sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Apesar do dia da árvore ser comemorado, no Brasil, no dia 21 de setembro, data que marca a entrada da primavera, devemos ter em mente que TODO DIA É DIA DA ÁRVORE!

Daí que desde já saudamos, com respeito, nossa companheira, com uma crônica do mestre Artur da Távola

" Chamo a sua atenção para os fícus -ficus microcarpa- de nosso Rio de Janeiro, árvore recatada, silenciosa, folha pequena, sem o charme da flor, da categoria de seres que prodigalizam amor em sadio anonimato; quanta gente nem sabe que árvore é o fícus!...
Mas ele existe, há séculos, e o Rio guarda alguns dentre os belos e vetustos exemplares de fícus. É árvore de vestes monacais. Despiu-se de vaidades mundanas. Existe para pássaros e sombra, produzindo, porém, para apreciadores especiais, a maior das delícias: as suas bolinhas portadoras das sementes (quase sempre caídas sobre o cimento da cidade grande). São pequenos figos, de onde advém o nome latino "fícus". Eles propiciam a deliciosa sensação de ir pisando as bolinhas que estalam ao peso do corpo, saborosa sensação de pisar crocante.
Mas se o amigo leitor ou doce leitora gostou do fícus e sua missão de servir e sombrear silente, após vê-los um a um pela Rua São Clemente ou Praia de Botafogo, Avenida Rui Barbosa e Praia do Flamengo, nesta, ao chegar na esquina da Rua Silveira Martins, olhe para o ângulo final do Palácio do Catete e que confina com a citada rua, ao lado do Hotel Novo Mundo. Ali esplende outra junção notável de fícus, responsável por visual denso, forte, generoso, prova da beleza introvertida desta árvore, benfeitoria anônima do Rio.
E, se por acaso for tão doido quanto o cronista e capaz de tanto amar o fícus caladão, saia, então, do bairro e vá para o lugar onde, em silêncio, estão os fícus mais severos e belos do mundo: a Praça da República, o Campo de Santana. Lá imperam, republicanos e centenários, fícus sublimes. Vetustos sacerdotes! Repare-lhes o tronco torcido pelas angústias do viver. Medite sobre as copas descomunais, prodigalizando ajuda, a despeito das dores e desilusões da casca de seu tronco. Consulte a si mesmo, sobre o significado daqueles
zilhões de minúsculas folhas lustrosas, alheias a espalhafato. Descobrirá, então, a lição de vida desse monge vegetal. "

Crônica extraída do livro virtual Rio, um olhar de amor. Faça download gratuito do e-book no site E-BOOKS MAYTÊ.

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