quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Os hidrantes cariocas, ontem e hoje


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Tecnologia QRCode nos hidrantes é a novidade nas ruas do Rio.





Resultado de imagem para hidrante  GTSAI com qr code



Com a instalação do QRCode, as principais informações do hidrante ficam disponíveis para consulta, como a vazão, data de vistoria, possíveis defeitos, entre outros.

 É um projeto piloto, em parceria com a Cedae e com o Laboratório de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que está em andamento na orla de Copacabana. O objetivo é facilitar o fornecimento de dados para a tomada de decisões mediante as ocorrências de incêndio. A inovação também possibilitará ao cidadão o acesso aos dados relacionados à eficiência dos equipamentos instalados próximos às suas residências.

Mas o histórico do Serviço de Hidrantes 
tem sua origem diretamente relacionada 
com o crescimento dos Sistemas de Abastecimento D’água 
da cidade do Rio de Janeiro. 


Nos primórdios de nossa história...

... os bombeiros dirigiam-se para os locais de sinistros embarcados em pipas de reduzida capacidade, auxiliados pelos "aguadeiros", espécie de profissional autônomo encarregado de distribuir água pela cidade em suas pipas d’água puxadas, também, por tração animal. O Decreto 1775 de 20/07/1856 obrigava esses profissionais a comparecer com suas pipas no locais de incêndios. Para tanto, a Corporação indenizava-os pelos serviços prestados.

Entretanto, com o advento no sistema de recalque, em que a demanda d’água era menor que a capacidade das bombas, tornou-se imprescindível o desenvolvimento de uma forma mais eficaz para o abastecimento nos locais de incêndios.

A 17 de Julho de 1851, por força da colocação de bicas externas à distância regulares no curso dos encanamentos que já moldavam a rede de abastecimento público, foi publicada como matéria do Jornal do Comércio a seguinte declaração do Inspetor Geral de Obras Públicas: "...no caso de incêndio, não se perderá tempo de ir buscar água a grandes distâncias e as bicas próximas funcionarão como outras tantas bombas..."

O Surgimento dos hidrantes na Inglaterra e a consagração de seu uso nos países da Europa e nos Estados Unidos da América, levou à introdução desses aparelhos à nossa rede. Assim, em 1871 quando a cidade já contava com a distribuição de água através de redes de ferros fundidos, foram instalados os nossos primeiros hidrantes.

Na época batizados de registros, 
os três primeiros hidrantes subterrâneos f
icavam nos seguintes locais: 
Casa da Moeda, Casa de Detenção e Arsenal de Guerra.


Assim, o Corpo de Bombeiros Militar passou a valer-se da própria rede de abastecimento público para enfrentar os sinistros, sendo que a 2 de Julho de 1876 era criado o Serviço de Registro da Corporação, cuja finalidade exclusiva era tratar do suprimento D’água das bombas em locais de incêndios. 

Seu primeiro Diretor, o Alferes Clemente Instanislau Figlioglia era de uma dedicação a toda prova. Em companhia com o Inspetor Geral de Obras Públicas ou mesmo dos encarregados do serviço, percorria a cidade de norte a sul, à pé ou de carroça, à procura de registros e estudando a rede de abastecimento d’água.

Devido ao desenvolvimento crescente da cidade e de todo complexo urbano, em 1881 a rede já contava com 218 hidrantes instalados ao longo de seu curso. Nas fileiras do Corpo de Bombeiros, a importância desse serviço tornou-se tão evidente que, para pertencer àquele setor era necessário conhecimento do sistema de abastecimento e de manobras, localização de registros, conhecimentos topográficos da cidade, rapidez de raciocínio e boa memória. Assim, formou-se uma verdadeira elite na Corporação, tão importante que por volta de 1926, o conhecimento dos sistemas de manobras d’água passou a ser requisito para promoção, tanto de Sargentos quanto de Oficiais.

Anos mais tardes, já em 1945, foi idealizado pelo então 1º Ten BM Hugo de Freitas, o primeiro Hidrante de Coluna, fator determinante para que aquele serviço passasse a ser denominado Serviço de Hidrantes. Nesta época, o serviço de Hidrantes era tão ou mais concorrido que o serviço de Salvamento, tanto que os oficiais de ambos os serviços faziam questão de tentarem superar-se cada vez mais para aumentar o prestígio dessas especialidades, numa rivalidade construtiva que só beneficiava a Corporação.
Curiosidade: uma frase tornou-se célebre para os Oficiais do Serviço de Hidrantes, mais reconhecidos como Oficiais de Manobras, visto a responsabilidade de conduzir, através de manobras na rede pública de abastecimento, um maior volume de água para o local onde ocorria um incêndio: "Se tu tens a memória do elefante e a agilidade das cobras, poderás então ser um oficial de manobras"


Em 1961, com mudança da capital federal para Brasília, a transferência para a nova capital de grande parte do pessoal qualificado nessa atividade, provocou a decadência do serviço, apesar do esforço concentrado daqueles que aqui permaneceram. Piorou mais ainda em 1974 houve a fusão dos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro.

Finalmente, por motivos políticos, o Serviço de Hidrantes foi desativado através do Decreto-lei nº 195 de 26/06/75, às vésperas de completar 100 anos de existência.  Á CEDAE  ficou a competência de operar e conservar a rede de abastecimento público e ao Corpo de Bombeiros Militar apenas a utilização dos registros de hidrantes de sua rede distribuidora, em caso de incêndios.

Passou-se muito tempo onde nada fora feito para resgatar a antiga posição de destaque do Serviço de Hidrantes até o episódio do terrível incêndio do edifício "Andorinhas",  17 de fevereiro de 1986, onde o suprimento d’água fora falho e desorganizado e que, dos hidrantes existentes nas proximidades, apenas dois foram utilizados, visto que os demais encontravam-se em péssimo estado de conservação, incorrendo para que o volume de água necessário para tal operação só fosse atingido após preciosa perda de tempo. 

Um fato curioso aconteceu nos idos de 1988 quando, por ocasião da retomada do serviço de Manutenção de Hidrantes pelos militares, ficou decidido que os Hidrantes de Coluna passariam a ser pintados de amarelo por dois motivos: primeiro porque aquela cor conferia ao aparelho uma maior visibilidade noturna e segundo porque, a partir daquele momento, abria-se a possibilidade de uma recontagem oficial do número de hidrantes de coluna existentes na rede de abastecimento público do município do Rio de Janeiro.

Entretanto, um detalhe passou desapercebido: a mudança de coloração destes aparelhos feria a regulamentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT que exigia a tinta vermelha em todo tipo de aparelho e/ou encanamento destinados à área de extinção de incêndio. Assim, tal idéia não vingou, embora fosse revestida de boas intenções.

Foi uma longa caminhada em busca do resgate do antigo prestígio do Serviço de Hidrantes, a recuperação da auto estima dos especialistas em hidrantes e uma norma geral de ação.

Em 1998 uma importante parceria foi firmada visando dar à qualificação um maior impulso tecnológico. Através de um contato bastante amigável com o Instituto Pereira Passos – IPP, órgão da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, foi adquirido um Software desenvolvido por aquele Instituto que tinha por finalidade registrar, através de elementos gráficos geo-referenciados, informações sobre localização de logradouros, fontes de captação, pontos críticos, pontos de manobra d’água, etc...

Vale ressaltar que o hidrante é um equipamento instalado pelas concessionárias/permissionárias responsáveis pelo abastecimento de água. De acordo com a legislação vigente, cabe ao mesmo órgão a operação, a manutenção, a execução de reparos e modificação, bem como fazer obras e serviços necessários para a ampliação e melhoria da rede. O Corpo de Bombeiros - que hoje tem o Grupamento Técnico de Suprimento de Água para Incêndios (GTSAI) -  seguindo a mesma lei, pode operar os registros em caso de incêndio.



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