domingo, 27 de abril de 2014

Lacerda e a cidade do Rio


jornal O GLOBO - 6 de dezembro de 1960



Como primeiro governador do recém-criado Estado da Guanabara (1960-1965), Carlos Lacerda , que no próximo dia 30 de abril  faria 100 anos - foi eleito sem nenhuma experiência , num tempo em que a antiga capital necessitava de tanto, a insatisfação era crescente e com o bom humor carioca se repetia "Rio, cidade que me seduz, de dia falta água e de noite falta luz".


O Corvo foi seu apelido pelo nariz aquilino, os olhos vivos e a voz potente. Mas a melhor de suas características foi sua grande capacidade administrativa, que produziu grandes destaques, na cidade, como a ampliação do sistema escolar, o abastecimento de água e a ordenação do espaço urbano do Estado.

 Lacerda tinha  um estilo peculiar dedicado.Saía para fiscalizar o andamento de uma obra ou o atendimento à população num hospital, de repente. E não hesitava em demitir no ato o responsável se as coisas não andassem a seu contento. Bem ao contrário dos demais governantes, ainda hoje, que até desconhecem ruas, locais e acontecimentos.

Fez obras que deram ao Rio sua cara atual e, acima de tudo,de maneira racional e moderna. Defendia a ordem nas contas do governo  - e cumpriu essa exigência à risca na Guanabara - e a profissionalização do funcionalismo.
Montou um secretariado em que exigia a melhor qualificação profissional para o cargo, independentemente de partido. Acompanhava de perto cada área de seu governo, mantinha reuniões semanais com todos os secretários, mas foi pioneiro na descentralização.

Grande orador, jornalista de inteligência e cultura muito acima da média.Com recursos semelhantes aos de seus antecessores, Lacerda tirou do papel a maior parte dos projetos engavetados ao longo dos anos 50 e ainda traçou a cidade do futuro.

 Obteve o dinheiro para as obras da correção da tarifa, congelada desde 1947 e do prosseguimento da correção de impostos que começou na década anterior; a educação mereceu atenção especial com a construção de escolas e contratação de professores em ritmo acelerado. O resultado foi o fim do déficit de vagas no ensino primário, algo inédito nos anos 60. 

O carioca ainda hoje, ao andar pela cidade, tropeça nas realizações efetuadas naquele período.
Pegue uma via expressa como a Radial Oeste, um túnel como o Rebouças, abra uma torneira para lavar o rosto, vá assistir um concerto na sala Cecília Meireles ou dar uma corrida no Parque do Flamengo.

A abertura de túneis e construção de viadutos, parques e jardins, abertura e ampliação de ruas e avenidas foram marca registrada de seu Governo, seguindo a linha de Pereira Passos, Paulo de Frontin e Henrique Dodsworth e dando novo traçado urbanístico à cidade-estado.

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Lota Macedo Soares e Lacerda nas obras do parque do Flamengo
Pão de Açúcar ao fundo.


As obras do Túnel Rebouças





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