Continuando nesse tempo de verão e praias
e falando do charmoso Arpoador.
Foi o Arpoador de 1953 a 63, o grande laboratório de costumes e comportamento da cidade e do Brasil.
Arpoador, anos 50
Famílias européias que vinham para o bucólico bairro misturavam seus filhos aos jovens nativos.
Os jovens da época liam autores europeus e americanos modernos, eram amigos dos intelectuais, misturavam-se com o pessoal da Bossa Nova, frequentavam os roteiros culturais da época como cinemas e cursos de teatro. As moças tinham um futuro profissional promissor, discutiam Existencialismo e Nouvelle Vague - movimento artístico do cinema francês que se insere no movimento contestatório próprio dos anos sessenta –, queriam estudar fora do país e não viam o casamento como única realização na vida (apoiadas na maioria das vezes por suas mães, de origem ou educação européia). Ao cultuar simultaneamente a beleza, o conhecimento e a autenticidade, essa geração atingiu a liberdade sexual sem culpa, revolucionando os meados dos anos 50 no Arpoador.
As drogas não circulavam por ali ainda nesta época. Havia o conhecimento, mas o culto à saúde e à razão superava a curiosidade da experiência de substâncias que alteravam a mente.
Arpoador, anos 60
O Arpoador sempre acolheu várias turmas, sem que houvesse o predomínio de umas sobre as outras: o pessoal da Bossa Nova, os frequentadores de todos os dias, os esportistas. Mas com o tempo, início dos anos 60, o pessoal começou a migrar pra uns metros adiante. Em frente ao Castelinho. E aí surgiria um novo tempo. O das areias de... Ipanema.
Copacabana ainda não sabia, mas era o fim de seu reinado.
A partir de 1962, a praia por excelência do Rio de Janeiro seria Ipanema.
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