O Rio... que mora no mar
apresenta outra saborosa
crônica carioca.
apresenta outra saborosa
crônica carioca.
Do amigo do blog, Paulo Sallorenzo .
" Era década de 1950.
Poucos carros, ruas mal iluminadas e quase desertas, depois da meia noite.A moça andava sozinha. Sempre.
Bem feita de corpo, elegante porém modesta. Caminhava tranquila, sem rumo, olhando para baixo. E não adiantavam cantadas, assobios ou chamadas. Ela seguia em frente. Sem rumo.Procurava os lugares mais escuros. Atravessava as ruas correndo.Evitava a aproximação de pessoas.
As vezes parava, encostava a cabeça no muro. Parecia chorar.Ficava parada até alguém chegar e perguntar se precisava de algo, se estava sentindo alguma coisa.
Daí saia correndo, sem emitir som algum.
Mas numa noite, dessas de luar intenso, um grupo de rapazes resolveu abordar a garota, quando ela passasse pela Rua Sorocaba, perto da Gen. Polidoro. Alí havia terrenos baldios, casas, nada de prédios, só o Mercado das Flores na esquina e tudo muito mal iluminado. A não ser pela lua grandona.
Os rapazes moravam na Rua São João Batista. Era a turminha das madrugadas. Eles viam a garota passar sem dar a menor bola para eles. E quem sabe se depois de conversar um pouco, rolaria uma curra nos fundos de algum terreno vazio alí mesmo na Sorocaba?
Encontraram a garota na esquina da Rua Mena Barreto, ela caminhava no sentido da Rua Gen. Polidoro. Seguiram de perto, calmamente. Perguntaram se ela queria um cigarro.
Eram quatro rapazes. Dois foram mais a frente e cercaram a garota. Ela parou. Ficou imóvel. Um deles a puxou pelo braço e pode ver seu rosto. Rosto? Não. Ela não tinha rosto. Era descarnado. Olhos saltando como se fossem cair.
Os rapazes correram. Ela saiu caminhando mansamente em direção do muro do Cemitério. E o atravessou.
Essa estória corria solta, quando eu era criança.
Se aconteceu, não importa. Ficou na lembrança.
Virou historia."
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