Achados arqueológicos do Centro do Rio
As obras de modernização da cidade do Rio,
ao mesmo tempo que constroem o futuro,
revelam o rico passado da história da cidade.
As escavações em vários sítios nos mostram isso.
Cais do Valongo
Considerado um dos mais ricos e completos acervos sobre negros escravos
já descoberto no mundo, o material recolhido no Cais do Valongo ajuda a
contar a história da escravidão no Brasil. Foram encontradas centenas de milhares de peças,
entre objetos das classes dominantes (faianças e peças de adorno) e
aqueles associados aos escravos (cachimbos, aneis de piaçava, seixos e
conchas. Na primeira etapa do estudo, foram contabilizados 325 mil
itens, mas ainda há material para ser catalogado e contabilizado. Foi
escavada uma área em torno de 4.000 metros quadrados.
Sítio das Marrecas
Nos arredores das ruas Evaristo da Veiga e Marrecas, no Centro do Rio foram encontrados os alicerces do Hospício de Jerusalém, que pertenceu aos padres da Terra
Santa e existiu no século XVIII, a partir de 1733. Próximo a um dos
alicerces, foi encontrada uma área com cerâmicas indígenas
tupis-guaranis e ossos de animais e conchas de moluscos, além de grande concentração de
carvões, faianças portuguesas, porcelanas chinesas e telhas coloniais.
Também foram recolhidos objetos de africanos escravizados, como
defumadores de cerâmica. Para os arqueólogos, os achados são uma
evidência de que os grupos formadores da população carioca - índios,
negros e brancos – interagiram em um mesmo espaço nos primeiros séculos
da colonização.
Rua Primeiro de Março
Há fortes indícios de que a primeira casa que existiu no terreno tenha
pertencido a Manuel de Brito, nobre português que chegou ao Brasil com
Estácio de Sá, fundador da cidade. A partir do século XVII, a área
original foi dividida em lotes menores, passando a compor um quarteirão.
Em frente ao prédio dos Correios há marcas de estacas das casas de estuque do século XVI, estruturas
construídas de casas do século XVII, cachimbos nativos e africanos,
faianças portuguesas e espanholas dos séculos XVI, XVII e XVIII,
fragmentos de potes afrobrasileiros e europeus, balas de canhão e
cerâmica nativa.
Igreja de Santo Antônio e entorno
Num quarteirão de 100 metros quadrados, com três áreas, as escavações revelaram não apenas os hábitos de consumo dos moradores e
comerciantes que habitaram aquele pedaço da cidade, mas a própria
ocupação urbana. Naquela área, foram feitos muitos aterros de ruas. Foi encontrado o piso e parte das fundações da antiga
igreja, de 1811. Ossadas de 226 pessoas enterradas no antigo cemitério,
além de moedas do século XIX, ossos de boi, garrafas e vidros de
perfumes e de elixir e faianças.
Cine Plaza
Ao iniciar o trabalho na área do antigo Cine Plaza (construído na década
de 1930 e fechado desde os anos 1980), as equipes surpreenderam-se ao
achar as estruturas de um imóvel. Pelos registros históricos, concluíram
que se trata dos alicerces do Palacete de Antônio Araújo de Azevedo
(1754-1817), primeiro conde da Barca. O imóvel foi construído em 1811 e
demolido em 1937, após um incêndio. Ele veio para o Brasil na esquadra
que transportou a família real. Ao desembarcar no Rio, o conde trouxe na
Nau Medusa sua livraria, mais tarde adquirida pela Biblioteca Nacional;
uma tipografia completa, que deu origem à Imprensa Régia; uma rica
coleção mineralógica; além de instrumentos para estudo de química. Ele
se instalou na Ilha Larga d’Ajuda 42, hoje Rua do Passeio, onde montou
um laboratório de química.
É a cidade redescobrindo sua origem.
Fonte: GLOBO on line
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente! Seja bem-vindo!