segunda-feira, 6 de março de 2017

Isabel, a carioca


Nessa semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher,
destaco, aqui, uma grande carioca:
 Isabel Cristina Leopoldina Augusta
Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga
de Bourbon e Bragança

(posteriormente de Orléans e Bragança) .

Ou simplesmente
Princesa Isabel.

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A falta de respeito à verdadeira memória histórica, falta grave que vivemos, apagou durante muito tempo a real importância dessa mulher carioca.Só recentemente a História começou a lhe fazer justiça. A literatura voltada à trajetória pessoal da princesa sempre foi relativamente modesta e injusta.

Isabel foi uma mulher à frente de seu tempo ao defender, por exemplo, a reforma agrária, a educação pública universal e o sufrágio feminino. Foi também a primeira senadora do país e, após a morte de seu pai, o Imperador D.Pedro II, em 1891, recebeu, de jure, já em plena República, o título de Sua Majestade Imperial, Dona Isabel I, Imperatriz Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil.

Muitos a achavam  mandona, com personalidade forte. Mas era uma mulher bem humorada, o que é possível notar pela leitura de suas cartas aos pais. Depois, uma mulher determinada e apaixonada pelo marido.

A educação dentro de um regime patriarcal fez com que os estadistas, assim educados e acostumados, se vissem diante do impasse de ter que obedecer a uma mulher, que, segundo pensavam, seria incapaz de resolver certos problemas delicados seja por intransigência em questões de grande valor, ou transigência em outros casos.

Apesar das consequências seríssimas que causou, a Princesa assinou convicta a Lei Áurea.

Um excerto do Instituto Histórico de Petrópolis explica um pouco mais da luta da princesa:

"A Princesa Isabel, depois de uma luta insana contra os escravocratas, na qual ela precisou até derrubar o Gabinete de Ministros do Barão de Cotegipe, para poder nomear o abolicionista João Alfredo Corrêa de Oliveira e assim poder propor ao Parlamento a LEI ÁUREA e finalmente sancioná-la, depois deste desprendimento verdadeiramente heroico, pois sabia que a consequência seria a queda da Monarquia (o que de fato ocorreu um ano e meio depois). Arguida, já no exílio, que se adivinhasse que perderia o Trono, teria assinado a Lei? Respondeu: "Quantos tronos houvesse a cair, eu não deixaria de assiná-la.”

Após o golpe militar que destronou D. Pedro II, em 15 de novembro de 1889, muitos movimentos que exigiam a restauração da monarquia apareceram no Brasil. Alguns deles misturados a outras reivindicações, como foi o caso das duas Revoltas da Armada, ocorridas no início dos anos 1890. Nesse contexto, a Princesa Isabel, que estava exilada com a família em Paris, estaria cotada para assumir o trono, já que seu pai morrera na mesma cidade em 1891.

No entanto, Isabel preferiu evitar derramamento de sangue e resignou-se a não mais pretender ser Imperatriz do Brasil, como fica claro em um bilhete endereçado ao seu último chefe de gabinete, da Terceira Regência, João Alfredo:

''Meu pai, com seu prestígio, teria provavelmente recusado a guerra civil como um meio de retornar à pátria... lamento tudo quanto possa armar irmãos contra irmãos... É assim que tudo se perde e que nós nos perdemos..."

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