quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Taiguara, HOJE e sempre

 
A história de Taiguara Chalar da Silva começa a 9 de outubro de 1945, em Montevidéu, onde nasceu, e sua carreira musical no João Sebastião Bar, um dos pontos de encontro dos artistas na década de 60, situado pertinho do Mackenzie, onde estudava Direito. Por lá se encontrava com Chico Buarque, Claudete Soares, Geraldo Vandré, Airto Moreira e muitos outros que pontificavam na meca paulista da Bossa Nova.

Tendo como padrinhos artísticos Chico e Claudete foi convidado pela Philips para gravar. Seu primeiro LP,  foi produzido por Luiz Chaves, do Zimbo Trio. Nessa época, Taiguara participou de um show produzido pela dupla Mieli e Bôscoli, chamado Primeiro Tempo 5xO, com Claudete Soares e Jongo Trio.



O show fez muito ,muito sucesso e ficou três anos em cartaz no Rio de Janeiro.  Ali nasceu sua composição "Hoje", seu maior sucesso.




A fase gloriosa foi a dos festivais.

Taiguara conquistou o l ° lugar no festival Brasil Canta no Rio, com Modinha, de Sérgio Bittencourt (filho de Jacob do Bandolim), recebendo o prêmio de melhor intérprete.

Também foi 1° lugar no 1°. Festival Universitário da Música Brasileira, com Helena, Helena, Helena, de Alberto Land, em 1969.

No 2° Festival Universitário da Música Brasileira ficou em 2° lugar com Nada sei de eterno, de Silvio Silva Júnior e Aldir Blanc, bem como o prêmio de melhor intérprete.

Taiguara foi quatro vezes finalista do Festival Internacional da Canção, como compositor e intérprete, destacando-se com Chora, coração, de Vinícius e Baden Powell e com a lindíssima Universo do teu corpo, de sua autoria.

Essa música guarda uma história curiosa, pouco divulgada.

Taiguara desabafou na revista Fatos e Fotos, de 12 de novembro de 1970:
“Quando resolvi concorrer não podia imaginar que as pressões econômicas fossem tão grandes. Todo mundo achava que eu merecia o primeiro ou o segundo lugar, mas como gravo pela Odeon e não pela Philips (e o júri era composto pelo pessoal da Philips), me deram o oitavo lugar. Isso me deixou desesperado, mas ainda assim procurei me acalmar. Afinal, o público do Maracanãzinho estava do meu lado, me aplaudindo e vaiando o júri, que não teve a coragem de dar a colocação que eu merecia. Mas, o que me deixou doente mesmo foi eu ter sido convidado para a festa de encerramento, segunda-feira à noite no Teatro Municipal e na última hora ter sido cortado. Isso foi um dos maiores trambiques que sofri na vida..."
Taiguara tinha feito uma roupa especial para a festa:

“...Agora eu entendo tudo: não interessa à TV Globo que o público conheça minha música, porque não sou contratado dela e comecei na TV Tupi, num programa de Flávio Cavalcanti"

A década de 70 foi uma sucessão de prêmios, turnês, circuitos universitários e viagens internacionais. No auge de sua carreira começou a sentir os efeitos da censura: mais de 80 músicas vetadas pela Censura Federal!

Por não conseguir cantar, gravar nada, desistiu de cantar no Brasil, saiu do país e quando voltou ficou isolado e esquecido, embora compondo e fazendo shows. Morreu aos 50 anos de câncer.

Foi um guerrilheiro da palavra, como dizem, pois era incapaz de pegar numa arma. Suas armas sempre foram o som emocionado dos instrumentos -  o piano, o violão, o bandoneon... -  e, principalmente, as letras de suas músicas, verdadeiras poesias.
















Taiguara nos deixou em 14 de fevereiro de 1996.



Um comentário:

  1. Para mim foi um dos melhores da Mudica Brasileira - da altura de Chico Buarque, Elis, Gonzaguinha, Caetano, ...

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