sexta-feira, 27 de julho de 2012

Gravadora Elenco, 50 anos


A gravadora Elenco foi criada em 1962 e se destacou entre as demais por ter sido a que mais investiu na consolidação da Bossa Nova




Por lá passaram grandes nomes do movimento como Tom Jobim, Nara Leão, Vinícius de Moraes, Maysa, Quarteto em Cy e Roberto Menescal.

Além da dedicação ao novo gênero musical, a gravadora apresentava um design inovador em suas capas. Os LP’s eram criados em tons de preto, branco e alguns detalhes em vermelho. Algumas capas traziam ilustrações ou fotos em alto contraste – uma grande novidade para a época.









O efeito de simplificação e sofisticação gráfica – algo similar ao que estava ocorrendo na música – surpreende até hoje.


O responsável por essa identidade visual surpreendente foi o designer autodidata Cesar Villela. 


Cesar \Villela


Ele desenvolvia todos os trabalhos, desde o logotipo até os projetos gráficos mais complexos. Seu trabalho começou na gravadora Odeon, onde havia criado cerca de mil capas, já iniciando um processo de simplificação gráfica. Porém, o estilo alçou maior êxito na Elenco.


Em meio às habituais capas da época, onde prevaleciam a estética do excesso, as capas da Elenco se sobressaiam. Os principais trabalhos eram desenvolvidos em capas de disco, mas o “Visual Bossa Nova” também alcançou o universo editorial, como por exemplo, na Revista O Cruzeiro.



domingo, 22 de julho de 2012

Edifício Mayapan, pérola do art déco carioca

O Edifício Mayapan,  na Avenida Almirante Barroso, 91,  é  um exemplar extravagante e único no conjunto das obras construídas no Rio de Janeiro durante o período art déco.




Projeto de Mário Sodré, da construtora Freire e Sodré, o prédio foi erguido em 1940 e pertencia originalmente à Companhia de Imóveis do Rio de Janeiro.

 O “Bolo de Noiva”,  apelido natural dado pelos cariocas por conta “das características rebuscadas da decoração aplicada em suas fachadas, lembrando o glacê de açúcar”, foi batizado com o nome de um sítio arquelógico, no México, que foi um centro político e cultural da civilização maia antes da chegada dos europeus à região.



detalhe da fachada


detalhe do piso da entrada


hall de entrada


detalhe da escada


portão de entrada



Fotos: blog Luiz Neves UFRJ

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Copacabana Palace, o filme, há 50 anos


Em 1962, uma produção franco/Italiana/brasileira lançou Copacabana Palace, um filme que primou pela qualidade da trilha sonora, onde estão presentes João Gilberto, Tom Jobim, Luis Bonfá, Os Cariocas e Norma Bengell.

Além disso, as imagens em Technicolor de um Rio de Janeiro do princípio da década de 60 são belíssimas.

O filme começa com um avião da Panair pousando no Santos Dumont, enquanto, na trilha sonora, uma cantora italiana, em português, canta ‘Samba do avião’.
Três estrangeiros desembarcam no Rio: uma princesa (Mylene), que chega cheia de fantasias de passar três noites de amor tórrido com o amante que trouxe da Europa; um golpista que banca o milionário para roubar as jóias de milionários de verdade; e uma aeromoça (Koscina), que quer aproveitar a escala no Rio para travar um contato mais profundo com um artista brasileiro que tinha conhecido em Lisboa:Tom.Todos se hospedam no Copacabana Palace. 


Uma cena ótima:


 
João Gilberto, Luis Bonfá e Tom Jobim tocando a música Canção do Mar (Luis Bonfá / Maria Toledo) na praia (Barra da Tijuca) acompanhados de 3 belas atrizes (Sylvia Koscina, Gloria Paul e Laura Brown)





O elenco:

Sylva Koscina, Walter Chiari, Mylène Demongeot, 
Paolo Ferrari, Gloria Paul, Claude Rich, Ruggero Baldi, 
Raymond Bussières, Francis De Wolff, Franco Fabrizi




O LP da trilha sonora tinha as seguintes faixas:

01 – Só Danço Samba (Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes) - JOAO GILBERTO E OS CARIOCAS
02 – Tristeza (Luiz Bonfá / Maria Helena Toledo) - NORMA BENGELL
03 – Samba do Avião (Antonio Carlos Jobim) - MIGUEL
04 – Musique originale du Carnaval de Rio 1962  - ORQUESTRA GIANNI FERRIO
05 – Samba do Avião (Antonio Carlos Jobim) -  JULA DE PALMA  E OS 4×4 DE NORA ORLANDI
06 –  Sambolero (Luiz Bonfá / Maria Helena Toledo) -  LUIZ BONFÁ
07 – Canção do Mar (Luiz Bonfá / Maria Helena Toledo) - LUIZ BONFÁ, JOAO GILBERTO e ANTONIO CARLOS JOBIM




sábado, 14 de julho de 2012

Em clima de Olimpíadas...2


... vamos relembrar
GRANDES ATLETAS CARIOCAS,

que encheram a cidade do Rio de Janeiro de orgulho.


 Nelson Pessoa  (hipismo)

Nelson Pessoa entre o 
Tenente cel Eloy Menezes e Tenente cel Renyldo 

No início da década de 60, um jovem carioca foi tentar carreira profissional na Europa. Até aí tudo bem, não fosse a carreira escolhida: cavaleiro.
Naquela época o hipismo no Brasil era um esporte pouquíssimo praticado pela população civil. Os militares eram maioria entre os praticantes,e, o jovem Neco, quase um garoto, vencia competições importantes no cenário nacional, e rapidamente passou a integrar o time eqüestre brasileiro.
Em 1956 participa das Olimpíadas de Estocolmo. No ano de 1961 surge a oportunidade de seguir para a Europa.
Nelson Pessoa Filho começa a se tornar uma legenda, e a abrir caminho para uma legião de cavaleiros brasileiros, que seguiram seus passos, sua técnica apuradíssima. E fica conhecido como o "Feiticeiro", tamanho o encantamento de sua equitação.
Em 1967, nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg, Canadá, o Brasil surpreende os favoritos, e conquista a medalha de ouro, com uma equipe formada por Nelson Pessoa Filho, Antônio Alegria Simões, José Roberto Reynoso Fernandes e o Cel. Renyldo Ferreira. Neco conquista a medalha de prata individual.
Um jovem brasileiro foi capaz de se transformar num dos mais importantes cavaleiros de todos os tempos, capaz de influenciar, com sua técnica e estilo incomparáveis, toda a equitação mundial.
 Nelson Pessoa  está para o hipismo, assim como Pelé está para o futebol.Um craque nas pistas,   um profundo conhecedor da psicologia do cavalo, e um estudioso das linhas genealógicas dos cavalos de esporte.
Ele também se destaca como técnico, já tendo orientado as equipes de inúmeros países europeus, do oriente médio e também a do Brasil, tendo ajudado na conquista da medalha de bronze em Atlanta, a primeira medalha olímpica do esporte equestre brasileiro. O maior feito de Neco como treinador é a brilhante carreira de seu filho Rodrigo Pessoa, Campeão Mundial em 1998.
 Nelson Pessoa,  representou o Flamengo por vários anos, sendo que disputou duas Olimpíadas quando ainda atleta do clube.

Róbson Caetano (atletismo)






Especializado em corridas de curta distância, participou de quatro Jogos Olímpicos, ganhando um bronze nos 200 metros rasos em Seul 1988 e outro bronze no revezamento 4x100 m, em Atlanta 1996

Teve uma série de três vitórias na Copa do Mundo (1985, 1989 e 1992) nos 200 metros. Em sua carreira, da bateu dois recordes sul-americanos nos 100 metros e cinco nos 200 m. Em 1989, ele terminou classificado como número um do mundo, com um tempo de 19s96 nos 200 m.
Até hoje é o detentor do recorde sul-americano da prova dos 100m rasos, com o tempo de 10s cravados, obtido em 31 de maio de 1988.


Jacqueline Silva (vôlei de praia)





 "Jackie"  foi levantadora titular da seleção brasileira do vôlei de quadra, nos Jogos Olímpicos de Moscou em 1980 e de Los Angeles em 1984 - onde foi considerada a melhor levantadora dos Jogos.

Durante os anos 80, deixou o Brasil e foi jogar na
 Europa e na América do Norte, onde começou a participar do vôlei de praia, que virava uma febre. Acabou tornando-se a melhor jogadora de praia dos Estados Unidos e conquistou o primeiro lugar no ranking mundial.

No começo dos anos 90, a então considerada melhor jogadora de vôlei de praia do mundo pelas próprias adversárias, formou parceria com a também carioca Sandra Pires e venceram juntas praticamente todos os torneios dos quais participaram no Brasil e nos EUA.
Sua consagração definitiva como atleta aconteceu então nos Jogos de Atlanta em 1996, na estréia como esporte olímpico do vôlei de praia, quando ela e Sandra  tornaram-se as primeiras mulheres brasileiras a conquistarem uma medalha de ouro olímpica em 100 anos de Olimpíadas.


Patrícia Amorim( natação)





 A carioca, e atual presidente do Flamengo, foi 28 vezes campeã brasileira nos 200, 400, 800 e 1.500 metros livres. Entre os anos de 1983 a1989, superou 29 recordes sul-americanos e quebrou a ausência feminina de 16 anos do Brasil nas olimpíadas indo aos Jogos de Seul, em 1988, onde não chegou às finais, mas estabeleceu os recordes sul-americanos nos 200 e 400 metros livres.


 Nos Jogos Pan-americanos de Indianápolis em 1987, alcançou o 4º lugar no revezamento 4x100m medley e nos 200m livre.
Disputou as Olimpíadas de Seul em 1988, ficando em 11º lugar no revezamento 4x100m livre.
Parou de nadar em 1991, terminando sua carreira nas piscinas da Gávea 




Anjinho( vôlei de praia)





Eduardo Bacil, o Anjinho, foi um dos precursores do voleibol de praia no Brasil.


A carreira no vôlei de praia começou no final dos anos 80, e em 1990, com 19 anos, e se tornou o mais novo campeão brasileiro.
Repetiu a façanha em 91, recorde até hoje não batido na historia do vôlei de praia brasileiro. 


Conquistou também vários títulos estaduais e sul-americanos e o vice-campeonato mundial no Rio, em 1993, quando o vôlei de praia foi apresentado ao presidente do comitê olímpico internacional.




Decidiu formar com Loiola uma nova parceria na praia. Na época, o esporte ainda conquistava seu espaço. 

O Brasil começava a sediar etapas do Mundial e os americanos Randy Stoklos e Sinji Smith faziam a festa. Por aqui venceram cinco vezes aqui. Tanto que eram apelidados de Reis do Rio.

Mas, no Mundial de 93, Loiola e Anjinho surpreenderam. E num dos jogos mais emocionantes de todos os tempos, os dois garotos de pouco mais de 20 anos levaram a torcida ao delírio. 



Com ousadia, venceram Stoklos e Smith, dupla número um do mundo. 

O Rio ganhava dois príncipes.




sexta-feira, 13 de julho de 2012

Em clima de Olimpíadas...



Vale relembrar o saque jornada nas estrelas -  novidade explosiva dos anos 80, que levou pânico a nossos adversários - criação do atleta carioca BERNARD, ídolo da geração de prata do vôlei nacional.




terça-feira, 3 de julho de 2012

O primeiro FLA-FLU

O Fla-Flu, considerado o clássico mais charmoso do Brasil, completa 100 anos no dia 7 de julho.


É uma história que resiste ao tempo, que acumula causos, que desemboca no imaginário de novos torcedores. E que começa nas Laranjeiras, diante da percepção de poucos homens, sem a atenção dos jornais da época, como se fosse uma partida qualquer.
Não era.

Nove jogadores se rebelaram no Fluminense e decidiram sugerir a outro clube da cidade, o Flamengo, que passasse a ter um time de futebol. Foi na pensão da Rua Almeida, no quarto de Píndaro - um dos 9 - pertinho das Laranjeiras, que os rebeldes decidiram deixar o Fluminense.

Píndaro era um sujeito tímido, recluso, que não gostava de falar sobre seus feitos em campo. Apelidado de "Gigante de Pedra", era um zagueiro firme. Virou médico. Fora dos campos, pouco mencionou o Fla-Flu de 1912, como se não tivesse noção de quão histórica era aquela partida.

 O processo da debandada foi capitaneado por Borgerth, que levou ao Flamengo a sugestão da criação do time de futebol em um clube até então especializado em remo.  Não tinha ideia de que estava iniciando a formação da maior torcida do Brasil.

"Há um parentesco óbvio
entre o Fluminense e o Flamengo. 
E como este se gerou
no ressentimento, 
eu diria que os dois
são os irmão Karamazov 
do futebol brasileiro"

Nelson Rodrigues

Foi por um incômodo com os rumos do time do Fluminense que os nove jogadores debandaram para o Flamengo.




O jornal "O Paiz" foi dos que mais destacaram o jogo. Deu uma coluna para ele. No texto, o periódico lembra que o Flamengo era favorito ao observar que

 "o resultado do campo da Rua Guanabara não foi absolutamente presagiado por nenhum amador do violento sport".

A publicação não esquece a origem do Flamengo:

 "É natural; todos os leitores sabem perfeitamente que a constituição de tão formidável equipe foi resultado de uma desavença entre antigos conxosocios do mesmo centro, e que a parte refractaria, reunida a outros 'dissidentes', fizeram nascer o Flamengo."

O jornal diz ainda que o "meeting" entre os "teams" foi visto por

 "numerosa, selecta e expansiva assistencia".

Entre os diários que noticiaram o jogo (o "Correio da Manhã", por exemplo, o ignorou por completo), ficou evidente o assombro com a vitória do Fluminense. "O jogo ficou aquém da expectativa, podendo-se considerar o seu resultado como uma sorpresa", escreveu o "Jornal do Commercio". Já o "Gazeta de Notícias" classificou o encontro como "dos melhores a que temos assistido".

No primeiro FLA-FLU   deu 3 a 2 pro Fluminense, embora o favoritismo do Flamengo.


Há quem pense, e é o caso de Nelson Rodrigues, que a história do Fla-Flu seria radicalmente diferente se o Flamengo tivesse comprovado seu favoritismo e vencido aquele jogo. A rivalidade, entende o cronista, não seria a mesma. Ele disse:

- Vejam como, histórica e psicologicamente, esse primeiro resultado seria decisivo. Se o Flamengo tivesse ganho, a rivalidade morreria, ali, de estalo. Mas a vitória tricolor gravou-se na carne e na alma flamengas. E sempre que os dois se encontram é como se o fizessem pela primeira vez.