70 ANOS!
Gilberto Gil chegou em junho, Caetano Veloso em julho, Milton Nascimento em outubro e em novembro, Paulinho da Viola.
Muito se falou desses quatro compositores da nossa MPB.
Mas infelizmente a grande midia se esqueceu de dar o mesmo destaque ao compositor Nei Lopes, que também completou 70 anos.
Nei Lopes é um grande retrato da memória carioca.
Foi na convivência familiar, nas festas realizadas no bairro e no contato com os tipos populares do subúrbio de Irajá que veio o interesse para a música. Não apenas a arte como entretenimento, mas como ação política, herança do pai, o pedreiro Luiz Brás Lopes, fundador do Grêmio Pau-Ferro.
Nos anos 60 viveu entre as escolas de samba e as discussões acadêmicas na Faculdade Nacional de Direito, aprendendo a valorizar os contrastes presentes em toda a sua obra, onde o passado e o presente reclamam pontos de encontro e de diálogo. Esta estética, Nei Lopes levou tanto para o samba quanto para a literatura
.
Em 1972, nasceu o sambista com o samba Figa de Guiné, parceria com Reginaldo Bessa e gravação de Alcione. No mesmo ano, Nei visita o Senegal. O contato com as matrizes culturais africanas o aproxima mais do Brasil. Dois anos depois, Nei compartilha este sentimento com mais dois criadores da MPB: Wilson Moreira e Candeia.
Nei possui um olhar social inquieto, irônico e crítico. A partir dos anos 80 começou a dividir sua criação entre a música e a literatura, onde reflete sobre memória e identidade nos livros Incursões sobre a Pele e Casos Crioulos, entre outros. Os caminhos da pesquisa o levaram às obras-primas: Dicionário Banto do Brasil e Enciclopédia da Diáspora Africana no Brasil.
Compositor, cantor, escritor, pesquisador, advogado e administrador ele é capaz de unir o rigor acadêmico à criatividade popular.
Programa Musicograma, TV Brasil - reprodução
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