sábado, 28 de fevereiro de 2015

RIO 450...2


DOMINGO, 1° DE MARÇO,
NOSSA QUERIDA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
VAI COMEMORAR 450 ANOS. 


Pintura a aquarela de Elizabeth Dias



Em homenagem à data, ao longo dos próximos dias todos os posts falarão um pouco da visão em 1965, quando comemoramos 400 anos. Vale recordar!

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Em 1965,
 Juarez Galvão Ferreira
(engenheiro, escritor, teatrólogo, musicólogo, historiador do Rio),
redigiu um poema denominado
“Aos Fundadores”,
que vale hoje,
50 anos depois, recordar.


 Aos fundadores 

  Juarez Galvão Ferreira



Canto I - A Missão

São poucos os homens, mas são destemidos!

Perigo não há que lhes dome a vontade!

A missão que traziam, com sonhos crescidos,

Era entrar pela terra e fundar a cidade.

Às vezes alguns demonstravam receio,

Que os filhos da terra jurassem vingança.

Mas logo acudia, co' a voz em gorjeio,

José de Anchieta, ensinando a esperança.

A luz do cruzeiro era um guia luzente,

E então, que importavam Aimberê, Guaxará !

Tocados de fé, aguardavam somente

A voz de comando de Estácio de Sá !



Canto II - Um marco no Cara de Cão

Entraram na barra, do lado do oeste,

Um "graças a deus" se escutou como um brado.

Em março, a primeiro, cumpriram a lei:

Desceram à terra, ignota e agreste,

Fundaram a cidade, em nome do rei !

Roçaram a terra, cortaram madeira.

"pensar em perigos, ninguém é capaz"

Do chefe as palavras fizeram bandeira:

"da instância não haja fazer pé atrás"!

Bem cedo fizeram humilde capela,

Lá junto do morro da "cara de cão".

Deixaram p'rá sempre o povo à tutela

Do santo e do mártir, São Sebastião!



Canto III - O Confronto

Que lutas tiveram! Que fome passaram!

Zuniam dos índios as flechas certeiras,

E tiros se ouviam, de algum arcabuz!

Na terra e no mar assaz pelejavam,

Deixavam à mostra as almas guerreiras,

Ornadas de escudos em forma de cruz !

Dois anos tiveram de lutas cruéis.

Dois anos buscaram a vitória final.

E até as saudades no peito escondiam,

Contanto que ao rei ficassem fiéis.

Por trás da tranqueira de seu arraial,

Guardavam o inimigo,mas não o temiam



Canto IV - Guanabara de sangue

Em meio a esta luta, tão dura e tão má,

Recebem de longe o auxílio almejado:

Chegava a armada em que vem Mem de Sá,

Trazendo o reforço a tanto esperado !

Dois dias depois, a luta começa:

Com dois batalhões, atacam a trincheira

Que tem por comando Birá - u - açu.

Se tinem espadas, as setas sibilam,

De ambas as partes a alma guerreira

Estruge no peito, indômito e nu !

Estrondam pelouros, e aos gritos de guerra

O chão vai ficando de sangue marcado

De tantos heróis ! Que importa, porém,

Se o fim colimado é a posse da terra !

No instante final, com o forte tombado,

Estácio tombara, ferido também !
   
Canto V - O Fundador

Em tosca choupana, Estácio morreu.

Certeira flechada ferira-lhe a face.

Suave perfume, a alguns pareceu

A bênção divina, no seu desenlace.

Ninguém percebera, nas mãos bem guardada,

Do bravo, do heróico, do audaz capitão,

Pequena semente, coberta de louros,

Que junto ao seu corpo seria plantada.

A flor que brotasse teria um pendão:

"fundar a cidade, de exemplo aos vindouros !"

Por todos os séc'los o sonho estará

Presente na alma de um povo presente,

Nascido na flama de audaz combatente,

Regado c' o sangue de Estácio de Sá ! 


Juarez Galvão Ferreira,
nascido em Fortaleza / CE em 14/10/1919, veio para o Rio num “Ita” em 1927, concluiu o ginásio no Colégio São Bento, em 1938, formou-se em Engenharia Civil em 1943, na antiga Escola Nacional de Engenharia (hoje UFRJ). Foi também escritor, musicólogo, discófilo, bibliófilo, teatrólogo. Foi empresário privado, ingressou por concurso no antigo Depto Nacional de Portos (depois Portobrás) e presidiu por 11 anos a Companhia Brasileira de Dragagem. Foi casado com a professora primária Maria Luiza Cordeiro Dias Ferreira, falecida em 06/09/1996. O casal teve apenas um filho, Gil Cordeiro Dias Ferreira, Oficial de Marinha e Administrador.
Juarez faleceu em 20/10/2007, aos 88 anos.

Um comentário:

  1. Prezada Elizabeth, muito me sensibilizou essa magnífica homenagem que você acaba de prestar a meu pai, falecido em 2007. Muito obrigado! Viva o Rio de Janeiro!

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