segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Entrando nos armários cariocas

Eles podem ter três metros de altura, mais de cem anos, madeiras raras, cristais belgas, entalhes elaborados. Mas todos, independentemente se modestos, imponentes, rústicos ou suntuosos, são testemunhas das histórias que fizeram a fama de bares, restaurantes e outas casas cariocas ao longo dos anos. Da prataria centenária nas prateleiras da Confeitaria Colombo às centenas de rótulos de bebida da Casa Paladino, os armários contam um pouco do passado e do presente da cidade.
Os da Casa Cavé, por exemplo, exibem orgulhosos os doces portugueses que a consagraram, como o pastel de nata, o papo de anjo e a trouxa d’ovos. Suas portas de vidro viram clientes como Olavo Bilac, Chiquinha Gonzaga e Carlos Drummond de Andrade, que sempre pedia a Torrada Petrópolis  e cujo guarda-chuva, que por lá esqueceu se tornou relíquia guardada com carinho pelo garçom Waldir Ramos de Mello.


Na Casa Villarino, onde seu Ramos, garçom do estabelecimento há 30 anos, fala com gosto sobre o mobiliário original do local, de 1953: tudo é da época da inauguração, inclusive as cadeiras de pinho e as mesas com tampo de mármore.


Na Granado Pharmácias, na Tijuca, que passou por uma restauração completa há três anos, o armário é o mesmo que guardava os remédios em 1926, quando a casa foi inaugurada. A Granado foi uma das fornecedoras oficiais da Corte, atendendo à família real portuguesa no Rio.
A inspiradora loja na Praça Saenz Peña passou por uma restauração em 2013 que trouxe de volta a aparência que o lugar tinha em 1926 — e que faz com que, agora, antigos tijucanos entrem só para admirar o ambiente e relembrar o tempo em que eram crianças e iam ali tomar injeção. ( COMO EU!)




Já na Casa Momus, na Lapa, o exuberante móvel de peroba-do-campo que serve de bar antes acomodava os produtos da primeira Lidador, na Rua da Assembleia.


Subindo a ladeira para Santa Teresa, chega-se ao Armazém São Thiago, conhecido como Bar do Gomez. O botequim de origem galega, de 1919, abriga uma enorme peça — também de peroba — herdada do armazém de secos e molhados fundado ali em 1870. Há compartimentos exclusivos para grãos e cereais. O móvel foi criado sob medida para essa finalidade. Hoje, serve como estoque. Todas as garrafas expostas estão à venda.



 São muitas as histórias que saem desses armários.




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