sábado, 26 de fevereiro de 2011

No Carnaval de 81 só deu Lalá

Continuando o passeio pelos carnavais...

....há 30 anos atrás, em 1981, era um tempo em que os desfiles das escolas de samba se davam em um único dia . Os primórdios da Marquês de Sapucaí , ainda somente uma rua interditada - anterior ao Sambódromo - como passarela dos desfiles, que se fechava,  e arquibancadas, camarotes de madeira eram montados, e tapadeiras de separação com a rua.

Eram 14 escolas desfilando. Ufa! Começaram em torno das 20:00 horas de domingo e ...pasmem!... terminaram às duas horas da tarde de segunda-feira. Uma verdadeira maratona.
Saímos de lá, mesmo depois de 18 horas, suados, extasiados, felizes. Quem viu há de concordar comigo.



Foi um grande desfile. Tempos de uma Sapucaí que era invadida através das horas, o povo afunilava a passarela e os carros tinham difícil manobra.

Foi em 1981, que aos gritos de É campeã! a Imperatriz Leopoldinense  - sob um sol escaldante da manhã  -  se consagrou com o seu lindo Tra-lá-lá. Lamartine Babo contado e cantado através do enredo do genial Arlindo Rodrigues, que conquistava o bi.

Neste palco iluminado...Só dá lalá ...



Recordo que quando passou esse trenzinho me emocionei. Ficou difícil cantar . Engasguei. O desfile nessa altura era aplaudido seguidamente, fato raríssimo que não se repetiu igual.

A letra pra recordar...
Neste palco iluminado
Só dá lalá
És presente imortal
Só dá lalá   (bis)
Nossa escola se encanta
O povão se agiganta
É dono do carnaval
Lá lá lalá Lamartine
Lá lá lalá Lamartine
Em teu cabelo não nega
Um grande amor se apega
Musa divinal
Eu vou embora
Vou no trem da alegria
Ser feliz um dia
Todo dia é dia  (bis)
Linda morena
Com serpentinas enrolando foliões
Dominós e colombinas
Envolvendo corações
Quem dera
Que a vida fosse assim
Sonhar, sorrir
Cantar, sambar
E nunca mais ter fim

O Carnaval de 81 marcou, também, a despedida da voz de Roberto Ribeiro - o grande inovador na maneira de cantar e incentivar os componentes -  como puxador da Império Serrano. Ao contrário dos dias atuais, nunca mais puxou samba de escola alguma, pois seu coração era imperiano. Outros tempos.

Os sucessos da música de Carnaval dos anos 80 tiveram uma característica peculiar: passaram a sair apenas da televisão.
Assim aconteceu com a marcha Balancê, de João de Barro e Alberto Ribeiro, de 1937 -   música  gravada  no meio de ano por Gal Costa em 1980  -  uma das mais cantadas no Carnaval de 1981. Outro exemplo, se deu com a grande popularidade de Chacrinha, que somou-se à parceria do experiente compositor João Roberto Kelly , transformando a marcha Maria Sapatão no maior sucesso do Carnaval de 1981.

O Baile de Gala Oficial da Cidade - que se destacava por presenças vips -  não era mais no Municipal. Em 1981 aconteceu  no Canecão, onde ficou até 84.
  


Aliás nesse baile, aconteceu uma presença misteriosa em um dos camarotes.
Zum, zum, zum rolando lá dentro fomos tentar identificar quem era em um dos camarotes.
Qual foi nossa surpresa? Era o Rei Roberto Carlos, à época casado com Miriam Rios, ambos com os rostos cobertos pelas fantasias. Na saída, seguranças formando um cordão. Um frisson!

 Muitos não acreditaram quando contamos, mas a Revista Manchete fez o registro e confirmou  nossa história.


Outros bailes também foram sensação.

O Baile do Regine´s...
Para os mais novos, na década de 80, no subsolo do extinto Hotel Méridien, no Leme, funcionava a filial carioca da mundialmente famosa boite parisiense REGINE´S, que tinha Régine Choukroun, sua proprietária. O seu baile de carnaval era disputado por vips e considerado um dos mais chics da época.

À esquerda, Régine , de cartola e plumas, ao lado de Pelé

 
Baile das Atrizes, no Hotel Glória...

Nas fotos da revista Fatos&Fotos,acima, o humorista Costinha, Nick Nicola com Lilian Fernandes, Alcione Mazzeo, à esquerda e, à direita, o ator Walmor Chagas entre atriz Lidia Brondi, “Rainha das Atrizes” no carnaval carioca de 1980, que passou a coroa para a nova “soberana” de 1981: a atriz Joana Fomm.




O Baile do Monte Líbano,  onde os holofotes estiveram voltados para o casal Xuxa e Pelé.




Uma curiosidade do Carnaval de 1981 
Nesse ano apareceu uma inovação no samba que é destaque até hoje:mulher à frente das baterias.
Adele Fátima foi pioneira. Como a primeira mulher à frente das baterias, comandou com com personalidade os ritmistas da Mocidade Independente de Padre Miguel.
O posto de rainha de bateria só foi criado alguns anos depois.




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