CARNAVAL
Teve um tempo que era hábito passear na avenida Rio Branco, nos dias de carnaval.
Andar pra lá e pra cá. Era um footing.Pra lá se ía, ver as fantasias,a decoração da cidade, os blocos, rir com a ironia dos grupos.
Fiz muito isso na minha infância. Saía com o tradicional saquinho de filó, que ganhava, cheio de confete e serpentina e jogava ao longo do passeio em outras crianças - também recebia tantos outros - e era uma diversão.
Muitos personagens eram os mesmos.
Lá estavam eles na sua folia particular. Como... a mulher fazendo tricô, de pé, no Theatro Municipal.
Lá estavam eles na sua folia particular. Como... a mulher fazendo tricô, de pé, no Theatro Municipal.
Solitária, totalmente introspectiva, nada
olhava ao redor. Parecia que nada ouvia.Podia passar um super bloco e
sua bateria potente, mas ali permanecia ela a tricotar e olhar fixamente
as suas agulhas e sua linha. Sempre de cabelos presos, vestido, comprimento abaixo do joelho, de manga (fizesse o calor que fizesse) e lenço no pescoço.
Ficava em pé (!) no parapeito da lateral do teatro, pessoas ao seu redor .Não sambava, não cantava, não respondia a perguntas, brincadeiras.
Uma figura intrigante.
Eu a
vi ao longo de vários carnavais e até o final dos anos 60. Depois
passei a não mais ir à cidade no carnaval e um dia, por conta do ofício,
nos anos 70, trabalhando na estrutura do carnaval - passei pela Rio
Branco e dela me lembrei. Não estava mais lá.
Quem
era, porque fazia aquilo, nunca disse, nunca ninguém soube. Tentei
muitas vezes recuperar uma imagem dela, uma figura emblemática do
carnaval carioca e esse ano consegui. E resolvi compartilhar essas
memórias.
QUEM CONHECEU? QUEM LEMBRA?
QUEM CONHECEU? QUEM LEMBRA?
Neusa Silva ou Dona Neném.
ResponderExcluirPersonagens que ficaram prá trás.
ResponderExcluirE sem registro, vão sumir da memória.
Paulo, como vai? Meu marido era um apaixonado pelo carnaval da velha Cinelândia. Eu até desistia de ir com ele, porque durava muito tempo aquela contemplação de tipos bizarros e engraçados que passavam por ali. Um deles era a Mulher do Tricot, um mistério. Suas postagens, seu amor pelo Rio, são admiráveis. Fiquei feliz de reencontrá-lo. Um abraço.
ResponderExcluirMinha vó era amiga dessa senhora, elas desciam juntas o Borel para ir assistir ao carnaval. Minha vó diz que ela gostava de tricotar no ritmo da batida.
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