DOMINGO, 1° DE MARÇO,
NOSSA QUERIDA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
VAI COMEMORAR 450 ANOS.
Pintura a aquarela de Elizabeth Dias
Em homenagem à data, ao longo dos próximos dias todos os posts falarão um pouco da visão em 1965, quando comemoramos 400 anos. Vale recordar!
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Em 1965,
Juarez Galvão Ferreira
(engenheiro, escritor, teatrólogo, musicólogo, historiador do Rio),
redigiu um poema denominado
“Aos Fundadores”,
que vale hoje,
50 anos depois, recordar.
Aos
fundadores
Juarez Galvão
Ferreira
Canto I - A
Missão
São poucos os homens, mas são
destemidos!
Perigo não há que lhes dome a
vontade!
A missão que traziam, com sonhos
crescidos,
Era entrar pela terra e fundar a
cidade.
Às vezes alguns demonstravam
receio,
Que os filhos da terra jurassem
vingança.
Mas logo acudia, co' a voz em
gorjeio,
José de Anchieta, ensinando a
esperança.
A luz do cruzeiro era um guia
luzente,
E então, que importavam Aimberê, Guaxará
!
Tocados de fé, aguardavam
somente
A voz de comando de Estácio de Sá
!
Canto II -
Um marco no Cara de Cão
Entraram na barra, do lado do
oeste,
Um "graças a deus" se escutou como um
brado.
Em março, a primeiro, cumpriram a
lei:
Desceram à terra, ignota e
agreste,
Fundaram a cidade, em nome do rei
!
Roçaram a terra, cortaram
madeira.
"pensar em perigos, ninguém é
capaz"
Do chefe as palavras fizeram
bandeira:
"da instância não haja fazer pé
atrás"!
Bem cedo fizeram humilde
capela,
Lá junto do morro da "cara de
cão".
Deixaram p'rá sempre o povo à
tutela
Canto III -
O Confronto
Que lutas tiveram! Que fome
passaram!
Zuniam dos índios as flechas
certeiras,
E tiros se ouviam, de algum
arcabuz!
Na terra e no mar assaz
pelejavam,
Deixavam à mostra as almas
guerreiras,
Ornadas de escudos em forma de cruz
!
Dois anos tiveram de lutas
cruéis.
Dois anos buscaram a vitória
final.
E até as saudades no peito
escondiam,
Contanto que ao rei ficassem
fiéis.
Por trás da tranqueira de seu
arraial,
Guardavam o inimigo,mas não o
temiam
Canto IV -
Guanabara de sangue
Em meio a esta luta, tão dura e tão
má,
Recebem de longe o auxílio
almejado:
Chegava a armada em que vem Mem de
Sá,
Trazendo o reforço a tanto esperado
!
Dois dias depois, a luta
começa:
Com dois batalhões, atacam a
trincheira
Que tem por comando Birá - u - açu.
Se tinem espadas, as setas
sibilam,
De ambas as partes a alma
guerreira
Estruge no peito, indômito e nu
!
Estrondam pelouros, e aos gritos de
guerra
O chão vai ficando de sangue
marcado
De tantos heróis ! Que importa,
porém,
Se o fim colimado é a posse da terra
!
No instante final, com o forte
tombado,
Estácio tombara, ferido também
!
Canto V - O
Fundador
Em tosca choupana, Estácio
morreu.
Certeira flechada ferira-lhe a
face.
Suave perfume, a alguns pareceu
A bênção divina, no seu
desenlace.
Ninguém percebera, nas mãos bem
guardada,
Do bravo, do heróico, do audaz
capitão,
Pequena semente, coberta de
louros,
Que junto ao seu corpo seria
plantada.
A flor que brotasse teria um
pendão:
"fundar a cidade, de exemplo aos vindouros
!"
Por todos os séc'los o sonho
estará
Presente na alma de um povo
presente,
Nascido na flama de audaz
combatente,
Regado c' o sangue de Estácio de Sá !
Juarez Galvão Ferreira,
nascido em Fortaleza / CE em 14/10/1919, veio para o Rio num “Ita” em 1927, concluiu o ginásio no Colégio São Bento, em 1938, formou-se em Engenharia Civil em 1943, na antiga Escola Nacional de Engenharia (hoje UFRJ). Foi também escritor, musicólogo, discófilo, bibliófilo, teatrólogo. Foi empresário privado, ingressou por concurso no antigo Depto Nacional de Portos (depois Portobrás) e presidiu por 11 anos a Companhia Brasileira de Dragagem. Foi casado com a professora primária Maria Luiza Cordeiro Dias Ferreira, falecida em 06/09/1996. O casal teve apenas um filho, Gil Cordeiro Dias Ferreira, Oficial de Marinha e Administrador.
Juarez faleceu em 20/10/2007, aos 88 anos.
Prezada Elizabeth, muito me sensibilizou essa magnífica homenagem que você acaba de prestar a meu pai, falecido em 2007. Muito obrigado! Viva o Rio de Janeiro!
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