Muitos nomes da literatura de escrita feminina
em fins do século XIX e início do século XX
são pouco conhecidos.
Um deles, Amélia de Oliveira.
Em fins do século XIX a maioria das mulheres que seguiram para o caminho literário pertencia às famílias da elite brasileira. Suas residências dispunham de uma vasta biblioteca de seus pais e irmãos ou maridos tinha um salão em casa onde ocorriam encontros de intelectuais, poetas e músicos. Como ainda não ocupavam espaços públicos, restringiam-se aos círculos familiares e amigos, portanto essas reuniões literárias as estimulavam muito.
Aos poucos, as mulheres frequentadoras dos salões literários, começaram a escrever seus poemas, contos, crônicas e romances. Os temas dos escritos eram relacionados aos sentimentos reprimidos, tais como: amor, casamento, divórcio, erotismo, etc. Porém, mantinha-os nas gavetas.
Um dos salões mais famosos do Rio de Janeiro, localizado em Niterói, era o da família Oliveira, casa do poeta Alberto de Oliveira (1859-1937), irmão de Amélia de Oliveira. Nessa casa - os pais José Mariano de Oliveira e Ana Ribeiro de Mendonça - nos últimos anos do século XIX, era ponto de encontro de literatos. Fazer versos era algo comum entre os dezessete irmãos Oliveira.
As irmãs ficavam encarregadas de declamar os poemas dos irmãos e dos demais convidados, tinham cerca de trezentos poemas decorados. Além disso, as moças tinham até um certo prestígios nas artes: tocavam piano, cantavam, mostravam suas habilidades com a pintura, artesanato, mas nunca demonstravam suas próprias criações.
Grandes nomes da poesia e literatura da época
frequentavam estes saraus.
Olavo Bilac, em 1883, começa a frequentar a casa dos Oliveira e se apaixona por Amélia, que retribui. Em 1885, iniciaram o namoro. Essa paixão inspirou boa parte dos sonetos da Via Láctea, composto por 35 sonetos. (Coelho, p.48)
Considerada a mais culta entre os irmãos, Amélia teve poucos poemas publicados em vida e a maioria com o pseudônimo de Emília da Paz.
Em uma ocasião Amélia, que escrevia muitos versos, teve um soneto publicado no Almanaque da Gazeta de Notícias em 1888 e a reação do noivo marca bastante como as mulheres eram reprimidas na época:
“Minha Amélia (...) Antes de tudo quero dizer-te que te amo, agora mais do que nunca, que não me sais um minuto do pensamento, que és minha preocupação eterna, que vivo louco de saudade, (...) Não me agradou ver um soneto teu (...) desagradou-me a sua publicação. Previ logo que andava naquilo o dedo do Bernardo ou do Alberto. Tu, criteriosa como és, não o faria por tua própria vontade (...) Há uma frase de Ramalho Ortigão, que é uma das maiores verdades que tenho lido: - "O primeiro dever de uma mulher honesta é não ser conhecida". - Não é uma verdade? (...) há em Portugal e Brasil cem ou mais mulheres que escrevem. Não há nenhuma delas de quem não se fale mal, com ou sem razão (...). Não quer isto dizer que não faça versos, pelo contrário. Quero que os faças, muitos, para teus irmãos, para tuas amigas, e principalmente para mim, - mas nunca para o público (...) Teu noivo Olavo Bilac.
São Paulo, 7 de fevereiro 1888"
Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac
Com a morte do pai, o irmão de Amélia que assumiu o posto de patriarca da família, impediu o noivado com Olavo Bilac, alegando que o poeta era muito boêmio para a sua irmã. Ambos sofrearam com essa decisão.
Nenhum dos dois casou posteriormente e continuaram trocando poemas de amor.
Presciliana Duarte de Almeida (1867 - 1944), responsável pela revista A Mensageira, que circulou até 1900, insistiu para que Amélia publicasse seus poemas, mas ela sempre recusou, como foi o pedido do eterno noivo.
Todos os irmãos Oliveira que dedicaram algum tempo à poesia publicaram em órgãos de imprensa da região. Amélia, ao contrário, permaneceu à sombra, determinada a não desobedecer ao ex-noivo.
Após sua morte, seus poemas foram publicados em um volume sob o título de “Póstuma”.
Amélia sofreu todo aquele estado de coisas, resignada, certa de que, um dia, realizaria o seu sonho de amor. Não aconteceu. Mesmo após a morte de Bilac, em 1918, Amélia seguiu em devoção e visitava semanalmente, mesmo idosa, o túmulo do poeta, no cemitério de São João Batista.
Presciliana Duarte de Almeida (1867 - 1944), responsável pela revista A Mensageira, que circulou até 1900, insistiu para que Amélia publicasse seus poemas, mas ela sempre recusou, como foi o pedido do eterno noivo.
Todos os irmãos Oliveira que dedicaram algum tempo à poesia publicaram em órgãos de imprensa da região. Amélia, ao contrário, permaneceu à sombra, determinada a não desobedecer ao ex-noivo.
Após sua morte, seus poemas foram publicados em um volume sob o título de “Póstuma”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente! Seja bem-vindo!