...em um passeio pelo bairro de Copacabana, do personagem mais longevo da literatura policial
brasileira, Espinosa, criado por Luiz Alfredo Garcia-Roza há 20
anos, no romance ‘O silêncio da chuva’.
Luiz Alfredo Garcia-Roza
“O silêncio da chuva” (1996), foi o romance de estreia do
autor, que venceu os prêmios Jabuti e Nestlé, onde a Copacabana
noire do inspetor Espinosa é repleta de tipos curiosos
demasiadamente humanos, e um bairro ao mesmo tempo trivial e extravagante. Como
escreveu Rubem Fonseca, “o Rio não é aquilo que se vê do Pão de
Açúcar”.
Copacabana de Espinosa
O mundo do Espinosa é aquele que está incrustado
no triângulo formado pelo Bairro Peixoto, a Hilário de
Gouveia e a praia.
Começa na Trattoria, um restaurante italiano na Rua Fernando Mendes, em Copacabana, onde o protagonista marca registrada, delegado Espinosa, costuma fazer grande parte de suas refeições, à mesa favorita, à esquerda, perto da janela. O cardápio da casa vai do ravióli à
calabresa ao espaguete com camarões ao funghi tartufado.
Espinosa possui uma estante de livros e é um grande frequentador de sebos e
livrarias, lê muito. Um deles, o Baratos da Ribeiro, do antigo local da Rua Barata Ribeiro. No início, o então inspetor
trabalhava na Praça Mauá.
O crime de “O silêncio da chuva” começa no
Edifício Central, e a delegacia que atende ali é a 1ª DP. Depois, o nível
financeiro dele como inspetor seria muito baixo para seu padrão de vida e ele
foi promovido a delegado na 12ª DP, na Hilário de Gouveia .
Em frente ao departamento de polícia, na esquina com a Barata Ribeiro, está
o bar Pavão Azul, onde Espinosa gosta de fazer
refeições rápidas - a rabada com agrião, por exemplo - , tomar um chope e
degustar as pataniscas, o famoso petisco português feito de bacalhau.
Outro local marcante para os leitores do delegado
Espinosa é o Baalbek,“o árabe da Galeria
Menescal”, uma passagem comercial que liga a Avenida Nossa Senhora de Copacabana
à Rua Barata Ribeiro, onde Espinosa passa frequentemente para comprar quibes e
esfirras. Aberto pelo libanês José Chaachaa, em 1959, o estabelecimento é
dirigido por seus cinco filhos.
O criador do Espinosa, Garcia-Roza, rompeu uma barreira que havia contra o romance
policial no Brasil: deu força para o noir brasileiro.
Passando pelo charmoso Hotel Santa Clara, todos
os caminhos de Espinosa levam à Praça Edmundo Bittencourt, no Bairro
Peixoto, onde o delegado vive num prédio de três andares, janela
francesa e balcãozinho e cria um mundo dentro do universo que é Copacabana, protagonista de suas histórias.
Bairro Peixoto
fotos: reprodução/internet
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