segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O carioca Oscar Niemeyer, aniversariante de dezembro

 Oscar Niemeyer nasceu no bairro de Laranjeiras, na rua Passos Manuel, que receberia no futuro o nome de seu avô Ribeiro de Almeida, ministro do Supremo Tribunal Federal.

Para a sua cidade natal deixou obras marcantes, que aqui destacamos três delas, como nossa homenagem e respeito ao grande arquiteto. 

Seu primeiro projeto individual,  no Rio de Janeiro , foi a Obra do Berço, em 1937  e inaugurado em 1938, no bairro da Lagoa.. Neste edifício nota-se a presença dos elementos defendidos na arquitetura moderna e a influência do arquiteto francês Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a  fachada livre -  possibilitando a abertura total de janelas -  o terraço-jardim e o brise-soleil, pela primeira vez utilizado na vertical.



maquete


O edifício do MEC, inaugurado em 1943, foi outro marco em sua carreira. Em 1936, o escritório onde Niemeyer trabalhava como estagiário, dirigido por Lúcio Costa e Carlos Leão, foi chamado pelo então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (que anulara o concurso público ganho por Archimedes Memoria), para projetar o novo edifício do Ministério. Foi montada uma equipe de arquitetos, que trabalharam sob assessoria ao arquiteto Le Corbusier. Essa equipe era formada por Affonso Eduardo ReidyErnani VasconcellosJorge MoreiraCarlos Leão e Oscar Niemeyer.

O edifício do MEC eleva-se da rua apoiando-se em pilotis, o que mantém o prédio "suspenso", permitindo o trânsito livre de pedestres por baixo dele. Ainda, o prédio uniu os maiores nomes do modernismo brasileiro, com azulejos de Portinari, esculturas de Alfredo Ceschiatti e jardins de Roberto Burle Marx e é considerado o primeiro grande marco da arquitetura moderna no Brasil.





A casa das Canoas nome da estrada em que se encontra,  na realidade Rua Carvalho de Azevedo, em São Conrado - construída como sua residência é outro destaque  de sua arquitetura. Construída em 1951 e 52,  foi tombada em 2007 pelo IPHAN. Ela é uma diferenciada integração entre espaços arquitetônicos abertos e ambiente natural de rochavegetação e água, uma das mais indiscutíveis obras-de-arte de Niemeyer.





" MINHA PREOCUPAÇÃO FOI PROJETAR ESSA RESIDÊNCIA COM INTEIRA LIBERDADE, 
ADAPTANDO-A AOS DESNÍVEIS DO TERRENO,
 SEM O MODIFICAR, FAZENDO-A EM CURVAS, 
DE FORMA A PERMITIR QUE A VEGETAÇÃO NELAS PENETRASSE, 

SEM A SEPARAÇÃO OSTENSIVA DA LINHA RETA."



Uma curiosidade:
Dois anos depois de concluída a casa, o fundador da Bauhaus, Walter Gropius – que havia recentemente abandonado seu cargo como Diretor da Escola de Arquitetura de Harvard – veio ao Brasil para ser jurado do Prêmio de Arquitetura, da 2ª Bienal de São Paulo. E como era de se imaginar, os dois gênios se encontraram e Niemeyer o convidou para uma visita na Casa das Canoas. Gropius, precursor do funcionalismo e radicalmente contra o pensamento singular e individualista na arquitetura e no design, conheceu a tal casa, e comentou: " Sua casa é bonita, mas não é multiplicável".
E, nitidamente, ergueu uma discussão, e disse:
“A Bauhaus, que é a turma mais imbecil que apareceu, chamava a arquitetura de a casa habitat. Não interessava a forma, desde que o quarto estivesse perto do banheiro, a cozinha perto da sala e funcionasse bem. Foi um período de burrice que conseguimos vencer. A escola que eles construíram nunca ninguém pensou nela, porque não tem interesse nenhum, ninguém nunca ouviu falar. E o chefe do negócio, o Walter Gropius, era um babaca completo. Ele foi na minha casa nas Canoas, subiu comigo e disse a maior besteira que já ouvi: “Sua casa é muito bonita, mas não é multiplicável”. Pensei: que filho da puta! Para ser multiplicável teria que ser em terreno plano, teria que procurar um terreno igual e meu objetivo não era uma casa multiplicável, era uma casa boa para eu morar. Eles eram assim, sem brilho nenhum. E o trabalho que ele deixou é um monte de casas que se repetem. Foi um momento que ameaçou a arquitetura, mas Le Corbusier e os outros reagiram. Foi um momento em que a burrice queria entrar na arquitetura, mas foi reprimida.”

É claro que nenhum deles estava certo – ou errado. Tanto Gropius quanto Niemeyer são nomes cravados na história da arquitetura, com pensamentos e características únicas. E mesmo Niemeyer, que criticou com mão de ferro a Bauhaus, com certeza a usou como inspiração para desenvolver os Ministérios de Brasília, assim como toda a gama de prédios residenciais e comerciais na nova capital do país: projetos multiplicáveis, funcionais e pensados para o “todo”, e não no indivíduo. 

Dia de Santa Luzia

Hoje, dia 13 de dezembro 
é dia de Santa Luzia, 
protetora dos olhos.


A Igreja de Santa Luzia fica no centro do Rio, hoje na confluência da Rua Santa Luzia e a Avenida Presidente Antonio Carlos. 

Mas a geografia do local já foi outra.

 Esta praia , antes, fazia parte da chamada Praia da Piaçaba.







A foto abaixo é da coleção de Augusto Malta, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, do ano de 1922. Mostra a igreja e o entorno no tempo do desmonte do Morro do Castelo, o aterro realizado com a terra, e a proximidade da praia de Santa Luzia.





A igreja ficou distante do mar.

A foto, de GEORGES LEUZINGER, tem a data em torno de 1865. Atualmente - apesar de não ter saído do lugar - está situada na Avenida Presidente Antônio Carlos , devido aos vários aterros feitos na cidade.


GEORGES LEUZINGER, suíço radicado na então capital do Império - a partir de 1832 e até sua morte em 1892 - realizou um trabalho sistemático de documentação fotográfica do Rio de Janeiro.

Observa-se, na imagem, também a Praia de Santa Luzia.



terça-feira, 26 de outubro de 2021

Barrashopping...40 anos

 

26 de outubro de 1981
começava uma história de sucesso!






Em 1981 a Barra da Tijuca era um local inóspito no Rio de Janeiro. Mesmo assim a Multiplan – administradora do shopping – lançou o empreendimento. Anos mais tarde a inexplorada região da Barra da Tijuca viria a crescer e atrair milhões de investimentos públicos e privados. A aposta realmente deu certo, o Barra Shopping foi escolhido pelo levantamento “Marca dos cariocas” como o shopping mais querido dos cariocas.


Maquete com a primeira grande expansão do Barrashopping, 
ampliação essa que ficou pronta em 1994.





O destaque para as âncoras MESBLA e SEARS, que não existem mais





As famosas liquidações





Em 1996 foi inaugurada uma linha de monotrilho substituindo o serviço gratuito de micro-ônibus circular dentro do estacionamento. O objetivo era facilitar a circulação no complexo do BarraShopping. O serviço cobrava uma tarifa de R$ 1,50, e tinha três estações, duas localizadas no extremos do centro comercial e uma no estacionamento. Apesar do sucesso inicial, o projeto foi descontinuado em 2000.




Também em 1996, o BarraShopping assumiu a semana de moda carioca, que passou a se chamar Semana BarraShopping de Estilo. O evento, deu origem ao Fashion Rio e reuniu grandes celebridades do país no maior encontro de moda do Rio de Janeiro. Em 1998, Gisele Bundchen, ainda no início da carreira, desfilou no evento.




Referência em decorações natalinas, o Barra Shopping sempre inovou no Natal. A dedicação com o tema foi tão grande, que em 1994, o shopping reproduziu um gigantesco sino de luzes e entrou para o livro dos recordes Guinness Book, na época. O enfeite tinha 153 metros de altura e era o destaque da decoração de Natal para aquele ano. 



  

  



Em 1995, o BarraShopping trouxe “O Mundo Encantado da Disney” para o Rio de Janeiro com a montagem de uma réplica do Castelo da Cinderela de luzes.  




Promoções do Barrashopping para o Mês das Crianças na década de 80



Tardes de domingo nos "feijões" do Barrashopping!!!



O Barrashopping influenciou fortemente 
o desenvolvimento da Barra da Tijuca 
e contribuiu para tornar a região 
uma potência econômica para a cidade.






quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Há 45 anos... no Rio

 

Dois recortes de jornal 
do mês de outubro de 1976,
 nos dão saborosas notícias
daquele tempo.






Em tempo: 
Como testemunha ocular, já que fui ver a peça do Fagundes no Teatro Copacabana, posso dizer que realmente o Fagundes estava um...ESPETÁCULO!



domingo, 17 de outubro de 2021

... 17 de outubro de 1976, no Rio

 

O recorte de jornal dessa reportagem
sobre obras da cidade para os trilhos do metrô,
nos dão conta do destino dos  destroços
da demolição do Palácio Monroe,
 uma das piores decisões,
que tirou da cidade parte de sua história.




segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Cristo Redentor, 90 anos!



Cristo Redentor,
braços abertos sobre a Guanabara...

12 de outubro de 1931. Há 90 anos, o cardeal-arcebispo do Rio, Dom Sebastião Leme, embarcou no primeiro trem, que, em seguida, levou o então chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas.

O Cristo Redentor abriu oficialmente seus braços sobre a Guanabara às 11h15m de 12 de outubro de 1931. Desde o amanhecer daquele dia, uma multidão começou a se encaminhar para o alto do Corcovado, tentando se aproximar o máximo possível da estátua de 30 metros (sobre uma base de oito metros), cuja construção começara cinco anos antes.

Acompanhado de outros religiosos, o cardeal-arcebispo do Rio, dom Sebastião Leme, embarcou no primeiro trem que deixou a estação da Estrada de Ferro do Corcovado. Na viagem seguinte, subiu o chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, acompanhado de ministros e personalidades.

A cerimônia durou cerca de duas horas, mas o público continuou lotando o alto do morro e as festividades seguiram ao longo do dia. Na noite de 12 de outubro, quando o Cristo foi iluminado, o monumento à redenção começava a virar um símbolo além das fronteiras do catolicismo.

A estátua de concreto armado revestida de pedra-sabão fica a 710 metros de altura. O Corcovado foi escolhido durante uma assembleia do Círculo Católico — associação que reunia leigos católicos —, numa votação em que concorreram o Pão de Açúcar e o Morro de Santo Antônio, no Centro.

Em outra assembleia, foi aprovado o projeto do arquiteto carioca Heitor de Silva Costa, cujo desenho sofreu modificações até chegar à forma final, em 1923. Em 1929, a pedido de dom Sebastião Leme, o monumento, que é oco, ganhou ao longo da obra um coração, que pode ser visto tanto por fora como por dentro da estátua.




Vale (re)ler mais dessa história na comemoração dos 90 anos.



CLIQUE AQUI!


terça-feira, 5 de outubro de 2021

Em Ipanema, há 55 anos...





Em uma reportagem no
 dia 5 de outubro de 1966...







 




quarta-feira, 29 de setembro de 2021

29 de setembro, morte de Machado de Assis

 

Passava das três horas da manhã do dia 29 de setembro de 1908 quando Machado de Assis deixou essa vida e entrou para a história como o maior de todos os escritores brasileiros. Morreu tranquilamente, aos 69 anos de idade e cercado de amigos queridos na casa de Cosme Velho no Rio de Janeiro.
O velório ocorreu na Academia Brasileira de Letras e Rui Barbosa proferiu o discurso fúnebre.



notícia do Jornal Do Brasil

“Na noite em que faleceu Machado de Assis, quem penetrasse na vivenda do poeta, em Laranjeiras, não acreditaria que estivesse tão próximo o desenlace de sua enfermidade (…) Na sala de jantar, para onde dizia o quarto do querido mestre, um grupo de senhoras – ontem meninas que ele carregara no colo, hoje nobilíssimas mães de família – comentavam-lhe os lances encantadores da vida e reliam-lhe antigos versos, ainda inéditos, avaramente guardados em álbuns caprichosos.”

escreveu Euclides da Cunha, amigo que acompanhou Machado até o último momento.


Uma curiosidade:


Após a morte de Machado de Assis, todos os seus objetos foram inventariados. O que mais chama atenção na lista de bens avaliados é a grande quantidade de móveis velhos ou em mau estado, o que provavelmente prova que ele não tinha lá muito apego a bens materiais.


O espólio do escritor:

"Avaliação – 

Móveis existentes no prédio à rua Cosme Velho, n. 18: 

1 Mobília de sala de jantar de vieux chène, constante de mesa elástica com 5 tábuas; 

12 cadeiras; 2 étagères, 1 trinchante e 1 mesinha: 500$000; 

2 Dunkerques de jacarandá, com espelho 100$000; 1 Grupo estofado, velho; (3 peças): 50$000; 1 Divã estofado (mau estado) 36$000; 

1 Dito idem idem 30$000; 

10 Cadeiras de bambu 30$000; 

1 Conversadeira estofada (velha) 60$000;

 2 Cadeiras de braço, estofadas, em mau estado 20$000; 

1 Cadeira de balanço, idem 10$000; 

4 Cadeiras de jacarandá 32$000; 

1 Lavatório de canela, com espelho 80$000; 

1 Guarda-vestidos vinhático, muito velho 50$000; 

1 Guarda-casacas com frente de madeira (muito velho) 60$000; 

1 Cômoda de canela (mau estado) 30$000; 

1 Armário pequeno (canela) 30$000; 

1 Aparador vinhático, com pedra mármore (mau estado) 20$000; 

1 Guarda-comida de vinhático, em mau estado 5$000;

 4 Cadeiras de vime, em mau estado 20$000;

 1 Divã de palhinha, em mau estado 40$000; 

1 Grupo de 2 cadeiras de balanças conjugadas, mau estado 10$000; 

1 Porta-chapéu idem 10$000; 

1 Cômoda com pedra mármore e espelho, mau estado 10$000; 

1 Cômoda de vinhático, velha, em mau estado 5$000; 

1 Cama de ferro nova 30$000; 

1 Lavatório com pedra mármore em péssimo estado 5$000; 

1 Sofá-cama, austríaco, em mau estado 5$000; 1 Secretária de vinhático 30$000; 

1 Cadeira para secretária 10$000; 

3 Armários envidraçados 30$000;

 1 Estante de madeira 5$000; 

2 Estantes de ferro 4$000; 

1 Relógio de parede 15$000; 

1 Jardineira de metal 15$000; 

1 Espelho oval com guarnição dourada (estragado) 15$000; 

2 Quadros a óleo (paisagem – cópias) 20$000; 

1 Quadro a óleo (marinha) idem 10$000; 

1 Quadro a óleo (figura) original de Pontorn 30$000; 

2 Aquarelas de Pacheco 10$000; e Gravuras coloridas (paisagem) 20$000; 

20 Quadros com gravuras diversas 40$000; 

1 Serviço de lavatório (incompleto) 15$000; 

1 Serviço de christofle constando de 1 colher para sopa, 1 pá para peixe, 4 facas grandes, 4 facas pequenas, 13 garfos grandes, 12 garfos pequenos, 5 colheres para sopa, 7 colheres para sobremesa, 11 colheres para chá (58 peças) tudo por 70$000; 

1 Colher de metal 2$000; 

3 Esteirinhas de palha 14$000; 

1 Serviço de granito, constando de 1 terrina, 1 saladeira, 2 travessas, 1 prato coberto, 1 molhadeira, 1 fruteira, 19 pratos rasos, 1 prato fundo, 5 xícaras, 3 canequinhas para café, 10 pires avulsos, tudo 25$000; 

12 copos de vidro (1/2 cristal) 10$000; 8 cálices de cores (vidro) 6$000; 

7 cálices cristal para licor 5$000; 2 Garrafas cristal para licor 6$000; 

2 Garrafas vidro para vinho 4$000; 

1 Compoteira de vidro 1$000; 

2 Fruteiras de vidro 2$000; 

1 Fruteira vidro de cor 3$000; 

2 Copos vidro de cor 1$000; 

1 Bandeja metal (mau estado) 1$000; 

1 Cesta de metal 2$000; 

2 Bules e 1 açucareira metal (em mau estado) 5$000; 

4 Taças de cristal para champanhe 5$000, 

2 Toalhas e 4 guardanapos 14$000; 

1 Lote de roupas de uso 2$000.

Livros – 

400 volumes encadernados de diversos autores 600$000; 

600 volumes em brochura de diversos autores 300$000;

 400 Folhetos de diversos autores 120$000.

2:718$000 – Importa a presente avaliação na quantia de dois contos, setecentos e dezoito mil réis."


Uma última imagem


Possivelmente a última foto de Machado em vida.

Nessa nova foto, Machado aparece de forma muito diferente da imagem tirada por Malta: de pé, altivo, com a mão na cintura e um semblante sério, elegantemente vestindo um fraque. 

A foto foi publicada na revista argentina “Caras y Caretas” em edição de 25 de janeiro de 1908, e sua descoberta se deu praticamente por acaso. O publicitário paraense Felipe Rissato foi pesquisar o acervo do site da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de España atrás de uma caricatura do Barão do Rio Branco – e acabou se deparando com a imagem de Machado em uma reportagem.

 


terça-feira, 21 de setembro de 2021

VAMOS FAZER DO RIO UMA CIDADE PERFEITA? 1951, há 70 anos!




Em setembro de 1951
o engenheiro Raymundo de Castro Maya 
analisa e sugere soluções e projetos para a cidade do Rio,
que para ele 
"Há muito tempo que a cidade 
parece abandonada"







Na página 5, a explanação.




recortes de reportagem de 21 de setembro de 1951, jornal O GLOBO



quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Zé Keti, 100 ANOS



Hoje comemoramos 
o centenário de nascimento 
do sambista carioca e grande compositor
da Música Popular Brasileira,
Zé Keti



Zé Keti foi um dos grandes compositores da Portela e um autêntico representante do samba de raiz, autor de vários clássicos do gênero.

José Flores de Jesus, Zé Kéti, viveu em uma casa onde eram frequentes as rodas de choros, com presença de músicos como Cândido (Índio) das Neves e Pixinguinha. Em 1924, com a morte do pai, passa a morar com o avô. Além do interesse pela música, na infância, ganhou um apelido, Zé Quieto, que é encurtado para Zé Quéti, e, grafado com um K, torna-se o nome artístico. 

A inicial K era a letra que na época era vista como de sorte, 
nomeava estadistas como Kennedy, Krushev e Kubitscheck.

Aos 13 anos, quando morou no subúrbio de Piedade, é levado por Geraldo Cunha, compositor da Estação Primeira de Mangueira, para assistir aos ensaios da escola de samba. Foi seu primeiro contato com a música do morro.

Sua escolaridade limita-se ao curso primário. Ainda muito jovem, trabalhou numa fábrica de calçados, até atingir a idade do alistamento militar. Com o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial, Zé Kéti se transferiu, em 1940, para a Polícia Militar (PM), no intuito de não ser chamado para a guerra. Contudo, não deixa de frequentar a noite carioca e compor para diferentes escolas de samba. Quando sai da PM, emprega-se em uma gráfica, mas a vida boêmia ocasiona constantes atrasos no trabalho e, consequentemente, sua demissão.

No início dos anos 1950, compõe o samba que se torna um dos seus maiores sucessos, A Voz do Morro. A música é gravada pelo cantor Jorge Goulart, em 1955, com arranjo de Radamés Gnattali. 






No mesmo ano, a composição é tema do filme Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, e posteriormente do programa Noite de Gala (TV Rio, Canal 13), em orquestração do maestro Luiz Arruda Paes, em 1957.




 Das conversas quando frequentava o bar Zicartola, surge a ideia de realização de uma apresentação musical. O resultado é a peça Opinião, de autoria de Oduvaldo Vianna Filho, nomeada a partir do samba homônimo de Zé Kéti, que estreia no ano de 1964, estrelada por Nara Leão.

 


 Na peça também são lançadas  Diz que Fui por Aí (parceria com Hortêncio Rocha) e Acender as Velas.







Um frequentador assíduo da noite carioca, Zé Kéti chegou a compor para diferentes escolas de samba, como a Mangueira, a União de Vaz Lobo e a Portela. Contudo, depois que chegou à Portela, com o samba Jequitibá, virou um portelense apaixonado pela escola, para a qual compos diversas músicas como Portela Feliz, que se tornou uma espécie de hino.




No Carnaval de 1967, 
com Hildebrando Pereira Matos, 
compõe a marcha-rancho e 
um dos maiores êxitos de sua carreira,
Máscara Negra


Máscara Negra, com Zé Keti, foi lançada pelo selo Mocambo, da Rozenblit, em janeiro de 1967.




No início dos anos 1970, separou-se da segunda mulher - com a primeira teve cinco filhos - e foi para São Paulo. Em 1987, no início de julho, teve o primeiro derrame cerebral. . Em 1995, voltou para o Rio e foi morar com uma das filhas. Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. 


Em agosto, com a morte de sua ex-mulher, entrou em profunda depressão. Morreu a 14 de novembro, aos 78 anos, de falência múltipla dos órgãos.



Uma das mais lindas de suas canções...MASCARADA





terça-feira, 14 de setembro de 2021

Zizinho, 100 anos!


Com a bola nos pés, Zizinho virou um mito. 





 Nasceu no dia 14 de setembro de 1921, em São Gonçalo.


No Flamengo fez sua estreia aos 18 anos de idade e, aos 19, já integrava o time titular rubro-negro, onde permaneceu até 1950. Era o camisa 8. E com ela jogou ao lado de Domingos da Guia e Leônidas da Silva foi campeão carioca de 1939 e conquistou o tricampeonato estadual nos anos de 1942, 1943 e 1944.

Ao todo, o craque participou de 318 partidas e marcou 145 gols. Em 1942 foi convocado para a Seleção Brasileira, onde marcou 30 gols em 54 jogos. Zizinho teve uma atuação de destaque na Copa de 50 no Brasil, e, apesar da derrota de 2×1 para o Uruguai, recebeu o apelido de “Mestre Ziza”.





 

O jornalista italiano Giordano Fatori, que cobriu a Copa d 50, escreveu

 “O futebol de Zizinho me faz lembrar 
Da Vinci pintando alguma obra rara”.


Zizinho era um líder e tinha personalidade. Era o jogador que carregava o time na direção do gol. Ele tinha raça, era um guerreiro em campo e gostava de driblar os adversários. Além da habilidade, Ziza era famoso pela valentia e não aceitava desaforo. 

Se apanhasse em campo, também batia. Diz a lenda que chegou a jogar com a perna quebrada em duas partidas. Um meia armador com categoria, e generoso: dava passes açucarados para os atacantes fazerem gols.

Curiosidade

O sonho de Zizinho era jogar no América, o clube do coração, mas não foi aprovado. Então fez um teste no time da Gávea. O técnico da época, Flávio Costa,  o colocou durante um treino no lugar de Leônidas da Silva, o Pelé da época, e Zizinho marcou dois gols. Conclusão..ele foi contratado a pedido do treinador. 

No Flamengo, ganhou o apelido de Mestre Ziza.
O cantor, compositor e torcedor rubro-negro Ciro Monteiro
o chamava de “Ziza”
e “Mestre” era como o locutor Oduvaldo Cozzi
o tratava em campo.

Vestindo o manto sagrado

Com Leônidas





Zizinho defendeu o rubro-negro de 1939 a 1950 e fez história. Em 318 jogos, marcou 146 e foi considerado o maior ídolo até o surgimento de Zico.

Tinha como marca registrada o “drible em zigue-zague” e a paradinha nas cobranças de pênaltis, movimento que inspirou o Rei Pelé.

Com Pelé em 1958


Atuava na meia, no ataque, marcava bem, era um ótimo cabeceador, driblava como poucos, sabia armar. Além de tudo, não tinha medo de cara feia. Jogava duro quando preciso.




Outro craque que se inspirou no Mestre Ziza foi Gérson, meio campista brasileiro que teve destaque como segundo melhor jogador da Copa do Mundo de 1970. Zizinho era amigo do pai de Gérson, e, quando este iniciou a carreira como jogador, ouvia atentamente todos os conselhos do Mestre, tanto de marcação como visão de jogo e distribuição de passes. Como agradecimento, o “Canhotinha de Ouro” sempre cita Zizinho como seu mentor e maior incentivador na carreira de jogador.

Reconhecido como um dos maiores craques do Maracanã, teve seus pés gravados no hall da fama do estádio. A placa com as pegadas de Zizinho foi uma das 73 peças perdidas durante a última reforma do estádio, em 2013, mas acabou reencontrada em 2019.

Outras homenagens vieram depois da morte do Mestre, como a renomeação do estádio Caio Martins para estádio Thomaz Soares da Silva/Mestre Ziza, em Niterói, em 19 de fevereiro de 2002. Em 9 de novembro de 2006, o nome de uma rua do bairro carioca de Campo Grande, foi alterado para Tomás Soares da Silva (uma das formas como alguns veículos de imprensa grafavam o nome dele).

Também há alguns anos, a torcida do Bangu, clube onde jogou de 1950 até 1957 e o quinto maior artilheiro (127 gols), carrega uma bandeira com o rosto do Mestre Ziza.

Por fim, em 2019, os organizadores da Copa América no Brasil realizaram um concurso digital para definir o nome da mascote da competição, uma simpática capivara. Com 65% de votos, foi escolhido o nome de Zizito, em homenagem ao Mestre Ziza, um dos maiores artilheiros do torneio sul-americano.


“Eu era um guerreiro da bola, 
não gostava de maltratá-la, 
ela era o amor da minha vida”
disse emocionado Zizinho.








Ele morreu aos 80 anos, em 2001, em casa, conversando com a filha Nádia dias após operar um aneurisma no coração.




Belíssima canção de Max Vianna e João Vianna em homenagem ao grande Zizinho!