sábado, 19 de setembro de 2015

O tempo está apagando a história de alguns bairros do Rio de Janeiro.


É comum a falta de detalhes sobre a formação de aglomerados urbanos mais distantes do Centro, formados sobretudo em meados do século passado. Em extensa pesquisa sobre a origem dos bairros cariocas, o professor Robson Letiere constatou o desinteresse em se preservar os registros de regiões da cidade.

— A história dos bairros menos tradicionais não está sendo registrada, como é o caso do Parque Columbia, Parque Anchieta, Costa Barros e Barros Filho. Você tem pouca coisa sobre esses locais nos órgãos oficiais - explica o pesquisador, conhecido por realizar exposição itinerante sobre os bairros em praças e outros espaços públicos.

Robson passou a se dedicar de corpo e alma à pesquisa desde 2009, depois de pergunta feita pelo filho, Thales, então com 14 anos. Ele queria saber o motivo de o lugar em que mora se chamar Jacaré, na Zona Norte.

— Na realidade, o nome não vem do réptil, mas do nome indígena que significa rio tortuoso. Meu filho ficou muito interessado por essa história e me desafiou a descobrir a origem de outros nomes de bairros do Rio.

O pai, atencioso, foi longe.

— Segui três linhas de pesquisa. Meu objetivo era fazer um levantamento histórico. Visitei os órgãos oficiais, Instituto Pereira Passos, Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Fundação Biblioteca Nacional. Visitei dez institutos para poder fazer este levantamento de dados.

Na falta de registros oficiais, o professor buscou outras fontes.

— Parti para a segunda linha de pesquisa: visitar os sebos da cidade em busca de relíquias esquecidas. Localizei livros sobre Rio Colônia e Rio Império. Tive a oportunidade de comprar 250 livros. Na última etapa do trabalho, estive em campo, visitando 85 bairros e fazendo o trabalho da oralidade. Conversei com os moradores mais antigos. E aí a preocupação ficou maior. A memória viva da cidade está morrendo, e isso não está sendo registrado. As pessoas antigas que ainda detém esta informação estão com certa idade e estão morrendo.

O extenso trabalho de Robson refletiu em casa.

— Meu filho, que deu inicio a todo este trabalho, está fazendo faculdade de História. O objetivo dele é trabalhar com isso.


Descubra algumas curiosidades sobre os bairros cariocas:



Complexo do Alemão — “O dono da propriedade em que hoje está o Complexo do Alemão, na verdade, era polonês. Ele tinha a pele muito branca, e o pessoal o chamava de alemão”

Méier — “Vem da família de Camarista Méier”.

Madureira
— “Madureira vem de Lourenço Madureira, que era um agricultor, dono de algumas terras na região.”

Lapa — "O bairro mais recente criado no Rio é a Lapa, em 2012, que era um subbairro do Centro."

São Cristóvão — "Fez este ano 450 anos, o bairro mais antigo da cidade."

Ilha do Governador — "O carioca acha que a Ilha do Governador é um bairro e que os 14 bairros que existem, que são oficiais, são subbairros. A Ilha, na verdade, é uma região administrativa que comporta 14 bairros."

Piedade — "Entre as três versões que explicam a origem do nome, a mais divulgada é a de que D. Pedro II, ao parar naquela estação, avistou diversos gambás e colocou o nome de Parada Gambá ou Estação Gambá. Os moradores não gostaram e resolveram pedir ao diretor da rede ferroviária a mudança. A carta com o pedido começava assim: ‘Por Piedade, mude o nome da nossa estação.’"


(Fonte: reportagem Élcio Braga)



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