segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O cafezinho carioca

Confeitaria sempre foi uma grande tradição carioca.

No início surgiu sob a forma de café com mesas.
O Café Braguinha, na  Praça da Constituição com Rua do Sacramento - atual praça Tiradentes esquina com av. Passos - foi o primeiro café, na forma de confeitaria que servia lanches.

 Foi fundado em 1824 . Podemos vê-lo abaixo em dois momentos:


 

Gravura de Carlos Linde, de 1861



 Foto de  Henry Revert Klumb, de 1870

 A história do prédio da Café Braguinha  soma  boas histórias.

No século XIX, Manuel Luís Ferreira construiu sua casa, que depois pertenceu a José Bonifácio.
 D. Pedro I utilizou-a por várias vezes para despachar. Anos depois, é que se instalou, na parte baixa, o Café do Braguinha, ponto de encontro de intelectuais e artistas. 

Hermeto Lima , na edição de 14 de março de 1937, do Jornal do Brasil, em interessante crônica sobre a Praça Tiradente conta:


"No café do Braguinha, muitos anos depois Café Criterium, reuniam-se diariamente médicos, advogados, homens de letras e de teatro. O Braga, um português gordo, baixo e atarracado, era de uma bondade extrema e de uma atraente simpatia. Dotado de alguma inteligência, era amigo dos escritores e íntimo de João Caetano. Por sua influência junto ao grande trágico, foram representadas peças de autores ainda então desconhecidos. Os anúncios do café do Braguinha, que começavam sempre por — A fama do café com leite, — eram feitos pelos homens de letras que frequentavam a casa. Dizem que Machado de Assis e Laurindo Rabelo foram autores de muitos desses anúncios, que enchiam as colunas dos jornais do tempo. Estávamos então no tempo dos lundus, e um desses anúncios foi posto em música e cantado. Começava assim:
 "O Braga, dono de fama/ Participa à freguezia/ Que descobriu um café/ Que cura a paralisia".
   E terminava sempre com o estribilho: 

"E o Braguinha,/ Sempre cortês/ Com todo o gosto/Serve o freguês".


Demolida a casa, surgiu ali no novo prédio, o Café Criterium.  Por ali, em meio à agitação, ao vozerio, aos brados de saudação, apinhavam-se políticos, atores, poetas, jornalistas e toda a sorte de intelectuais iniciando um hábito que haveria de contagiar : a mania de, por esse ou aquele motivo, tomar um cafezinho.

Por ocasião das obras de alargamento da avenida, como se obedecesse a uma tradição, um novo café é aberto na esquina, o Café Capital, no mesmo  Largo, que ainda conservava o antigo bosque, de folhagens pouco tratadas, com ruazinhas de pedras escuras e mal varridas.  

O Café Capital  acabou abrindo sua própria torrefação e virou marca de sucesso, com um jingle que se tornou um clássico.
Café Capital hoje ainda existe, mas na Av Marechal Floriano, também no Centro, em formato mais moderno como uma cafeteria. Mas servindo, sempre, o mesmo sabor desde 1943.



 

CLIQUE AQUI e ouça! 


Um comentário:

  1. Elizabeth, também marcou época no Rio, o Café Globo, que usava o slogan
    "bom até a última gota". O interessante é que em todas as embalagens
    continha uma caneca ou uma xícara, como promoção. Não me lembro das
    outras utilidades nessas embalagens. O Café Palheta teve sua época no
    Rio. Lembro-me que uma das lojas ficava na Av. Rio Branco esquina de 7 de
    Setembro e a outra, na Praça Saenz Peña. Que o café era uma delícia, era.
    Bons tempos, bons tempos. Abrs. Aristóteles

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