quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Continuando a falar da Lagoa




O terreno onde existiu a favela da Catacumba - hoje parque - foi ocupado por uma chácara durante todo século XIX e sua proprietária, a Baronesa Rodrigo de Freitas, transferiu a posse das terras para seus escravos.

Mas a explicação do nome Catacumba tem origem em tempos ainda mais remotos: o local foi usado, pelos índios, como cemitério. Daí veio o nome Favela das Catacumbas, que depois perdeu os s.No entanto, nunca houve confirmação sobre possíveis esqueletos encontrados na região.

Por volta de 1925, o Estado dividiu a Chácara das Catacumbas em 32 lotes e os primeiros barracos da futura favela começaram a ser erguidos ainda nos anos 30. Mas a explosão demográfica só aconteceu mesmo na década de 40, com a chegada de uma leva de migrantes vindos, principalmente, do estado do Maranhão.

A Catacumba tinha 15 acessos e cerca de 1.500 barracos, a maioria de madeira. Não existia serviço de água potável na comunidade. Para os moradores, o dia começava cedo nas 15 bicas públicas que existiam já perto do asfalto.

Por ali passava o ônibus elétrico da linha 16, Largo do Machado-Ipanema, via Copacabana (circular), no começo da década de 1960. Segue, abaixo, mais uma vez a foto da coleção Marcelo Almirante .








Seus moradores foram removidos para o conjunto habitacional do subúrbio, Guaporé-Quitungo.

Outra favela que margeava a Lagoa era a favela da Praia do Pinto.




foto- Arquivo Nacional / reprodução 


Considerada a maior favela horizontal de então, era formada por moradores que viviam no terreno da família Gomes de Mattos, correspondente à Chácara do Céu, na encosta do morro Dois Irmãos, por trás do Hotel Leblon.


Por volta de 1935, a Companhia de Terras do Leblon, de propriedade da família, loteou o terreno e transferiu os moradores para um sítio próximo à Lagoa e ao campo do Clube de Regatas do Flamengo, onde mais tarde também se juntaram migrantes nordestinos e tantas outras pessoas.


Com barracos de madeira e teto de zindo, sem higiene, conforto ou água, bichos soltos - porcos, galinhas - com dejetos correndo livremente por valas e sulcos cavados no solo do antigo areal, ali, na Praia do Pinto - anteriormente Praia do Zé do Pinto - a favela resistiu até 1969 quando, antes de sua remoção, desapareceu depois de um incêndio. No seu lugar foi erguido um conjunto de prédios, conhecido como Selva de Pedra, nome dado devido a uma novela da tv, à época de sua construção.


Duas curiosidades sobre a Lagoa:

. foi cenário de uma chachada:

Rico Ri à Toa, em1957, com Zé Trindade - e Violeta Ferraz, direção de Roberto Farias e música de Sivuca - como um motorista de táxi morador da Catacumba, que acha uma mala com milhões de cruzeiros e acaba mudando de vida. Só que não sabe que o dinheiro é de um assalto a banco.






. seria cenário de um projeto ousado:

Em 1935, o arquiteto Lucio Costa sugeriu ao Ministro da Educação, Cultura e Saúde Pública, Gustavo Capanema, a construção da Universidade do Brasil na própria Lagoa, em prédios flutuantes.
Não vingou!





Um comentário:

  1. Que imagem incrível, em cores ainda por cima! Deve ser de 1969, altura da construção do Posto.
    Saberia indicar a fonte de onde retirou a fotografia?
    Obrigado

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