sábado, 30 de setembro de 2017

Leny Andrade: encontro de bambas cariocas!





Maravilhosos encontros!









quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Crônica carioca de todos os tempos


Publicada no jornal O GLOBO, essa crônica maravilhosa fala de deliciosas coisas cariocas.


"O menino no cavalo de São Jorge 
Luiz Antonio Simas


Há quem ache que a distribuição de doces de Cosme e Damião foi pro beleléu. Não é o que vejo na Zona Norte do Rio 

       Setembro é mês de se festejar São Cosme e São Damião nas igrejas, nos terreiros e ruas. No terreno fértil das crenças brasileiras, a celebração dos médicos gêmeos, martirizados por Diocleciano nos cafundós do século IV, é marcada pela circulação entre os ritos do cristianismo popular, as múltiplas áfricas e as encantarias indígenas. É a festa de sabores e saberes que se encontram para inventar certo Brasil generoso; aquele que desafia o Brasil tacanho, intransigente, fundamentalista e boçal que cotidianamente mostra os dentes com a fúria de uma vara de javalis.

 Acelebração de Cosme e Damião dos meus tempos de menino era marcada pelo ritual da distribuição de doces. Minha avó, como pagamento de promessa, distribuía no Jardim Nova Era, em Nova Iguaçu, centenas de saquinhos para a meninada. Uma semana antes da festa, a coisa já esquentava com a distribuição dos cartões que dariam direito aos saquinhos. O avô carimbava meticulosamente os cartões numerados com a imagem dos santos, o endereço e a data certinha da distribuição.
 A turma só faltava sair no cacete com golpes e voadoras de telecatch para conseguir um deles. 

Os saquinhos da avó vinham com cocô-de-rato, suspiro, maria-mole, cocada, doce de abóbora, pirulito, pé de moleque, paçoca, mariola, jujubas e balas. Eles hoje levariam ao desespero os adeptos dos saquinhos descolados, saudáveis e um tiquinho tristes. Para ensacar tudo, fazíamos linha de montagem, com os doces organizados em esteiras e os saquinhos passando de mão em mão. 
Dar o migué e mandar alguns para o bucho era parte de um rito que periga desaparecer. A última moda agora é a da turma que compra saquinhos prontos; aqueles que poupam o tempo, mas matam a sociabilidade da preparação dos mimos e ignoram o caráter sagrado do ato de encher os saquinhos com as próprias mãos. 

Há quem ache que o hábito da distribuição de doces de Cosme e Damião foi pro beleléu. Não é isso que vejo na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ainda que a coisa ande feia pra turma chegada à festa, por aqui é possível ver uma meninada driblando a cidade cada vez mais projetada para os carros, as restrições do bonde da aleluia, que sataniza os doces, e cruzar com gente pagando promessa e distribuindo saquinhos. Os terreiros de umbanda, mesmo sob risco de ataque dos fanáticos, continuam fazendo as suas giras para Dois-Dois. A igreja dedicada aos gêmeos, no Andaraí, fica parecendo até quintal em dia de samba de roda: é alegria na veia. 

Faz parte também dos fuzuês a tradição do caruru dos meninos. O caruru, prato de origem indígena que se africanizou no Brasil e abrasileirou-se nas áfricas, é ofertado entre nós largamente no dia de Cosme e Damião (o costume é popularíssimo na Bahia) e encontra vínculo simbólico com o ekuru (bolinho de feijão), a comida ofertada a Ibeji, orixá que protege os gêmeos nos candomblés. Manda o preceito que o caruru seja inicialmente distribuído a sete crianças, representando Cosme e Damião e os irmãozinhos que eles ganharam por obra e graça da tradição popular: Doum, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi. 



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Lambuzado das recordações da meninice, me confesso especialmente fascinado pela presença do pequeno intruso entre os gêmeos: o citado Doum, aquele que nos terreiros de umbanda passeia no cavalo de Ogum e nas estátuas dos santos vendidas no Mercadão de Madureira aparece entre os mais velhos, vestido como eles. Vigora entre os iorubás tradicionais a crença de que a mãe de gêmeos que não tenha em seguida um novo filho pode endoidar. O filho que nasce depois dos gêmeos é chamado sempre de Idowu (de etimologia incerta). Vivaldo da Costa Lima, em ensaio sobre o assunto, sugere que o nome talvez venha de Owú; ciúme, em iorubá (“Cosme e Damião: O culto aos santos gêmeos no Brasil e na África”). Idowu seria, por hipótese, o pestinha com ciúmes dos irmãos mais velhos. Virou Doum no Brasil; o irmãozinho de Damião e Cosme. 

O encontro entre o orixá Ibeji e os santos médicos cristãos é um golaço marcado nas encruzilhadas bonitas da vida. Doum é a crioulidade como empreendimento de invenção do mundo transgredindo o precário; ele é o menino de um Brasil possível. Encantado nas esquinas suburbanas, guri descalço na garupa do cavalo de São Jorge, é a Doum que certo Brasil oficial, pensado como um projeto de desencantamento da vida pela domesticação dos corpos nas cidades dormitórios e nos currais das celebridades parece querer matar. Não conseguirá. Ninguém há de matar um protegido pela força de São Cosme e São Damião em seu galope vadio de passeador: o Brasil moleque no alazão da lua. "


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

RIO... viajando na poesia



Em dobradinha
Com o blog NOSSOS VIZINHOS ILUSTRES
por aqui também curtindo o carioca..
OLAVO BILAC.


Quero um beijo sem fim
Que dure a vida inteira
E aplaque o meu desejo
Ferve-me o sangue:
Acalma-o com teu beijo

***

Nel mezzo del camin…
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha…

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje segues de novo… Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

***

Ao coração que sofre
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

***
Em mim também
Em mim também, que descuidado vistes,
Encantado e aumentando o próprio encanto,
Tereis notado que outras cousas canto
Muito diversas das que outrora ouvistes.
Mas amastes, sem dúvida … Portanto,
Meditai nas tristezas que sentistes:
Que eu, por mim, não conheço cousas tristes,
Que mais aflijam, que torturem tanto.
Quem ama inventa as penas em que vive;
E, em lugar de acalmar as penas, antes
Busca novo pesar com que as avive.
Pois sabei que é por isso que assim ando:
Que é dos loucos somente e dos amantes
Na maior alegria andar chorando.
***
Palavras
As palavras do amor expiram como os versos,
Com que adoço a amargura e embalo o pensamento:
Vagos clarões, vapor de perfumes dispersos,
Vidas que não têm vida, existências que invento;
Esplendor cedo morto, ânsia breve, universos
De pó, que o sopro espalha ao torvelim do vento,
Raios de sol, no oceano entre as águas imersos
-As palavras da fé vivem num só momento…
Mas as palavras más, as do ódio e do despeito,
O “não!” que desengana, o “nunca!” que alucina,
E as do aleive, em baldões, e as da mofa, em risadas,
Abrasam-nos o ouvido e entram-nos pelo peito:
Ficam no coração, numa inércia assassina,
Imóveis e imortais, como pedras geladas.

sábado, 23 de setembro de 2017

Wanda Sá Cantando o Rio...

Do excelente CD CÁ ENTRE NÓS,  Wandá Sá  
cantando o Rio...




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EM TEMPO EU TE AMO   de Carlos Lyra

SAMBA PEQUENO    de Dudu Falcão


Pra ouvir e curtir!

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

RIO PRA OUVIR E ...CURTIR!





Pra ouvir e curtir a bela canção carioca NESTE MESMO LUGAR , de Klecius Caldas e Armando Cavalcanti, sucesso dos anos 1950 de Dalva de Oliveira, belamente revisitado por Simoninha.





domingo, 17 de setembro de 2017

Aniversariante Confeitaria Colombo...


17 de setembro de 1894 começava uma história de amor com a cidade, de um negócio vivo até os dias atuais e querido de todos: CONFEITARIA COLOMBO.


Remexendo no baú, achei alguns flashes ...

 ano 1994, ano do centenário



Clique AQUI e (re)veja!

PARABÉNS ... CONFEITARIA COLOMBO!


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Revisitando TITO MADI

Vale a pena (re)ler e ouvir!

 Clique acima e curta!

terça-feira, 5 de setembro de 2017

5 de setembro...aniversário da Ilha do Governador

Comemorando o aniversário da minha querida Ilha do Governador!

Fotos de outros tempos.
De uma Ilha mais calma,mais vazia.

Saí de lá, onde morei, há mais de 40 anos. Segui outros caminhos e nunca mais retornei. Saudades.


Jardim Guanabara – Praia da Bica – década de 1950Ponte – 1950 A inauguração da Ponte, ligando a Ilha do Governador ao continente, cuja construção levou 4 anos, fez com que muitos curiosos passassem a admirar a obra . Para os residentes na Ilha, era um orgulho, passar pela ponte e para aqueles que residiam no continente, os finais de semana passaram a ter mais um atrativo: o banho de mar na Pedra da Onça!
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Fotos: reprodução da internet

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Setembro chegando...



... e me lembro do filme QUANDO SETEMBRO VIER, dos anos 60,
que vi no antigo cine São Luis, do Largo do Machado,
um belo exemplo da arquitetura carioca que absurdamente foi abaixo.


Recordando o  São Luis, da minha infância, e a música do filme, que marcou época!

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