quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Rio pelo olhar de Genevieve Naylor

 Genevieve Naylor fotografou o Brasil, em 1941 e 1942, sob os auspícios do Office of Inter-American Affairs (OIAA), órgão dirigido por Nelson Rockefeller e responsável pela implementação da Política da Boa Vizinhança.  Viajou como funcionária do governo norte-americano tendo de cumprir protocolos fotográficos bem definidos. O resultado desse jogo de influências é um conjunto de fotografias que tiveram certo impacto na conformação de uma certa imagem de Brasil por lá.


Genevieve Naylor chegou ao Brasil como funcionária do Departamento de Estado, então dirigido pelo miliardário Nelson Rockefeller. Tinha apenas 25 anos. Era de família pertencente à elite de Boston, tendo estudado desenho e pintura. Apaixonou-se pelo professor, o ucraniano Misha Reznikoff, que a acompanhou na viagem ao país.

Outubro marca o aniversário de sua passagem pela cidade.
 
Quando desembarcou no Rio, em outubro de 1940, necessitava de salvo-conduto assinado por Lourival Fontes, que só foi concedido em 1942. Não se importou muito com isso. Viajou por dezenas de cidades do país e fotografou, mesmo sem a permissão da ditadura de Getúlio. O DIP queria que ela fotografasse a arquitetura moderna, os bairros nobres, os domingos de sol, as obras de caridade da primeira-dama Darcy Vargas. Assim o fez. Mas, apaixonada pelas ruas do país e por gente comum, fez dezenas de fotos de homens do povo, de pobreza, de transportes caóticos.

“O filme está sendo racionado para todos. Não posso me dar ao luxo de fotografar tudo o que quero”, escreveu ela à irmã.

Gabava-se do domínio das coisas cariocas: 
“Orson Welles conhece os tradicionais roteiros dos grandes desfiles do carnaval. Mas não conhece nada sobre a Praça Onze, onde acontece o verdadeiro carnaval negro carioca”, tripudiava. 


"Genevieve  parece ter saído
de uma história de Robin-Hood,
com seu arzinho de jovem pajem,
sua elegância bem colorida,
uma pena sempre atrevidamente
espetada no chapéu."

Genevieve Ingressou na Associated Press em 1939, a primeira mulher numa agência americana. Daí, publicou na “Life”. E muito das características da revista estiveram presente nesse trabalho em terras brasileiras. Nele mostrou  o corpo e os lugares. O primeiro como suporte de relações sociais,  através do qual elas se revelam e os lugares -  por onde viajou  - foram figurados na elaboração de uma geografia sensível que mostrou um Brasil múltiplo.

Blind Man in Rio, 1941


Um Rio de Janeiro de 1941

http://www.columbia.edu/cu/record/archives/vol21/vol21_iss18/record2118.20c.gif 

Resultado de imagem para Genevieve Naylor

Copacabana      Resultado de imagem para Genevieve Naylor  
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Esse trabalho originou uma exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, a terceira individual de uma mulher, por lá.  Mas a obra de Genevieve Naylor não é muito conhecida no Brasil. 

Vinicius de Moraes encantou-se por Genevieve Naylor:
 
“Nada escapa... à maquininha dessa enfeitiçada.
Perto dela não há momento fotográfico
que passe sem cair naquela arapuca bem armada.
Genevieve dá um pulinho — e a vida ali ficou
batendo asa na sua chapa impressionada.”

Genevieve morreu em 1989 aos 74 anos. Nos quase 50 anos seguintes à sua temporada brasileira, tornou-se prestigiada fotógrafa de moda. Tem ainda registros famosos do escritor Jean-Paul Sartre, da família de Henry Fonda e do músico Stan Getz, que ouviu tocar ao lado de Tom Jobim em encontros em Nova York.

Fotos: reprodução de  www.facebook.com/pages/Genevieve-Naylor / 




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