terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Primeiro mosaico brasileiro


Enquanto cuidava de suas filhas no jardim anexo ao Palácio de S. Cristóvão, no Rio de Janeiro, denominado então Jardim das Princesas, Dona Teresa Cristina fez revelar um de seus dotes artísticos pessoais:  o mosaico. 





Como boa italiana, carregava na alma o gosto pela harmonia das tesselas e foi com conchas, recolhidas nas praias do Rio, e com cacos das peças de serviço de chá da Casa Imperial que recobriu os bancos, tronos, fontes e paredes do Jardim das Princesas, enquanto cuidava das filhas.


São obras delicadas, algumas delas intactas, outras muito mutiladas, que ainda se encontram no local.

Os mosaicos da Imperatriz são inacessíveis ao público. A área do Jardim das Princesas está fechada desde que, tempos atrás, a abertura do espaço ao turismo descontrolado resultou em retiradas de tesselas e outros objetos de decoração levados como... souvenir.Um absurdo!

Imagem relacionada

Infelizmente, alguns dos trabalhos musivos de Dona Teresa Cristina estão muito danificados, antes pela predação de pessoas inescrupulosas, hoje pela ação do tempo e pela exposição às intempéries . Atualmente, o local é totalmente vedado aos visitantes. Não faz parte do cotidiano de visita permitido pela direção do Museu. Para conhecer o trabalho da nossa Imperatriz, mulher de Dom Pedro II, que reinou por quase meio século, é preciso pedir autorização especial à administração do Museu. 

No recosto de um dos bancos no Jardim das Princesas uma inscrição rabiscada na argamassa, apenas com a data 29 de julho de 1852. É a data de aniversário de seis anos da Princesa Isabel. O gesto da princesinha acabou datando a obra da mãe.


Resultado de imagem para jardim das princesas são cristóvão


A importância dessa datação é que a obra da Imperatriz e sua opção pelo uso de quebras de porcelanas no revestimento de bancos, fontes e paredes ocorre pelo menos 50 anos antes de Gaudi e Josep Jujol optarem pelo uso de azulejosa no revestimento de suas obras  no Parque Guell, na Casa Millá e na Casa Batló, em Barcelona,  todas dos primeiros anos do século XX.  

Os mestres da Catalunha provocaram uma verdadeira revolução na história da arte musiva um pouco por toda parte. Claro que a iniciativa individual da nossa Imperatriz não tem a mesma grandiosidade que foi possível a Gaudi e Jujol, através de uma equipe de operários e artesãos. Mas trata-se inequivocamente de uma atitude de grande importância histórica, pela primazia de tê-la concebida em terras brasileiras, com os recursos possíveis para a época e de acordo com as circunstâncias do país. É obra para ser reverenciada por todos os artistas brasileiros e estrangeiros. Mais ainda: é para ser restaurada e exibida com orgulho pelos mosaicistas, especialmente os daqui e pelos italianos, compatriotas da Imperatriz,

Sobre o Jardim das Princesas, o único estudo conhecido sobre a área foi realizado pela arqueóloga Maria Beltrão, do Museu Nacional, em meados dos anos 90.
 
 


Um comentário:

Comente! Seja bem-vindo!