terça-feira, 27 de setembro de 2016

Laje do Gardenal ...O Taiti é AQUI!

Laje do Gardenal, no Rio de Janeiro

Parece Teahupoo, no Taiti. Pode lembrar algumas ondas havaianas. Mas não, a onda da foto acima quebra no Rio de Janeiro mesmo. 
Conhecida como Laje do Gardenal - aquele remédio tarja preta que acabou virando uma gíria usada para dizer que uma pessoa comete loucuras -, ela quebra a cerca de três quilômetros da praia da Barra, apenas em dias de ondulações grandes. E foi o que aconteceu nesta segunda-feira.
Um grupo de surfistas esteve lá se arriscando, tirando tubos inesquecíveis e, eventualmente, pagando o preço vem se destacando na nova geração de big riders.

CURTA AS IMAGENS E O VÍDEO.
Pedro Calado em um momento difícil no Gardenal

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A primavera chega ao Rio


 As flores começam a colorir a Praça General Osório, em Ipanema


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O sucesso de setembro de 1956


Há 60 anos, era lançada nas rádios...

o sucesso "Conceição"




terça-feira, 20 de setembro de 2016

Memória afetiva do bairro do Cosme Velho


Nesse trecho de uma reportagem de 21 de dezembro de1978, lemos histórias do bairro do Cosme Velhoque nos passam a memória afetiva e histórias desse bucólico local da Zona Sul do Rio.



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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Crônicas Cariocas de Todos os Tempos


VIAGEM DE BONDE 

           Rachel de Queiroz

"Era o bonde Engenho de Dentro, ali na Praça Quinze. 
Vinha cheio, mas como diz, empurrando sempre encaixa. O que provou ser otimismo, porque talvez encaixasse metade ou um quarto de pessoa magra, e a alentada senhora que se guindou ao alto estribo e enfrentou a plataforma traseira junto com um bombeiro e outros amáveis soldados, dela talvez coubesse um oitavo. Assim mesmo, e isso prova bem a favor da elasticidade dos corpos gordos, ela conseguiu se insinuar, ou antes, encaixar. E tratava de acomodar-se gingando os ombros e os quadris à direita e à esquerda, quando o bonde parou em outro poste, o soldado repetiu o tal slogan do encaixe, e foi subindo — logo quem! — uma baiana dos seus noventa quilos, e mais uma bolsa que continha o fogareiro, a lata dos doces, o banquinho e o tabuleiro. 

E aquela baiana pesava os seus noventa quilos mas era nua, com licença da palavra, pois com tanta saia engomada e mais os balangandãs, chegava mesmo era aos cem. E esqueci de dizer que junto com ela ainda vinha uma cunhãzinha esperta que era um saci, que se insinuou pelas pernas do pessoal e acabou cavando um lugarzinho sentada, na beirinha do banco, ao lado de uma moça carregada de embrulhos e que assim mesmo teve o coração de arrumar a garota. 
ilustração de Bira Dantas - reprodução da internet 

Também o diabo da pequena conquistava qualquer um, com aquele olho preto enviesado, o riso largo de dente na muda. 

Esqueci de falar que tudo isso se passava no carro-motor. No reboque, atrás, a confusão parecia maior. Muita gente pendurada entre um carro e outro, e havia um crioulo de bigode à Stalin, muito distinto, tinha cara de dirigente no Ministério do Trabalho, que muito sub-repticiamente viajava sobre o pino de ligação entre os dois carros ou, para dizer melhor, com um pé na sapata do carro-motor e o outro na sapata do reboque. E quando o condutor aparecia para cobrar a passagem, se era o condutor da frente ele punha os dois pés no reboque, e se era o condutor do reboque que vinha com o "faz favor" ele então executava o vice-versa. Sei que não pagou passagem a nenhum dos dois e devia fazer aquilo por esporte; não tinha cara de quem precisa se sujar por cinqüenta centavos; esporte, aliás, que todo o mundo aprova e aprecia, pois quem é que não gosta de ver se tirar um pouco de sangue à Light? 

E aí o bonde andou um bom pedaço sem que ninguém mais atacasse a plataforma. A turma que chegava, ocupava-se agora em guarnecer os balaústres, formando com os pingentes uma superestrutura decorativa. Mas, alcançando-se o abrigo defronte à Central, quase chegou a haver pânico. Porque no momento em que a multidão da calçada assaltava o veículo, a baiana quis descer, e não era façanha somenos desalojar aquela massa da pressão onde se encastoara, sem falar na pressão de baixo para cima feita pelos que tentavam subir, contra quem pretendia descer. Mas afinal já a baiana aterrissara na calçada e o vácuo por ela deixado era instantaneamente ocupado com uma violência de sorvedouro, o condutor tocara o seu tintim de partida, quando ressoaram uns gritos agudos cortando o ar abafado. Era o pequeno saci de olhos pretos a clamar que o povo subindo não a deixara descer. E a tensão geral explodiu em cólera e ternura, e todo o mundo tocava a campainha, alguns confundiam, puxavam a corda do marcador de passagens, o condutor vendo isso pôs-se a imprecar em puro linguajar da Mouraria, uma voz berrava: — já se viu que brutalidade, impedir a criança de descer; a baiana, em terra, chamava a filha com voz macia, o motorneiro, para ajudar e mostrar que não tinha nada com aquilo, desandou a tocar aquela espécie de sino que fica embaixo do pé dele. 

E enquanto os passageiros compassivos desembarcavam a garota, um senhor, que vinha em pé no meio dos bancos, pôs-se a declamar que era assim mesmo, que motorneiro, condutor e fiscal, em vez de se aliarem com o povo, não passavam de uns lacaios da Light, mas quando chegasse na hora de pedir aumento de ordenado haviam de querer que a população ajudasse com aumento nas passagens. O povo é que é sempre o sacrificado. E o condutor aí se enraiveceu também, e começou a convidar o homem para a beira da calçada, e o senhor disse que não ia porque não se metia com estrangeiros, e um engraçadinho deu sinal de partida e o motorneiro (que já estava por demais chateado) partiu mesmo, deixando o condutor em terra, vociferando; só foi dar pela falta quando chegou com o carro bem defronte do sinal; parou então, e enquanto o condutor corria o guarda começou a apitar, que o bonde tinha parado no meio da luz verde aberta para os carros em direção contrária; parecia o dia de juízo, o bonde parado, os automóveis buzinando, o guarda apitando e sacudindo os braços, o pessoal do bonde rindo que era ver uns demônios. 

Afinal o bonde partiu, tudo pareceu acalmar um pouco, mas aquele senhor em pé que xingara os pobres empregados da Light de lacaios do polvo canadense mostrou que era homem afeito a comícios, não se dava de uma interrupção tumultuosa. Estava acostumado a falar até em meio da fuzilaria, assim que ele disse. 

E que isso tudo acontecia porque o Governo promete mas não cumpre o dispositivo constitucional — sim, meus senhores, constitucional! — da mudança da capital da República. Imagine que delícia o Rio ficar livre de toda a laia dos burocratas, dos automóveis dos políticos e dos políticos propriamente ditos. Imagine, o Getúlio em Goiás e com ele a alcatéia dos lobos, os cardumes de tubarões, os rebanhos de carneiros! Isso aqui ficava mesmo um céu aberto. 

Pelo menos um milhão de pessoas iria embora, e que maravilha o Rio com um milhão de vagas nos transportes, um milhão de vagas nas residências, um milhão de bocas a menos, para comer o nosso mísero abastecimento! As favelas se acabam automaticamente, o arroz baixa a quatro cruzeiros! Saem a Câmara e o Senado, e os Ministérios com todas as suas marias candelárias. Pensando nos ministérios — será apenas um milhão de gente que nos deixa? Calculando por baixo, talvez saia mais de um milhão! O que virá em muito boa hora, pois no Rio sobram uns dois milhões! 

E aí o bonde inteiro aplaudiu, cada qual só pensava na vaga a seu lado. E, se aquele bonde fosse maior, talvez nesse dia, no Rio de Janeiro, houvesse uma revolução. Talvez o povo do Rio de Janeiro desse ordem de despejo para o seu Governo, lhe apanhasse os trastes, lhe apontasse a estrada, que é larga e vai longe. Mas, feliz ou infelizmente, o bonde era pequeno e, apesar de conter tanta gente, não dava nem para um bochincho. E o Governo, pensando bem, também é de carne como nós — e só um coração de ferro tem coragem de deixar este Rio, assim mesmo apertado, superlotado, sem comida, sem transporte, sem luz e sem água. Como disse um paraíba que vinha junto com o soldado:

— Qual, se no céu faltasse água ou luz, por isso os anjos haveriam de se largar de lá? Céu é céu, de qualquer jeito..."

 (Rio de Janeiro, março 1953).


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Revisitando a Garota de Ipanema

Depois do sucesso dos desfiles da Gisele Bündchen  e do mascote Vinicius ao som de Garota de Ipanema, vale ouvir a linda versão da canção de Tom Jobim e Vinícius de Moraes com a Orquestra Sinfônica Brasileira.





O jovem americano Lee Mills, de 29 anos, largou seu posto de diretor musical da Orquestra Sinfônica da Universidade de Towson (em Baltimore, nos Estados Unidos) para morar em Copacabana, no Rio.

Ele é  maestro residente da Orquestra Sinfônica Brasileira.


 Mills conquistou o posto depois de passar por uma audição, concorrendo com outros 200 candidatos, e conhece, como poucos, a história da nossa música clássica.



sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Crônicas cariocas de todos os tempos

Mais uma interessante crônica que fala das coisas cariocas.



"TÁTICAS PARA SER VISTO PELO GARÇOM


   Fabrício Carpinejar

                                    Resultado de imagem para garçom
Garçom no Rio de Janeiro é como sogro: a princípio, não gosta de você. Diferentemente de outras cidades onde você senta e é logo visto, lá você senta e desaparece. Precisa fazer coreografias desesperadas para ser atendido. Receber o cardápio pode significar a sua morte.

O abandono na mesa trará letal desprestígio. Costuma significar o fim precoce de um namoro, de um negócio em potencial, de uma amizade no nascedouro. É uma humilhação levantar a mão inúmeras vezes e jamais ganhar atenção.

Demorei a compreender a aristocracia do garçom carioca. Ele não é garçom, nasce maître.

Em todas as minhas experiências botequeiras, apelava para querido ou amigo, e nada. Não vinha em minha direção. Ele me ignorava. Não havia como pedir um prato ou uma bebida. Ou seja, não tinha como existir, pois comer e beber são os gatilhos de qualquer papo.

Até que descobri a santa estratégia: garçom apenas atende bem quando chamado pelo nome. Perda de tempo assoviar e gritar ei, oi, ui – ele lhe tratará com capricho ao ser identificado. Descobrir o nome do garçom é o kit de sobrevivência na noite.

Foi o que fiz na semana passada quando levei Beatriz a um bar no Leblon. Logo no início, quando ele me alcançou o menu, perguntei quem era e esbanjei o poder de persuasão.

Devo ter chamado o Alberto mais vezes do que pronunciei o nome de minha mulher naquela noite. Estava ficando chato, porém a receita vingou perfeitamente. A cada nova necessidade, assumia uma postura redentora, de São João Batista a sempre batizar o sujeito no Rio Jordão do meu chope:

– Por favor, Alberto!

– Alberto?

– Gentileza, Alberto?

Ele tornou-se o meu Messias dos bolinhos de bacalhau e da porção de fritas. Entre falar o seu nome e fazer o pedido, não demorava nem 10 segundos. Ele corria entre as mesas com larga vantagem entre os seus colegas, um verdadeiro Usain Bolt das bandejas.

Já comemorava o êxito da fórmula, já imaginava escrevendo um livro de autoajuda revelando a chave do sucesso da boemia, já me via na lista dos mais vendidos da revista Veja, mas chegou a conta e tratei de bancar o canastrão diante do 10% opcional:

– É obrigatório, Alberto, pelo seu excelente atendimento.

– Obrigado, senhor, só que meu nome é Roberto "

(Reprodução do blog carpinejar.blogspot.com.br)

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Fabrício Carpi Nejar, ou Fabricio Carpinejar, como passou a assinar a partir de 1998, é um poeta, cronista e jornalista brasileiro


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Abertura da Paralimpíada 2016, no Rio

Mais um espetáculo carioca vibrante e digno da cidade.

A nota dissonante da noite foi dada pelas tvs abertas brasileiras, que gostam tanto de fazer o discurso  da inclusão, do politicamente correto e apresentam nos seus programas a diversidade, querendo ser pioneiros, diferentes e deram, ontem, uma demonstração da pequenez em que se encontram, vendidas ao marketing dos seus patrocinadores.

NENHUMA DELAS TRANSMITIU, AO VIVO, A ABERTURA DAS PARALIMPÍADAS!  
Só um único canal a cabo:  o Sportv.

As tvs abertas fizeram a opção da transmissão da Olimpíada, montaram um esquema faraônico de um batalhão de equipamentos e repórteres, uniformes especiais. Privilegiaram mostrar a juventude de pernas, braços, visão. Esqueceram e isolaram a beleza da inclusão, a alegria bonita do que se é sem as máscaras da dita perfeição, a vibração da superação do limite de uma condição.

Que pena que tantas crianças, jovens e adultos nas mesmas condições não tiveram a oportunidade de ver. Imagens de pessoas semelhantes que poderiam lhes dar espelho de como modificar suas vidas. Quantas crianças, jovens, amargurados, isolados, que olhando aquele jeito de ser, poderiam querer ser e estar naquele, para eles,  desconhecido mundo transformador.

Os detalhes, e a sacudida em cada um de nós com aquilo tudo que passava na nossa frente foi uma lição. Real, sensível, tocante.
Emoção e beleza do espetáculo, tão criativo quanto o da Olimpíada, nas projeções, música, figurino, coreografia.

Somente quem tem tv a cabo  pôde assistir.  
Perderam os telespectadores comuns, mais simples.
Venceram os patrocinadores das novelas, do futebol nas tvs abertas.

Triste. Um boicote lamentável para ser refletido.


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Do carioca Olavo Bilac...


Estamos necessitados!




A PÁTRIA 
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Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha…
Quem com seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o sue esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!



A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo
                   Assinatura de Olavo Bilac



Do livro:  Poesias Infantis, Olavo Bilac, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves: 1949

sábado, 3 de setembro de 2016

Musica Carioca de Raiz... mais uma



Até o Fim, de Marcos Valle e Carlos Lyra, na saudosa interpretação de Emílio Santiago, com Marcos Valle ao piano.

Pra bem embalar o primeiro fim de semana de setembro.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Hotel do Corcovado, no Rio de Janeiro

Postal que mostra o Hotel do Corcovado

1907

Hotel do Corcovado: Rio de Janeiro, 1907:

O Hotel do Corcovado também é/era conhecido como Hotel das Paineiras e permaneceu abandonado por muito tempo. Em 2009 foi aprovado projeto para sua revitalização, que  estão sendo concluídas.


VERSO DO CARTÃO POSTAL



O destinatário do postal, Camille Mendigal, trabalhava - como consta no endereçamento -  no cinema Pathé, em Paris. 
 



O Hotel das Paineiras, inaugurado em 1884, tem sua história marcada não só pelas sucessivas tentativas de revitalização, mas também pelos hóspedes famosos, como políticos e craques do futebol. Sua inauguração contou com a presença de D. Pedro II.  
Décadas depois, hospedou presidentes brasileiros como Washington Luís e Café Filho. Além deles, Getulio Vargas, para fugir das altas temperaturas do verão carioca, realizava reuniões com seus ministros no local, situado a 465 metros acima do nível do mar. 
Mitos do futebol brasileiro também frequentaram os seus salões. Em 1962, Pelé costumava jogar damas com Didi durante a concentração da seleção brasileira que conquistaria o bicampeonato mundial, no Chile. Fotos históricas gravaram imagens do Rei e do criador da “folha seca" em frente ao tabuleiro, observados pelo goleiro Gilmar e pelo eterno capitão Bellini. A tradição permaneceu e as seleções das Copas de 70, que conquistaria o tri no México, e 74 se concentraram no antigo hotel, assim como os times do Botafogo, do Vasco e do Fluminense. 
Pequenos escândalos também não faltaram, como o da estada da atriz francesa Sarah Bernhardt, praticamente expulsa do hotel por conta de seu comportamento excêntrico. Dizem as más línguas que ela andava quase nua pelos corredores e costumava entrar nos banheiros masculinos.  
O hotel fechou em 1982.