sexta-feira, 14 de junho de 2019

A História do Morro Dois Irmãos




A história do Morro dos Dois Irmãos, se confunde com a história da comunidade do Vidigal. O morro, surgiu há milhões de anos, pelo poder do fogo e da água. A sua rocha basáltica, foi sendo desgastada e esculpida com o tempo, até ter o formato atual.



Morro Dois Irmãos,visto da Gávea,  1900


Morro de Dois Irmãos, visto da restinga de Ipanema e Leblon, 1920, por Alberto Sampaio.


Quando os portugueses chegaram ao Rio de Janeiro, ficaram maravilhados com a beleza da região e saíram batizando os acidentes geográficos. Na montanha próxima, batizaram de "Gávea", por lembrar o ponto mais alto do navio. E os 2 morros gêmeos, chamaram de "Dois Irmãos".

Quem foi MIGUEL NUNES VIDIGAL?

Nasceu em 1745, na cidade de Angra dos Reis, então Capitania do Rio de Janeiro, e o primeiro brasileiro nato a ser um dos comandantes de forças militares no recém-formado Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, quando a família real portuguesa chegou em 1808, à cidade do Rio de Janeiro.

Ainda jovem, alistou-se num dos regimentos de cavalaria de milícias daquela capitania. Foi promovido a alferes em dezembro de 1782, a tenente em dezembro de 1784, a capitão em 20 de outubro de 1790, a sargento-mor em 18 de março de 1797, a tenente-coronel em 24 de junho de 1808, a coronel em 26 de outubro daquele mesmo ano, a brigadeiro graduado em 10 de março de 1822.

Segundo o livro "Memórias de um Sargento de Milícias", obra de Manuel Antonio de Almeida, Vidigal, era considerado um perseguidor implacável dos candomblés, das rodas de samba e especialmente dos capoeiras.

Manuel Antônio de Almeida, ao escrever "Memórias de um Sargento de Milícias" assim fala sobre ele:

"O Major Vidigal, que principia aparecendo em 1809, foi durante muitos anos, mais que o chefe, o dono da Polícia colonial (...). Habilíssimo nas diligências, perverso e ditatorial nos castigos, era o horror das classes desprotegidas do Rio de Janeiro". 

Noutro trecho da obra, o descreve da seguinte forma: 

"Era Vidigal um homem alto não muito gordo, com ares de moleirão. Tinha o olhar sempre baixo, os movimentos lentos, a voz descansada e adocicada. Apesar desse aspecto de mansidão, não se encontraria, por certo, homem mais apto para o cargo..."

Vidigal, foi o único personagem não fictício deste obra.

O major de milícias e intendente da polícia Miguel Nunes Vidigal, recebeu por doação dos beneditinos, as terras - que iam das encostas do Morro Dois Irmãos até o mar -  que antes, pertenciam ao Sr. Visconde de Asseca, e por volta de 1820,ali  foi construída a Chácara do Vidigal.

A benfeitoria do major, serviu de residência e local de descanso, não tinha fins agrícolas ou comerciais, talvez uma pequena produção voltada  a ele. Seus vizinhos, em seus últimos anos de vida, eram: Chácara do Céu, Chacareiros da encosta dos "Dois Irmãos" pelo lado da Gávea e o francês Charles Leblon -  Emmanuel Hippolyte Charles Toussiant Le Blon de Meyrach -  que comprou as terras de Guilherme Midosi, em 1842. E rapidamente aquela restinga, ficou conhecida como Campo do Le Blon.

Em 10 de Julho de 1843, falece o Major Miguel Vidigal, na cidade do Rio de Janeiro, com 98 anos de idade, nas terras onde hoje se situa a favela doVidigal, e foi sepultado nas catacumbas da igreja de São Francisco de Paula.

Em 1886, os herdeiros de um chacareiro que comprou as terras do Vidigal, venderam a propriedade ao Engenheiro João Dantas. No final do século XIX, o sogro de Oswaldo Cruz, Comendador Manuel José da Fonseca compra a Chácara do Vidigal. E quando chegava o rude verão carioca, o Dr. Oswaldo Cruz se transferia com a família para a chácara do seu sogro, na Praia do Vidigal.

Por volta de 1900, Charles Armstrong, adquire as chácaras do "Vidigal" e "Sete Pontes" em São Gonçalo, com intenção de instalar colégios de elite.

Em 1911, o professor e engenheiro inglês Charles W. Armstrong, aproveitou o caminho aberto pela obra de uma ferrovia litorânea, iniciada em 1891, que fora interrompida antes de 1910. E instalou em terras do falecido major de milicias, o colégio Anglo-Brasileiro, e hoje, é o Colégio Stella Maris.

O acesso antigo, era pelo tortuoso caminho da Chácara do Céu, chegava-se até ali, através do antigo caminho da Restiga, atual Rua Dias Ferreira. E o outro caminho, que estava semi-aberto pela obra da ferrovia, deu origem à Av. Niemeyer, inaugurada em 1916. Ligando Leblon até as terras do Comendador Conrado Jacob Niemeyer, no bairro de São Conrado.




E aí surgiu a favela...

A comunidade cresceu consideravelmente entre as décadas de 1940 e 1970, devido às remoções das comunidades próximas, e também por receber migrantes nordestinos. Até meados dos anos 50, a favela era conhecida como "Portão do Anglo ou Rampa do Niemeyer", devido a proximidade com o colégio e a avenida. Na década de 60, para frente, já era conhecida como "Favela do Vidigal".

Nas décadas de 80 e 90, houve uma grande expansão da comunidade, por causa do aumento da população local. E a delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.



2 comentários:

  1. Muito importante, compartilhar ...... valeu.

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  2. Sou nascida e criada na comunidade do Vidigal e não conhecia a história dela, adorei, vou compartilhar.

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