O destino da imensa área entre o Aeroporto Santos Dumont e a Avenida Rui Barbosa começou a ser traçado em 1952.
Com o desmonte do Morro de Santo Antônio - derrubado para dar lugar à Avenida Chile, na região que hoje abriga os prédios da Petrobras e do BNDES - toneladas de entulho ficaram sem destinação.
Surgiu então a ideia de usar esse material para aterrar a área entre o Museu de Arte Moderna e as proximidades da Praça Paris, onde aconteceria, em 1955, o Congresso Eucarístico Internacional. A transferência do entulho prosseguiria até 1958, com o aterramento chegando próximo ao Catete.
Praia do Flamengo, sem aterro
Praia do Flamengo, sem aterro
O descampado chamou a atenção de Lotta Macedo Soares, que convenceu o então governador Carlos Lacerda a abandonar a ideia de fazer uma via expressa à beira-mar, com quatro pistas e uma mureta, e construir ali uma versão carioca do Central Park.
Foram dois anos para criar o conceito do parque e outros três na infraestrutura, que incluiu a construção de um emissário submarino e o aterramento com entulho da obra do Túnel Rebouças e areia do fundo da Baía de Guanabara (dragada com uma máquina semelhante à usada na abertura do Canal do Panamá).
Praça do Indio e ainda com os montes de terra, 1961
Praça do Indio e ainda com os montes de terra, 1961
No fim das contas, o Rio ganhou uma área de lazer de 1,2 milhão de metros quadrados com quadras polivalentes, campos de futebol, playground, anfiteatro, pistas de skate e de aeromodelismo, restaurante e marina. Sem falar nas 11.600 árvores, de 190 espécies diferentes.
Aterro do Flamengo recém inaugurado
Aterro do Flamengo recém inaugurado
Assinando isso tudo, uma espécie de who is who da arquitetura, urbanismo e paisagismo verde e amarelos: Afonso Reidy, Ethel Bauzer Medeiros, Jorge Moreira, Carlos Werneck de Carvalho, Sérgio Bernardes, Luiz Emygdio de Mello Filho e Hélio Mamede formaram o time inicial do Grupo de Trabalho para a Urbanização do Aterrado Glória-Flamengo. O ajardinamento foi encomendado a ninguém menos que Roberto Burle Marx.
Curiosamente, cerca de 40% do projeto tombado não estão prontos até hoje.
A área do parque, que hoje se estende até o início da Praia de Botafogo, teria, por exemplo, duas bibliotecas, que nunca foram construídas. E a atual Marina da Glória seria apenas um atracadouro.
A inauguração só aconteceria em 12 de outubro de 1965.
Oficialmente, trata-se de dois parques:
. parque Brigadeiro Eduardo Gomes (do Aeroporto Santos Dumont até o Monumento aos Pracinhas)
e o
. parque Carlos Lacerda (do Monumento aos Pracinhas ao Túnel do Pasmado).
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