O primeiro passo rumo a sua
canonização será dado no dia 12 de maio, quando o delegado episcopal
para a Causa dos Santos da Arquidiocese do Rio, Dom Roberto Lopes, irá a
Roma para dar entrada no processo de beatificação no Vaticano.
A Congregação para as Causas dos
Santos terá que conceder o ‘nihil obstat’, uma espécie de nada consta,
para que Guido se torne beato. A previsão é que a autorização saia em
até seis meses. A partir daí, será instalado no Brasil o Tribunal
Arquidiocesano para analisar a santidade na vida do médico, nascido em
1974.
O corpo de Guido será exumado e levado para uma
das igrejas que frequentava, na Zona Sul. “É um caso interessante. Ele
era médico dos pobres. Tinha forte liderança na evangelização dos jovens
e um grande coração”, reconhece Dom Roberto. O religioso é o responsável por reunir material, como depoimentos, laudos, exames e fotos, que comprovem a existência de um milagre operado por intercessão do médico seminarista.
Inúmeros relatos de cura têm sido atribuídos a Guido, como o de uma criança que se salvou de uma hipotonia severa (fraqueza muscular que leva à perda de movimento das pernas e braços), e o de uma freira que se curou de diabetes.
Um dos casos mais impressionantes é o
da bacharel em Direito Márcia Sacramento, 43 anos, que chegou a
trabalhar com Guido, no serviço voluntário na Santa Casa de Misericórdia
do Rio. Ela conta que logo após a morte do amigo, se casou e foi viver
na Alemanha. Dois meses depois, durante uma viagem a um mosteiro na
Itália, diz ter tido uma visão do seminarista. “Eu o enxerguei vindo na
minha direção. Depois ele sumiu e uma criança me perguntei se eu estava
esperando um bebezinho. Nem sabia, mas já estava grávida”, se emociona. A
gravidez não foi fácil. Com uma gestação de risco devido a sangramentos
frequentes, Márcia apelou a Guido. Na mesma noite, os sangramentos
cessaram. “Para mim foi um milagre”, acredita Márcia, que deu ao filho o
nome de Guido.
O pai, o médico Guido Schäffer, 77 anos, também
diz ter sentido a mão do filho na mesa de cirurgia. “Fui operado da
coluna. Sentia dores terríveis. Nenhum remédio fazia efeito, e eu já não
conseguia levantar da cama. Meu médico alertou minha esposa que eu
poderia não sair vivo do hospital. Mas não só me recuperei, como nunca
mais tive crises”.São Francisco carioca para os devotos
A vocação de Guido foi percebida por sua mãe, Maria Nazareth, 65 anos, ainda na infância. “Com 6 anos, eu o encontrei chorando no quarto. Disse que havia visto Jesus, e Ele havia lhe dito para obedecer os pais e prestar atenção no que o padre dizia porque um dia iria cuidar dos outros”, diz, emocionada.
Para ela, a santidade do filho se
manifestava no amor aos pobres. “Guido dava tudo o que tinha. Voltava
para casa descalço e sem casaco se alguém estivesse com frio”, lembra
Maria. Segundo ela, os mais gratos eram moradores de rua. “Eles diziam
que as pessoas davam comida, mas só o Guido sentava do lado e os ouvia”,
conta a mãe.
Dom Roberto Lopes também acredita na
sua santidade. “Guido era um homem do século 20 e, ao mesmo tempo, um
São Francisco carioca, que serve de modelo para a Igreja e para a
juventude mundial”, ressalta.
Apesar do pouco tempo desde sua morte, a fama
de santo do seminarista já correu o mundo. “Já enviei santinhos dele
para Filipinas, França, Peru e África do Sul”, enumera a mãe. Por mês,
mais de 1 mil pessoas visitam o site (guidoschaffer.com.br). Em maio,
será lançado um documentário sobre sua vida, baseado no livro ‘O Anjo
Surfista’ .
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