Para a sua cidade natal deixou obras marcantes, que aqui destacamos três delas, como nossa homenagem e respeito ao grande arquiteto.
Seu primeiro projeto individual, no Rio de Janeiro , foi a Obra do Berço, em 1937 e inaugurado em 1938, no bairro da Lagoa.. Neste edifício nota-se a presença dos elementos defendidos na arquitetura moderna e a influência do arquiteto francês Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a fachada livre - possibilitando a abertura total de janelas - o terraço-jardim e o brise-soleil, pela primeira vez utilizado na vertical.
maquete
O edifício do MEC, inaugurado em 1943, foi outro marco em sua carreira. Em 1936, o escritório onde Niemeyer trabalhava como estagiário, dirigido por Lúcio Costa e Carlos Leão, foi chamado pelo então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (que anulara o concurso público ganho por Archimedes Memoria), para projetar o novo edifício do Ministério. Foi montada uma equipe de arquitetos, que trabalharam sob a assessoria ao arquiteto Le Corbusier. Essa equipe era formada por Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Moreira, Carlos Leão e Oscar Niemeyer.
O edifício do MEC eleva-se da rua apoiando-se em pilotis, o que mantém o prédio "suspenso", permitindo o trânsito livre de pedestres por baixo dele. Ainda, o prédio uniu os maiores nomes do modernismo brasileiro, com azulejos de Portinari, esculturas de Alfredo Ceschiatti e jardins de Roberto Burle Marx e é considerado o primeiro grande marco da arquitetura moderna no Brasil.
A casa das Canoas - nome da estrada em que se encontra, na realidade Rua Carvalho de Azevedo, em São Conrado - construída como sua residência é outro destaque de sua arquitetura. Construída em 1951 e 52, foi tombada em 2007 pelo IPHAN. Ela é uma diferenciada integração entre espaços arquitetônicos abertos e ambiente natural de rocha, vegetação e água, uma das mais indiscutíveis obras-de-arte de Niemeyer.
" MINHA PREOCUPAÇÃO FOI PROJETAR ESSA RESIDÊNCIA COM INTEIRA LIBERDADE,
ADAPTANDO-A AOS DESNÍVEIS DO TERRENO,
SEM O MODIFICAR, FAZENDO-A EM CURVAS,
DE FORMA A PERMITIR QUE A VEGETAÇÃO NELAS PENETRASSE,
SEM A SEPARAÇÃO OSTENSIVA DA LINHA RETA."
Uma curiosidade:
Dois anos depois de concluída a casa, o fundador da Bauhaus, Walter Gropius – que havia recentemente abandonado seu cargo como Diretor da Escola de Arquitetura de Harvard – veio ao Brasil para ser jurado do Prêmio de Arquitetura, da 2ª Bienal de São Paulo. E como era de se imaginar, os dois gênios se encontraram e Niemeyer o convidou para uma visita na Casa das Canoas. Gropius, precursor do funcionalismo e radicalmente contra o pensamento singular e individualista na arquitetura e no design, conheceu a tal casa, e comentou: " Sua casa é bonita, mas não é multiplicável".
E, nitidamente, ergueu uma discussão, e disse:
“A Bauhaus, que é a turma mais imbecil que apareceu, chamava a arquitetura de a casa habitat. Não interessava a forma, desde que o quarto estivesse perto do banheiro, a cozinha perto da sala e funcionasse bem. Foi um período de burrice que conseguimos vencer. A escola que eles construíram nunca ninguém pensou nela, porque não tem interesse nenhum, ninguém nunca ouviu falar. E o chefe do negócio, o Walter Gropius, era um babaca completo. Ele foi na minha casa nas Canoas, subiu comigo e disse a maior besteira que já ouvi: “Sua casa é muito bonita, mas não é multiplicável”. Pensei: que filho da puta! Para ser multiplicável teria que ser em terreno plano, teria que procurar um terreno igual e meu objetivo não era uma casa multiplicável, era uma casa boa para eu morar. Eles eram assim, sem brilho nenhum. E o trabalho que ele deixou é um monte de casas que se repetem. Foi um momento que ameaçou a arquitetura, mas Le Corbusier e os outros reagiram. Foi um momento em que a burrice queria entrar na arquitetura, mas foi reprimida.”
É claro que nenhum deles estava certo – ou errado. Tanto Gropius quanto Niemeyer são nomes cravados na história da arquitetura, com pensamentos e características únicas. E mesmo Niemeyer, que criticou com mão de ferro a Bauhaus, com certeza a usou como inspiração para desenvolver os Ministérios de Brasília, assim como toda a gama de prédios residenciais e comerciais na nova capital do país: projetos multiplicáveis, funcionais e pensados para o “todo”, e não no indivíduo.