Não é ficção: antigos ‘palácios’ da sétima arte que há mais de década estavam fechados, sete cinemas de rua do subúrbio carioca serão reabertos até o fim do ano. O roteiro é de final feliz para moradores de Ramos, onde voltará a entrar em cena o Cine Rosário, Madureira (Cine Alfa), Rocha Miranda (Guaraci), Engenho Novo (Cine Santa Alice), Méier (Cine Bruni), Cachambi e Vaz Lobo — os últimos dois com cinemas que levam o nome dos bairros.

A pedido da RioFilme, empresa da prefeitura que promove o desenvolvimento da indústria audiovisual, a Subsecretaria de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura já está em fase de estudo de viabilidade econômica para reativação dos espaços. Assim que forem reabertos, os cinemas serão operados por uma empresa particular do ramo.


Atualmente, o Santa Alice e o Bruni funcionam como templos evangélicos; o Cachambi se transformou em mercado, e o Alfa, em loja de utilidades. Os demais, estão fechados e deteriorados.

Alguns deles:

CINE VAZ LOBO - Construído para receber 1,8 mil espectadores, foi inaugurado pela família Monteiro em 1941, com a presença da então primeira-dama da República, Darcy Vargas. Rosivainy Monteiro, uma das herdeiras, se orgulha de ainda morar no antigo prédio para protegê-lo.

Inauguração do Cine Vaz Lobo,
no dia 5 de janeiro de 1941

CINE GUARACI - Localizado na Rua Rocha Miranda, tinha a acústica perfeita, as escadas de mármore, a lotação para 1.379 lugares e os lanterninhas impecavelmente vestidos marcaram seu funcionamento, entre 1954 e 1989. Atualmente, o aspecto de abandono, com a fachada completamente depredada, incentiva movimentos para transformá-lo em espaço cultural. O primeiro filme ali exibido foi "A Bela Carlota".

Foto de 1950, no dia de sua inauguração


CINE ROSÁRIO - Localizado na Rua Leopoldina Rego, no bairro de Ramos, foi inaugurado em 1938. Em 1981 chegou a se chamar Cine Ramos. Quando surgiu, tinha capacidade para 1.442 lugares, número reduzido para 701 em 1981, quando fechou. Posteriormente, teve o espaço utilizado por um bingo e pela Boate Trigonometria.


aqui, o prédio já fechado e abandonado

Depois de resistir com sua fachada original, o Cine Vaz Lobo, inaugurado em 1941 e ponto de encontro do bairro por quase meio século, foi responsável agora pela mudança do traçado da Transcarioca (Barra-Galeão). Após movimentos em defesa do prédio, ele será preservado. O corredor expresso terá até estação perto do cinema.

Em memória de meu pai (Antônio Monteiro), que nunca alugou o prédio para igrejas, eu e meus irmãos defendemos a reabertura do cinema para fins culturais”, conta Rosivainy Monteiro, 44. Até hoje ela mora na parte superior do imóvel.

Ícones do entretenimento no passado, a maioria dos cinemas de ruas, com suas amplas acomodações e fachadas em ‘art déco’ (estilo surgido em 1920 na Europa), fechou suas portas entre as décadas de 80 e 90, com a expansão dos shoppings, igrejas e da violência urbana.


 fonte: reportagem de Francisco Edson Alves/ ODIAOnline
fotos: pesquisadas na internet



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