento "Amai-vos uns aos outros". A mim me parece, entretanto, que a sua origem é a amêndoa. O dia todo vêem-se pessoas levando presentes de uma casa a outra, cobertos por guardanapos e às vezes até transportados em carruagem. À noite, porém, eles são apresentados de uma forma mais interessante. 
A noite de Quinta-Feira Santa é o momento dedicado às escravas, as quais têm permissão para confeccionar e vender em seu próprio proveito as amêndoas confeitadas. À porta de todas as igrejas e nas suas proximidades estabelece-se uma festa, onde elas são vendidas. 
Ali as pobre moças, trajando suas melhores roupas e usando seus modestos enfeites, exibem seus produtos, às vezes dispostos em mesas cobertas com uma toalha, às vezes no chão, ao lado de velas acesas. Constituem principalmente de amêndoas confeitadas, em cartuchos de papel ou em cestinhas também de papel, caprichosamente feitas e pintadas, ou então de figurinhas feitas de açúcar, de diferentes tipos e trajes, recheadas com uma variedade de guloseimas. 
Essas figuras são geralmente vendidas por duas patacas, e eu jamais fiz uma compra com tanto prazer como a que fiz ali naquela "feira santa", tão humanitariamente criada para promover a indústria das pobres escravas e lhes proporcionar algum lucro. Trata-se de uma da pequenas e numerosas instituições que põem em evidência o que há de bom e generoso no caráter dos brasileiros, e quase chegava a atenuar um pouco os horrores da escravidão ver naquela noite tantos escravos caprichosamente trajados, tão alegres e aparentemente tão felizes..."

Continua amanhã.