sábado, 19 de março de 2016

As primeiras-damas de outros tempos, no Rio


Após o baixo nível e linguagem chula na fala telefônica recente, da última primeira-dama do nosso país - aliás um lugar comum familiar - vale lembrar de outras primeiras-damas brasileiras, de outra postura.



Nos bastidores do poder, algumas primeiras-damas brasileiras alçaram vôo , no Rio, durante o tempo como capital federal. Notabilizaram-se como intelectuais ou por seus trabalhos assistencialistas, saindo de trás da faixa presidencial dos maridos.

A goiana Mariana da Fonseca, a Dona Marianinha, casada com o primeiro presidente da República Federativa do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca (1989-91), foi a primeira a ocupar a figura feminina de imperatrizes e rainhas no alto posto da nação.


 Ainda na República Velha, a primeira cartunista do país, Nair de Teffé, também foi a única a se tornar primeira-dama durante o exercício do mandato de um presidente. Nair se casou com o Marechal Hermes da Fonseca (governou de 1910 a 1914), em dezembro de 1913, um ano após o militar ficar viúvo de sua primeira esposa, Orsina.

Nair de Teffé , caricaturista, tinha um comportamento avançado para a época, com seus saraus de música popular no Catete, causando escândalo na sociedade e assinava suas obras com o pseudônimo Rian - Nair ao contrário - reconhecida como  " senhora tão notável pela sua inteligencia como pela sua cultura".
Foi somente aos 73 anos que Nair voltou a fazer caricaturas. Escreveu seu livro de memórias aos 88 anos. Morreu em 1981, aos 95 anos. 



No Palácio do Catete, ocupado por Getúlio Vargas desde sua chegada ao poder com a Revolução de 30, Darcy  Vargas idealizou o primeiro projeto social implantado por uma primeira-dama. Em 1940, criou a Casa do Pequeno Jornaleiro com o objetivo de acolher e amparar os meninos que vendiam jornais nas ruas do Rio de Janeiro e não possuíam moradia. No início, a Casa era um internato onde os garotos moravam e estudavam. A instituição se adaptou e se transformou em um projeto educacional de complementação dos estudos de jovens.


Dois anos depois, dona Darcy criou a Legião Brasileira de Assistência (LBA), órgão público para ajudar as famílias dos soldados brasileiros que lutavam na Segunda Guerra Mundial.A instituição, que era presidida pelas primeiras-damas, com o fim da guerra, passou a ser uma entidade de apoio social a famílias com necessidades. 



Sarah Kubitschek, esposa de Juscelino Kubitschek,  “magra, tipo mignon, corpo bem feito, uma mulher decidida” -  como a descreveu um jornal da época -  dedicou - se a projetos assistenciais e criou a sociedade civil Pioneiras Sociais. Mas dizia -se “não sou uma supermulher”. Mas tinha uma personalidade forte, tanto que JK chegou a declarar que “às vezes tinha a impressão de que se casara com um tigre”. 

Inaugurou um novo tempo. Foi a  primeira a ocupar o Palácio do Planalto, a partir da inauguração de Brasília, em 1960.



Após a era JK e a renúncia de Jânio Quadros, chegava à presidência João Goulart, o seu vice, e com ele,  a considerada uma das dez mulheres mais bonitas do mundo, segundo a revista americana “People”:Maria Thereza Goulart. 


Comparada a Jacqueline Kennedy, Maria Thereza, foi primeira dama aos 21 anos - "Eu me dei conta que era a primeira-dama quando o avião da Varig pousou em Brasília. Fiquei apavorada." . 

Responsável pela fundação da sede da Legião Brasileira de Assistência (LBA) em Brasília, reformando o prédio e montando uma equipe. A LBA recebeu grandes doações, que serviram para organizar leilões em benefício da entidade.Apoiou, também, a então nascente alta costura brasileira, protagonizada pelo estilista Dener , que se tornou responsável pelo seu guarda-roupas.

Mas já era o tempo da nova capital Brasília, embora os grandes acontecimentos ainda fossem protagonizados no Rio de Janeiro.


Ser primeira-dama exige

"...uma capacidade de compreensão larga...
... A mulher de um presidente vive num aquário, exposta a tudo. É preciso que ela tenha uma contenção de palavras e gestos. Se for um pouquinho negligente pode criar problemas... uma vez primeira-dama, tudo muda...uma pessoa que passa por este posto, não tem sua própria vida"...

... disse Dona Sarah certa vez.

Ela morreu aos 87 anos, em 1996, na cidade do Rio, onde viveu, com sua postura,  discrição, educação e elegância.



Fontes: acervos O Globo e JB

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