Pelo traçado urbano da cidade do Rio de Janeiro proliferavam sinuosos becos e ruelas, que eram inúmeros no período colonial e alcançaram o início do século XX.
O memorialista Luiz Edmundo descreveu o aspecto dessas vias:
. Beco da Batalha, Beco dos Ferreiros e Beco da Fidalga
Ficavam no bairro da Misericórdia e não existem mais. A origem do nome do Beco da Batalha foi a existência de um oratório dedicado à devoção de Nossa Senhora da Batalha no próprio beco ou no largo do mesmo nome.
O memorialista Luiz Edmundo descreveu o aspecto dessas vias:
"As ruelas que se multiplicam para os lados da Misericórdia - Cotovelo, Fidalga, Ferreiros, Música, Moura e Batalha -
são estreitas, com pouco mais de metro e meio de largura.
São sulcos tenebrosos que cheiram a mofo,
a pau-de-galinheiro, a sardinha frita e suor humano".
Alguns deles...
Ficavam no bairro da Misericórdia e não existem mais. A origem do nome do Beco da Batalha foi a existência de um oratório dedicado à devoção de Nossa Senhora da Batalha no próprio beco ou no largo do mesmo nome.
Beco da Batalha, 1919, Augusto Malta
No Beco dos Ferreiros moravam muitos chineses e em suas casas se fumava ópio.
Beco dos Ferreiros, 1941, Augusto Malta
No Beco da Fidalga morava dona Maria Antônia de Alencastro, parente do militar português Gomes Freire (1757 -1817).
Beco da Fidalga,1941, Augusto Malta
. Beco da Música
Também no antigo bairro da Misericórdia, liga a avenida Antônio Carlos à rua Dom Manuel.
Seu nome era Beco do Administrador, mas foi rebatizado como Beco da Música, quando músicos do Regimento do Moura, aquartelados nas vizinhanças, passaram a ensaiar no local onde havia sido a sede da administração do monopólio do sal.
Beco da Música, 1941, Augusto Malta
Segundo o historiador Felisberto Freire, nele estiveram os portões do Rio de Janeiro, no século XVI, quando a cidade
"malnascida no Castelo,
dispunha embaixo, na várzea,
de uma muralha para melhor protegê-la."
. Beco do Paço
Ficava perto da rua Dom Manuel e foi destruído para a abertura da rua Erasmo Braga.
Beco do Paço, 1941, Augusto Malta
. Beco do Rosário
Fica perto da rua Reitor Azevedo Amaral.
Foi em uma lanchonete situada no beco que, em 1967, num sábado de Aleluia, começou um incêndio que destruiu grande parte da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.
Beco do Rosário, 1938, Augusto Malta
. Beco dos Barbeiros
Localiza-se entre a rua Primeiro de Março e a rua do Carmo. Foi aberto no período colonial, pela Ordem Terceira do Carmo, por exigência da Câmara Municipal.
Tem esse nome por ter sido ocupado durante anos por negros barbeiros ambulantes, que possuíam até banda de música.
O beco é calçado com grandes blocos de pedra, onde podem ser vistas as antigas calhas de ferro trabalhado para o escoamento das águas pluviais da Igreja da Ordem Terceira do Carmo.
Em certo momento, cogitou-se mudar o nome do beco para Travessa Onze de Agosto, em homenagem à data de criação dos cursos jurídicos no Brasil. Mas a população não aceitou e continuou chamando a estreita rua de Beco dos Barbeiros, nome definitivamente oficializado em 1965.
. Beco das Cancelas
Liga a Rua Buenos Aires à do Rosário. Tem esse nome porque ali havia duas cancelas que fechavam a rua e só abriam durante o dia.
No Beco das Cancelas funcionou o famoso Café Cascata, contemporâneo de Machado de Assis,o primeiro café carioca a contratar garçonetes. O prédio desabou em 1897, mas foi logo reerguido. Outro café famoso do local foi o Amorim, freqüentado por banqueiros, tabeliães e comendadores e dono da fama de "um dos melhores cafezinhos da cidade".
. Beco dos Carmelitas
Tinha má fama por ser frequentado por malandros e prostitutas da Lapa, rua da residência do lendário morador Madame Satã.
Também passaram, e muito, por aquelas vielas, nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Heitor Villas-Lobos, Di Cavalcanti, Ismael Nery, Lúcio Rangel, Mário Lago e Noel Rosa.
O poeta Manuel Bandeira também frequentava o local, pois morava na Rua Moraes e Valle, bem em frente ao Beco dos Carmelitas. De sua janela, Bandeira contemplava o beco sujo onde viviam lavadeiras, costureiras e garçons dos cafés do Centro. Foi ali que Bandeira escreveu os poemas de Estrela da Manhã (1936) e Lira dos Cinqüenta Anos (1940) e "Última Canção do Beco", em 1942, quando de lá se mudou e o poeta da delicadeza - como era conhecido - o escreveu como despedida.
"...Beco das minhas tristezas
Não me envergonhei de ti!
Foste rua de mulheres?
Todas são filhas de Deus!
Dantes foram carmelitas...
E eras só de pobres quando,
Pobre, vim morar aqui..."
Boa tarde,
ResponderExcluirGostei bastante do seu blog, ele traz coisas curiosas da cidade Maravilhosa ao alcance de todos.
Nele você afirma: "No Beco dos Ferreiros moravam muitos chineses e em suas casas se fumava ópio. "
Você poderia remeter à sua fonte e à bibliografia por favor? Esse assunto me interessa para uma futura pesquisa e estou buscando todas as bibliografia conexas ao tema dos chineses e do ópio.
Muito agradecida,
Lucia Wong