Falamos, por aqui de bichos habitantes da cidade do Rio.
Muitos não sabem que, em tempos passados,
baleias eram parte da paisagem da Baía de Guanabara.
Após a fundação da Cidade do Rio de Janeiro e sua prosperidade e crescimento, a pesca de baleias foi de fundamental importância para a economia dos tempos coloniais.
O óleo de baleia era parte integrante da mistura contida no concreto usado no assentamento de pedras e alvenaria das antigas construções e fortificações e nesta época existiram muitas indústrias de pesca de baleia, as chamadas "armações".
Baleias assim como os barcos de pescas e as armações se localizavam em praias mais distantes do centro da cidade.
Óleo sobre tela, de Leandro Joaquim (c. 1738-1798), final do século XVIII
96 x 125,7 cm.
A cena registra a pesca de baleias na Baía da Guanabara. Registre-se a existência de um grande número de animais da espécie em águas dos Rio de Janeiro no final do século XVIII.
O escritor Pedro Dória em seu livro 1565, ao
descrever o Rio de Janeiro quinhentista, nos conta que as baleias frequentaram a Baía da Guanabara no inverno
durante muito tempo, e sua pesca era das mais rentáveis. A carne era saborosa,
as barbatanas serviam de lixa e sua gordura, o óleo, era combustível.
E mais, o óleo misturado com as conchas trituradas ou
cal, dava uma argamassa resistente como poucas para a construção de prédios. (Os
escravos às vezes bebiam o óleo direto do lampião, era alimento).
Quando aparecia uma baleia morta na praia era festa
rapidamente chegavam canoas de toda parte, quem estava perto da área onde o
animal marinho encalhou. A população largava o que estava fazendo e, com
panelas, iam todos pegar, de graça, aquilo pelo que, em geral, pagavam caro. Mas
tinha um defeito: depois de tudo que valia algo ser extirpado, era dificílimo
livrar-se das tripas que sobravam, e o cheiro ocupava a cidade colonial do Rio
de Janeiro por dias. (não é à toa que as armações ficavam sempre
longe).
CACHALOTE OU CACHARRÉU era a baleia mais caçada e
cobiçada na Baía de Guanabara.
O espermacete, extraído do cérebro do cachalote, uma
matéria branca, oleosa, transparente e viscosa que, em contato com o ar,
transforma-se em cera. Um animal adulto pode fornecer até cinco quilos desta
matéria-prima. A indústria baleeira no Brasil interessou-se por ele na segunda
metade do século XVIII para a fabricação de velas, também consumido nas boticas como
detergente, consolidador, emoliente no preparo de unguentos, pomadas, bálsamos,
cosméticos e sabões finos.
Os contratadores da pesca das baleias eram, antes de
tudo, vassalos do rei, e como tal, buscavam sempre a inserção em espaços de
atuação colonial, situações em que pudessem se firmar como membros da elite
local, porque as colônias tinham na metrópole a sua referência
moral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente! Seja bem-vindo!