O réveillon nas areias de Copacabana
surgiu nos salões do Copacabana Palace.
Réveillon antigo, com os fogos sobre a areia.
Queima de fogos atual, a partir do mar
O empresário Ricardo Amaral resolveu incrementar a festa que produzia no hotel - 1981 - com uma queima de fogos na rua. Para financiar a ideia, usou a boa relação com a família Guinle, então proprietária do hotel.
Nessa primeira edição, em 1981, cerca de 500 pessoas lotaram o Golden Room para assistir à queima de fogos em frente ao Copa. No ano seguinte, a festa se estendeu ao terraço e ao salão nobre, de onde quase 1.200 espectadores viram os fogos. Houve um patrocínio e o foguetório aconteceu também no Leme, onde o empresário Mario, da churrascaria Marius, se somou à empreitada, e no Posto 5.
Em 1983, a festa já começou a atrair a cidade para lá.
Conhecido como o rei da noite carioca, Amaral se encarregou da festa até 1988, quando a prefeitura assumiu a organização do evento. Mas os fogos eram colocados nas areia em cercadinhos, próximos ao público sem nenhuma segurança. A partir de 2001, foram colocados em balsas no mar e, desde então, outras tecnologias vêm se somando para causar mais impacto e inovação.
Também se somou a essa nova festa, em 1987, a cascata de fogos do extinto Hotel Méridien, que começava após o término da queima de fogos na praia. Ela parou de acontecer em 2002, face à insegurança que tal espetáculo provocava e que sempre contrariou as normas do Corpo de Bombeiros (lei nº 18.866, de 1991, proíbe a queima de fogos no topo ou terraço de edifícios.)
Aliás, as praias do Rio na virada do ano eram dos devotos de Iemanjá. Eles, através de sua crença proporcionavam lindo espetáculo que atraía muita gente para vê-lo. Montavam desde cedo barracas, cercados de flores - geralmente palma de santa rita - e nesses terreiros faziam seus cânticos, batuques, agradecimentos, preces. Faziam atendimento ao público e quando a noite chegava aqueles cercados - e eram muitos ao longo de toda a praia - acendiam as velas, fazendo desenhos nas areias. Isso acontecia não só em Copacabana. As praias de maior presença dos cultos da Umbanda à Iemanjá eram Copacabana, Flamengo, Praia da Bica , na Ilha do Governador e Praia Vermelha.. Muitos centros de umbanda, no entanto, preferiam as cachoeiras, onde existe o ritual até hoje.
Copacabana era o local mais procurado para se ir ver esses rituais que se transformavam em espetáculos. Ao longo da praia surgia um desenho singular de luzes e do branco dominante das roupas das mães de santo e seguidores. À meia-noite todos os centros e seus participantes entravam no mar para suas oferendas e surgia um novo espetáculo de cores, barcos enfeitados e muitas flores.
Na verdade, réveillon na praia era isso. Era ver esse tempo de devoção, que transformava as praias cariocas em templo. Era um espetáculo belíssimo.
Com o surgimento dos fogos, em 1981, o espaço para a prática religiosa foi tirado e o foco se tornou a queima de fogos.
A todos os leitores do blog
FELIZ ANO NOVO!
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