quarta-feira, 29 de setembro de 2021

29 de setembro, morte de Machado de Assis

 

Passava das três horas da manhã do dia 29 de setembro de 1908 quando Machado de Assis deixou essa vida e entrou para a história como o maior de todos os escritores brasileiros. Morreu tranquilamente, aos 69 anos de idade e cercado de amigos queridos na casa de Cosme Velho no Rio de Janeiro.
O velório ocorreu na Academia Brasileira de Letras e Rui Barbosa proferiu o discurso fúnebre.



notícia do Jornal Do Brasil

“Na noite em que faleceu Machado de Assis, quem penetrasse na vivenda do poeta, em Laranjeiras, não acreditaria que estivesse tão próximo o desenlace de sua enfermidade (…) Na sala de jantar, para onde dizia o quarto do querido mestre, um grupo de senhoras – ontem meninas que ele carregara no colo, hoje nobilíssimas mães de família – comentavam-lhe os lances encantadores da vida e reliam-lhe antigos versos, ainda inéditos, avaramente guardados em álbuns caprichosos.”

escreveu Euclides da Cunha, amigo que acompanhou Machado até o último momento.


Uma curiosidade:


Após a morte de Machado de Assis, todos os seus objetos foram inventariados. O que mais chama atenção na lista de bens avaliados é a grande quantidade de móveis velhos ou em mau estado, o que provavelmente prova que ele não tinha lá muito apego a bens materiais.


O espólio do escritor:

"Avaliação – 

Móveis existentes no prédio à rua Cosme Velho, n. 18: 

1 Mobília de sala de jantar de vieux chène, constante de mesa elástica com 5 tábuas; 

12 cadeiras; 2 étagères, 1 trinchante e 1 mesinha: 500$000; 

2 Dunkerques de jacarandá, com espelho 100$000; 1 Grupo estofado, velho; (3 peças): 50$000; 1 Divã estofado (mau estado) 36$000; 

1 Dito idem idem 30$000; 

10 Cadeiras de bambu 30$000; 

1 Conversadeira estofada (velha) 60$000;

 2 Cadeiras de braço, estofadas, em mau estado 20$000; 

1 Cadeira de balanço, idem 10$000; 

4 Cadeiras de jacarandá 32$000; 

1 Lavatório de canela, com espelho 80$000; 

1 Guarda-vestidos vinhático, muito velho 50$000; 

1 Guarda-casacas com frente de madeira (muito velho) 60$000; 

1 Cômoda de canela (mau estado) 30$000; 

1 Armário pequeno (canela) 30$000; 

1 Aparador vinhático, com pedra mármore (mau estado) 20$000; 

1 Guarda-comida de vinhático, em mau estado 5$000;

 4 Cadeiras de vime, em mau estado 20$000;

 1 Divã de palhinha, em mau estado 40$000; 

1 Grupo de 2 cadeiras de balanças conjugadas, mau estado 10$000; 

1 Porta-chapéu idem 10$000; 

1 Cômoda com pedra mármore e espelho, mau estado 10$000; 

1 Cômoda de vinhático, velha, em mau estado 5$000; 

1 Cama de ferro nova 30$000; 

1 Lavatório com pedra mármore em péssimo estado 5$000; 

1 Sofá-cama, austríaco, em mau estado 5$000; 1 Secretária de vinhático 30$000; 

1 Cadeira para secretária 10$000; 

3 Armários envidraçados 30$000;

 1 Estante de madeira 5$000; 

2 Estantes de ferro 4$000; 

1 Relógio de parede 15$000; 

1 Jardineira de metal 15$000; 

1 Espelho oval com guarnição dourada (estragado) 15$000; 

2 Quadros a óleo (paisagem – cópias) 20$000; 

1 Quadro a óleo (marinha) idem 10$000; 

1 Quadro a óleo (figura) original de Pontorn 30$000; 

2 Aquarelas de Pacheco 10$000; e Gravuras coloridas (paisagem) 20$000; 

20 Quadros com gravuras diversas 40$000; 

1 Serviço de lavatório (incompleto) 15$000; 

1 Serviço de christofle constando de 1 colher para sopa, 1 pá para peixe, 4 facas grandes, 4 facas pequenas, 13 garfos grandes, 12 garfos pequenos, 5 colheres para sopa, 7 colheres para sobremesa, 11 colheres para chá (58 peças) tudo por 70$000; 

1 Colher de metal 2$000; 

3 Esteirinhas de palha 14$000; 

1 Serviço de granito, constando de 1 terrina, 1 saladeira, 2 travessas, 1 prato coberto, 1 molhadeira, 1 fruteira, 19 pratos rasos, 1 prato fundo, 5 xícaras, 3 canequinhas para café, 10 pires avulsos, tudo 25$000; 

12 copos de vidro (1/2 cristal) 10$000; 8 cálices de cores (vidro) 6$000; 

7 cálices cristal para licor 5$000; 2 Garrafas cristal para licor 6$000; 

2 Garrafas vidro para vinho 4$000; 

1 Compoteira de vidro 1$000; 

2 Fruteiras de vidro 2$000; 

1 Fruteira vidro de cor 3$000; 

2 Copos vidro de cor 1$000; 

1 Bandeja metal (mau estado) 1$000; 

1 Cesta de metal 2$000; 

2 Bules e 1 açucareira metal (em mau estado) 5$000; 

4 Taças de cristal para champanhe 5$000, 

2 Toalhas e 4 guardanapos 14$000; 

1 Lote de roupas de uso 2$000.

Livros – 

400 volumes encadernados de diversos autores 600$000; 

600 volumes em brochura de diversos autores 300$000;

 400 Folhetos de diversos autores 120$000.

2:718$000 – Importa a presente avaliação na quantia de dois contos, setecentos e dezoito mil réis."


Uma última imagem


Possivelmente a última foto de Machado em vida.

Nessa nova foto, Machado aparece de forma muito diferente da imagem tirada por Malta: de pé, altivo, com a mão na cintura e um semblante sério, elegantemente vestindo um fraque. 

A foto foi publicada na revista argentina “Caras y Caretas” em edição de 25 de janeiro de 1908, e sua descoberta se deu praticamente por acaso. O publicitário paraense Felipe Rissato foi pesquisar o acervo do site da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de España atrás de uma caricatura do Barão do Rio Branco – e acabou se deparando com a imagem de Machado em uma reportagem.

 


terça-feira, 21 de setembro de 2021

VAMOS FAZER DO RIO UMA CIDADE PERFEITA? 1951, há 70 anos!




Em setembro de 1951
o engenheiro Raymundo de Castro Maya 
analisa e sugere soluções e projetos para a cidade do Rio,
que para ele 
"Há muito tempo que a cidade 
parece abandonada"







Na página 5, a explanação.




recortes de reportagem de 21 de setembro de 1951, jornal O GLOBO



quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Zé Keti, 100 ANOS



Hoje comemoramos 
o centenário de nascimento 
do sambista carioca e grande compositor
da Música Popular Brasileira,
Zé Keti



Zé Keti foi um dos grandes compositores da Portela e um autêntico representante do samba de raiz, autor de vários clássicos do gênero.

José Flores de Jesus, Zé Kéti, viveu em uma casa onde eram frequentes as rodas de choros, com presença de músicos como Cândido (Índio) das Neves e Pixinguinha. Em 1924, com a morte do pai, passa a morar com o avô. Além do interesse pela música, na infância, ganhou um apelido, Zé Quieto, que é encurtado para Zé Quéti, e, grafado com um K, torna-se o nome artístico. 

A inicial K era a letra que na época era vista como de sorte, 
nomeava estadistas como Kennedy, Krushev e Kubitscheck.

Aos 13 anos, quando morou no subúrbio de Piedade, é levado por Geraldo Cunha, compositor da Estação Primeira de Mangueira, para assistir aos ensaios da escola de samba. Foi seu primeiro contato com a música do morro.

Sua escolaridade limita-se ao curso primário. Ainda muito jovem, trabalhou numa fábrica de calçados, até atingir a idade do alistamento militar. Com o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial, Zé Kéti se transferiu, em 1940, para a Polícia Militar (PM), no intuito de não ser chamado para a guerra. Contudo, não deixa de frequentar a noite carioca e compor para diferentes escolas de samba. Quando sai da PM, emprega-se em uma gráfica, mas a vida boêmia ocasiona constantes atrasos no trabalho e, consequentemente, sua demissão.

No início dos anos 1950, compõe o samba que se torna um dos seus maiores sucessos, A Voz do Morro. A música é gravada pelo cantor Jorge Goulart, em 1955, com arranjo de Radamés Gnattali. 






No mesmo ano, a composição é tema do filme Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, e posteriormente do programa Noite de Gala (TV Rio, Canal 13), em orquestração do maestro Luiz Arruda Paes, em 1957.




 Das conversas quando frequentava o bar Zicartola, surge a ideia de realização de uma apresentação musical. O resultado é a peça Opinião, de autoria de Oduvaldo Vianna Filho, nomeada a partir do samba homônimo de Zé Kéti, que estreia no ano de 1964, estrelada por Nara Leão.

 


 Na peça também são lançadas  Diz que Fui por Aí (parceria com Hortêncio Rocha) e Acender as Velas.







Um frequentador assíduo da noite carioca, Zé Kéti chegou a compor para diferentes escolas de samba, como a Mangueira, a União de Vaz Lobo e a Portela. Contudo, depois que chegou à Portela, com o samba Jequitibá, virou um portelense apaixonado pela escola, para a qual compos diversas músicas como Portela Feliz, que se tornou uma espécie de hino.




No Carnaval de 1967, 
com Hildebrando Pereira Matos, 
compõe a marcha-rancho e 
um dos maiores êxitos de sua carreira,
Máscara Negra


Máscara Negra, com Zé Keti, foi lançada pelo selo Mocambo, da Rozenblit, em janeiro de 1967.




No início dos anos 1970, separou-se da segunda mulher - com a primeira teve cinco filhos - e foi para São Paulo. Em 1987, no início de julho, teve o primeiro derrame cerebral. . Em 1995, voltou para o Rio e foi morar com uma das filhas. Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. 


Em agosto, com a morte de sua ex-mulher, entrou em profunda depressão. Morreu a 14 de novembro, aos 78 anos, de falência múltipla dos órgãos.



Uma das mais lindas de suas canções...MASCARADA





terça-feira, 14 de setembro de 2021

Zizinho, 100 anos!


Com a bola nos pés, Zizinho virou um mito. 





 Nasceu no dia 14 de setembro de 1921, em São Gonçalo.


No Flamengo fez sua estreia aos 18 anos de idade e, aos 19, já integrava o time titular rubro-negro, onde permaneceu até 1950. Era o camisa 8. E com ela jogou ao lado de Domingos da Guia e Leônidas da Silva foi campeão carioca de 1939 e conquistou o tricampeonato estadual nos anos de 1942, 1943 e 1944.

Ao todo, o craque participou de 318 partidas e marcou 145 gols. Em 1942 foi convocado para a Seleção Brasileira, onde marcou 30 gols em 54 jogos. Zizinho teve uma atuação de destaque na Copa de 50 no Brasil, e, apesar da derrota de 2×1 para o Uruguai, recebeu o apelido de “Mestre Ziza”.





 

O jornalista italiano Giordano Fatori, que cobriu a Copa d 50, escreveu

 “O futebol de Zizinho me faz lembrar 
Da Vinci pintando alguma obra rara”.


Zizinho era um líder e tinha personalidade. Era o jogador que carregava o time na direção do gol. Ele tinha raça, era um guerreiro em campo e gostava de driblar os adversários. Além da habilidade, Ziza era famoso pela valentia e não aceitava desaforo. 

Se apanhasse em campo, também batia. Diz a lenda que chegou a jogar com a perna quebrada em duas partidas. Um meia armador com categoria, e generoso: dava passes açucarados para os atacantes fazerem gols.

Curiosidade

O sonho de Zizinho era jogar no América, o clube do coração, mas não foi aprovado. Então fez um teste no time da Gávea. O técnico da época, Flávio Costa,  o colocou durante um treino no lugar de Leônidas da Silva, o Pelé da época, e Zizinho marcou dois gols. Conclusão..ele foi contratado a pedido do treinador. 

No Flamengo, ganhou o apelido de Mestre Ziza.
O cantor, compositor e torcedor rubro-negro Ciro Monteiro
o chamava de “Ziza”
e “Mestre” era como o locutor Oduvaldo Cozzi
o tratava em campo.

Vestindo o manto sagrado

Com Leônidas





Zizinho defendeu o rubro-negro de 1939 a 1950 e fez história. Em 318 jogos, marcou 146 e foi considerado o maior ídolo até o surgimento de Zico.

Tinha como marca registrada o “drible em zigue-zague” e a paradinha nas cobranças de pênaltis, movimento que inspirou o Rei Pelé.

Com Pelé em 1958


Atuava na meia, no ataque, marcava bem, era um ótimo cabeceador, driblava como poucos, sabia armar. Além de tudo, não tinha medo de cara feia. Jogava duro quando preciso.




Outro craque que se inspirou no Mestre Ziza foi Gérson, meio campista brasileiro que teve destaque como segundo melhor jogador da Copa do Mundo de 1970. Zizinho era amigo do pai de Gérson, e, quando este iniciou a carreira como jogador, ouvia atentamente todos os conselhos do Mestre, tanto de marcação como visão de jogo e distribuição de passes. Como agradecimento, o “Canhotinha de Ouro” sempre cita Zizinho como seu mentor e maior incentivador na carreira de jogador.

Reconhecido como um dos maiores craques do Maracanã, teve seus pés gravados no hall da fama do estádio. A placa com as pegadas de Zizinho foi uma das 73 peças perdidas durante a última reforma do estádio, em 2013, mas acabou reencontrada em 2019.

Outras homenagens vieram depois da morte do Mestre, como a renomeação do estádio Caio Martins para estádio Thomaz Soares da Silva/Mestre Ziza, em Niterói, em 19 de fevereiro de 2002. Em 9 de novembro de 2006, o nome de uma rua do bairro carioca de Campo Grande, foi alterado para Tomás Soares da Silva (uma das formas como alguns veículos de imprensa grafavam o nome dele).

Também há alguns anos, a torcida do Bangu, clube onde jogou de 1950 até 1957 e o quinto maior artilheiro (127 gols), carrega uma bandeira com o rosto do Mestre Ziza.

Por fim, em 2019, os organizadores da Copa América no Brasil realizaram um concurso digital para definir o nome da mascote da competição, uma simpática capivara. Com 65% de votos, foi escolhido o nome de Zizito, em homenagem ao Mestre Ziza, um dos maiores artilheiros do torneio sul-americano.


“Eu era um guerreiro da bola, 
não gostava de maltratá-la, 
ela era o amor da minha vida”
disse emocionado Zizinho.








Ele morreu aos 80 anos, em 2001, em casa, conversando com a filha Nádia dias após operar um aneurisma no coração.




Belíssima canção de Max Vianna e João Vianna em homenagem ao grande Zizinho!



quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Orfeu da Conceição, 1956



Há 65 anos...


A peça “Orfeu da Conceição”, escrita por Vinicius de Moraes foi encenada pela primeira vez em setembro de 1956, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

A temporada curta não foi suficiente para cobrir os gastos. A cenografia foi assinada por ninguém menos do que Oscar Niemeyer. “Orfeu da Conceição” foi escrito em decassílabos, intercalados pelas canções de Tom Jobim. Mas a grande sacada de Vinicius foi enxergar alguma similaridade entre a vida nas favelas cariocas e as celebrações da Grécia antiga. Surgia aí a ideia de levar o mito grego de Orfeu para o morro. O elenco era inteiramente formado por 45 atores, todos negros.


cartaz da peça






Cenário para a peça de Oscar Niemeyer




Grandes fotógrafos da imprensa brasileira da época cobriram os ensaios da peça. José Medeiros, fotógrafo da famosa revista O Cruzeiro, foi um dos nomes que registraram os bastidores de preparação para o Orfeu da Conceição.








reportagem da Revista do Globo




Uma curiosidade

Foi também por causa de Orfeu da Conceição que Vinícius iniciou sua parceria brilhante com Tom Jobim. Através de Lucio Rangel, o poeta conhece o compositor e ambos trabalham na trilha sonora da peça.

Após ser apresentado a Vinícius de Morais e receber o convite para fazer com ele a música de Orfeu, Tom pergunta a Vinícius...


"Tem um
dinheirinho
nisso aí?"





sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Edifício Igrejinha, em Copacabana há 75 anos

 


O anúncio publicado no jornal de 
7 de setembro de 1946, 
divulgava as últimas unidades à venda 
do EDIFÍCIO IGREJINHA.
Á época, número 1000 da avenida Atlântica 
e hoje 3916.








aspecto atual do EDIFÍCIO IGREJINHA - AVENIDA ATLÂNTICA




O Igrejinha é um condomínio localizado na Avenida Atlântica no bairro Copacabana, em Rio de Janeiro - RJ. Seus apartamentos têm entre 158 e 600 m², entre 3 e 7 quartos, de até 6 suítes, 10 banheiros e 1 vagas de garagem. Há porém apartamentos sem vaga na garagem. 

Ao lado do Edifício Igrejinha, na Atlântica, fica um outro edifício emblemático de Copacabana:  o Edifício Ypiranga, onde Oscar Niemeyer tinha , na cobertura, seu escritório de arquitetura



aspecto atual do EDIFÍCIO IGREJINHA - AVENIDA  N S DE COPACABANA




   Curiosidades

Os valores dos apartamentos voltados para a Avenida Atlântica  variam de um milhão e duzentos mil até quase 4 milhões.

Os aluguéis variam de 7 500 reais e podem ultrapassar a casa dos 22 mil, se for uma cobertura, de mais de 500m2.