sábado, 31 de outubro de 2009

O Rio e seu feitiço



Muitos por aqui resolveram aderir ao estrangeirismo e comemoram hoje uma coisa que nada tem a ver com a nossa tradição. O Halloween.

Pois é... nesse clima preferimos ficar com um feitiço de cá. O Feitiço da Vila, a canção de Noel Rosa, composta em 1934 para homenagear seu bairro, Vila Isabel.

Nesse tempo, Noel e Wilson Batista, outro grande compositor de samba carioca, estavam envolvidos em uma polêmica musical das melhores. Mas vamos falar disso outro dia.

Polêmicas à parte, com Feitiço da Vila, Noel Rosa trata o samba como um feitiço, que contagia os que ouvem. Um feitiço decente que prende a gente. Noel também afasta o samba do significado e da relação que se fazia à cultura e religiosidade afro-brasileira, afirmando ser o feitiço sem farofa, sem vela e sem vintém.

Noel fala de boca cheia do bairro onde nasceu ,do samba que por lá é feito, tão poderoso que até faz a lua, nascer mais cedo, e, deixa a modéstia de lado, e com grande orgulho se diz Eu sou da Vila.

Belo feitiço. Feitiço carioca, sem bruxas, e com muito talento.

Ouça aqui a música na voz da divina Elizeth Cardoso.

Viva Noel Rosa!
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Quem nasce lá na Vila
Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos,
Do arvoredo e faz a lua,
Nascer mais cedo.

Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba.

A vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém
Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Num feitiço decente
Que prende a gente

O sol da Vila é triste
Samba não assiste
Porque a gente implora:
"Sol, pelo amor de Deus,
não vem agora
que as morenas
vão logo embora"

Eu sei tudo o que faço
sei por onde passo
paixão não me aniquila
Mas, tenho que dizer,
modéstia à parte,
meus senhores,

Eu sou da Vila!



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