A concessão para a construção e exploração de um caminho aéreo entre a antiga Escola Militar, na Praia Vermelha, e o alto do morro da Urca, com ramais para o pico do Pão de Açúcar e a chapada do morro da Babilônia, foi outorgada pelo Decreto Municipal n.º 1.260, de 29 de maio de 1909, ao engenheiro Augusto Ferreira Ramos e outros.
A 30 de julho, assinou-se na Prefeitura o respectivo contrato, para execução da gigantesca obra.
Augusto Ramos e família
Pão de Açúcar sem bondinho
Augusto Ferreira Ramos, empresário do ramo do café, imaginou o bondinho, em 1908 e antes de criar o teleférico, ligando os morros da Urca, do Pão de Açúcar e da Babilônia, ele viajou por vários países da América Latina, pelos EUA e pela Europa para estudar a agricultura cafeeira na América Espanhola. A inspiração para a ligação suspensa por cabos na Urca teria surgido nessas viagens. Mas os registros históricos indicam que o estalo veio durante a Exposição Nacional de 1908, aos pés do Morro da Urca pelo centenário da Abertura dos Portos.
A Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar foi aberta com um capital de 360 contos de réis, e a construção do teleférico custou dois milhões na mesma moeda.
Parte do dinheiro veio do café e entre os investidores, estão nomes de famílias ilustres como o industrial Manuel Antônio Galvão, Candido Gaffrée, Eduardo Guinle e Raymundo Ottoni de Castro Maya.
Em 1912, o engenheiro dividia a direção do negócio com o comendador Fridolino Cardoso.
Como o país não possuía indústrias que fabricassem teleféricos, foi contratada a empresa J.Pohling, em Colônia, na Alemanha, que fabricou e montou os equipamentos.
A viagem em 1912 no camarote carril custava dois mil réis, o que equivaleria em moeda atual
R$ 9.
R$ 9.
(reprodução)
No alto do cartão-postal, que antecedeu o próprio Cristo Redentor, lá está ele pendurado por cabos, hoje transparente, oferecendo uma viagem - rápida - dois morros acima, que começa na Praia Vermelha e vamos descortinando a Pedra da Gávea, Copacabana no recorte de praias da Zona Sul, o Centro e o próprio Corcovado em sua cadeia de montanhas.
"Nunca mais se me apagará da memória tal data, uma das mais felizes da minha não curta existência. Entrei tranquilo no bonde aéreo. Não me benzi! A pequeno sinal, começaram a funcionar as máquinas. Em menos de quatro minutos estávamos no cimo da Urca, a 224 metros de altura. Magnífico panorama! Passamos para outro bonde e eis-nos, enfim, no termo da viagem. Se do Corcovado a vista abrange maior horizonte, o Pão de Açúcar leva-lhe vantagem. Sem binóculo, a gente com facilidade localiza os pontos que deseja ver: sinuosidade das praias, direção das ruas e avenidas, estabelecimentos públicos, tudo, enfim, com prazer e entusiasmo. Fica-se mudo e quedo diante de tanta magnitude. Cronista das coisas cariocas, do píncaro do Pão de Açúcar tive a satisfação de ver corroboradas as minhas opiniões sobre a fundação da cidade do Rio de Janeiro. Hoje já não é lícito falar em Praia Vermelha. Foi na planície, tendo por padrasto o Pão de Açúcar e por atalaia o morro hoje de São João, que Estácio de Sá lançou os alicerces da cidade dedicada a São Sebastião. Quem dúvidas possa ter, que suba ao Pão de Açúcar. Na planície, junto ao morro de São João, deve ser levantado o monumento comemorativo desse fato primordial da nossa história local."
(Vieira Fazenda, 14 de julho de 1913 )
Ícone urbano e pop, nos últimos anos, foi até cenário de filmes.
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