terça-feira, 25 de agosto de 2015

O mais importante e refinado nigthclub da cidade do Rio... parte final...3



Concluindo a publicação de Ibrahim Sued, em agosto de 1955...







Em reportagem assinada pelo saudoso jornalista, Joel Silveira, na revista Manchete, temos


Depois de presenciar da janela do seu apartamento, a morte do jornalista Raul Martins, atirando-se do andar de cima, do 11º; depois o francês Pierre André; o cantor Warren Hayes, repetirem o gesto desesperado, Dantinhas confessou ao repórter: “Pensei então escrever algumas linhas, uma espécie de despedida a parentes e amigos mais próximos e atiradas pelas janelas”. Mas, o nosso herói foi resoluto, mostrando coragem e sangue frio, vestindo terno novo e ainda colocando na gravata um alfinete de pérola. Ele mesmo relata como se salvou milagrosamente das chamas, umedecendo um lençol, amarrando-o fortemente a um braço de ferro da veneziana e lançando-o para o lado de fora. “Cheio de angústia, vi que o pano não alcançava a ponta da Magirus. Gritei ao bombeiro que estava no último degrau da escada pedindo que ele me jogasse uma corda e, só depois de cinco tentativas, consegui segurá-la. Escorreguei então por ela, lentamente, até alcançar a ponta da escada e, logo depois inacreditavelmente vivo, o chão. O pesadelo, que já durava duas horas (dois séculos!), parecia, enfim, tinha terminado”.


Dantinhas é filho do saudoso advogado e jurista Heráclito Ribeiro Dantas, sobrinho do jornalista Orlando Ribeiro Dantas, fundador e proprietário do “Diário de Notícias”. Era homem da noite, conhecido “causier” e frequentador dos locais mais requintados da gastronomia carioca. 


Joel Silveira autor da reportagem, outra grande figura da boemia daqueles áureos tempos, foi definido pelo poeta Manuel Bandeira como o anti-João do Rio, no estilo, mas, “apesar disso, ou por isso mesmo, maciamente perfurante como uma punhalada que só dói quando a ferida esfria”. 


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